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“Os caminhos interdimensionais são as veias através das quais a magia flui. Atravessar os caminhos interdimensionais é desafiar os limites da existência. A magia que permeia essas passagens é tanto um perigo quanto uma promessa de conhecimento.”

Misteriosos inscritos no templo da Adaga Arcana. Sem autor identificável.


Enquanto Harley estava no veículo, este começou a acender algumas luzes e mover-se autonomamente, indicando que Doravan estava remotamente enviando comandos ou controlando-o diretamente. Rapidamente, o jovem retornou ao Departamento de Ciência e Tecnologia.

Ao chegar, Doravan o recebeu sem cumprimentos, agindo com a praticidade que sempre o caracterizava. Em suas mãos, segurava um pequeno objeto quadrado e luminoso que projetava imagens de forma peculiar. 

Ao contrário de um espelho que reflete imagens do ambiente circundante, esse objeto projetava imagens novas e únicas, com dimensões e profundidade impressionantes. 

As imagens emanavam do pequeno objeto, pairando acima dele com um brilho intenso. Sua vivacidade era tão impressionante que pareciam transcender a realidade, quase tangíveis aos olhos de Harley.

Com um gesto rápido, Doravan mostrou ao jovem as imagens da Guardiã Sombria fugindo da Academia de Combate Tradicional em chamas, acompanhada por seu exército de sombras, carregando armas de todos os tipos. 

Em seguida, as sombras desapareceram, retornando à Guardiã Sombria, que subiu em um Dragão de Sombras e aumentou sua velocidade de fuga.

Enquanto observava as imagens, Harley refletia sobre a magnitude dos instrumentos únicos de controle e observação do Mundo Mágico que o dono do Departamento de Ciência e Tecnologia possuía. 

Será que as pessoas deste mundo tinham conhecimento de tudo isso? E, mais importante ainda, o que isso implicava sobre o poder oculto de Doravan nesta sociedade?

A academia de Ciência e Tecnologia parecia estar em um estado de abandono e subestimação, sem o reconhecimento e os créditos devidos. Essa discrepância levava Harley a questionar como uma instituição tão crucial para o entendimento e controle do mundo mágico poderia ser menosprezada em relação às outras divisões de poder desta sociedade. 

Seria uma questão de desconfiança em relação à ciência e à tecnologia, ou havia forças mais obscuras em jogo, manipulando os rumos da sociedade em benefício próprio?

Os questionamentos mentais do jovem cessaram abruptamente, assim como as imagens, que agora permaneciam estáticas diante da pergunta do velho professor, que estava atentamente observando as reações de Harley.

— Você a conhece? — indagou Doravan, focando nas conexões que seu interlocutor pudesse ter.

— Sim, ela estava me perseguindo antes de eu vir para cá — respondeu Harley, sem hesitação.

— Você também pode manipular sua Energia Sombria como ela? — questionou Doravan, com um tom de curiosidade perceptível em sua voz.

Harley respondeu sem hesitação:

— Não!

Ele ainda não havia tido a oportunidade de explorar suas habilidades ou testar seus limites. Desde que sua energia se transformara, manifestando-se em seu braço artificial negro, ele se mantivera cauteloso, consciente de que suas habilidades mágicas deveriam permanecer ocultas nesse novo mundo. 

Harley desejava passar despercebido, evitando chamar a atenção até que pudesse entender seu novo estado e traçar um plano.

Os perigos e desafios do passado o haviam impulsionado em uma direção, mas agora ele ansiava por um momento de calma para decidir seu próximo passo. Sem um impulso externo, o jovem queria ter a liberdade de fazer escolhas sem sentir-se forçado em uma direção específica.

Ao tentar criar um constructo de energia, Harley percebeu que suas habilidades haviam desaparecido. Doravan, observando seus movimentos frustrados, perguntou:

— Algum problema?

Harley, desesperado com a constatação da perda de suas habilidades de manipulação da energia mágica, respondeu: 

— Não conseguia mais manipular minha Energia Sombria.

Doravan aguardou, atento observando o jovem e suas implicações.

Harley, sem ponderar as consequências de suas palavras, prosseguiu:

— Minha Energia Mágica Branca… ela costumava me permitir criar constructos de energia. Mas agora… foi substituída por Energia… Negra! E estranhamente, eu não conseguia mais fazer nada.

Doravan observou Harley mais uma vez em silêncio, ponderando sobre a situação. Finalmente, após refletir, ele disse:

— Posso fazer algumas medições em sua energia mágica?

Ele assentiu, desesperadamente agarrando-se à esperança de encontrar uma explicação para sua perda. Para ele, parecia absurdo estar nesta nova realidade sem habilidades, especialmente após ter experimentado um poder tão significativo no Mundo Sombrio. A perda de sua Energia Branca, que o ajudara no passado e representara sua evolução, era perturbadora.

Doravan começou a análise e medição da Energia Sombria de Harley. O dispositivo usado consistia em uma série de antenas em forma de espiral dispostas em torno de um núcleo central, que brilhava com uma luz azulada.

Enquanto ele observava com curiosidade, Doravan ajustava os controles e iniciava o processo de medição. O equipamento emitia zumbidos e cliques suaves enquanto realizava varreduras através de aneis de luzes cintilantes que percorriam o corpo de Harley

De repente, o objeto quadrado e luminoso que o professor segurava começou a emitir uma luz intensa, e novas imagens começaram a se formar acima dele. As imagens pareciam ser uma grande equação de dados, com signos e símbolos estranhos que se moviam e se transformavam constantemente.

Doravan rapidamente tomou notas na projeção, adicionando novos dados e suprimindo outros enquanto ajustava os controles do dispositivo. Seus movimentos eram precisos e decisivos, indicando uma profunda concentração e interesse nas revelações que se desdobravam diante dele.

— Sua energia mágica cria uma aura quase indetectável que proporciona uma proteção adicional ao seu corpo. No entanto, o mais fascinante não é isso.

O líder do Departamento de Ciência e Tecnologia parecia como uma criança que encontrou um pote de doces, concentrado nas medições, refazendo os cálculos e as medições como se duvidasse do que estava vendo. Ele continuou falando sem desviar o olhar de suas descobertas:

— Eu nunca consegui prova de que a energia mágica poderia ser mutável e poderia evoluir — disse Doravan, mais para si mesmo do que para seu interlocutor — vou ter que refazer boa parte de minhas especulações e hipóteses. 

Harley olhou para o professor, sem entender completamente o que estava acontecendo. Ele se sentia confuso e um pouco perdido, mas ao mesmo tempo, esperançoso de que Doravan pudesse oferecer alguma explicação para sua situação.

O professor voltou sua atenção para o jovem e continuou a falar, parecendo ignorar a confusão do jovem:

— Começamos a entender mais sobre as dimensões quando descobrimos que os ossos dos dragões guardam resquícios de energias vindas de outras realidades — explicou Doravan. 

Ao notar a expressão de Harley, ele tentou simplificar ainda mais:

— Uma dimensão é mais do que apenas um mundo físico ou uma realidade perceptível. Na verdade, ela abrange todo o espectro de possibilidades e existências. Imagine cada dimensão como uma camada sobreposta de realidade, cada uma com suas próprias leis físicas, estruturas e formas de vida. 

Doravan fez uma breve pausa, fixando seu olhar no jovem, que parecia fascinado com as explicações. Em seguida, ele prosseguiu com ainda mais entusiasmo:

— Existem múltiplas dimensões, algumas tangíveis e acessíveis, enquanto outras permanecem além do alcance da compreensão humana, apenas vislumbradas por meio da magia que é como denominamos as energias que possuem comportamentos e poderes distintos dos encontrados em nosso próprio mundo.

Doravan interrompeu sua explicação, observando novamente as reações de seu interlocutor para determinar se o jovem estava preparado para receber mais informações. 

Já Harley, diante do silêncio que se formou, seguia a linha de pensamento de Doravan. Lembrou-se de como se transformou em uma forma de Energia Sombria, uma entidade além da compreensão física. Lembrou-se de como naquele mundo, ele havia transcendido as limitações do corpo humano, imergindo em uma existência que desafiava as concepções convencionais de espaço e tempo.

Ao pensar nisso, ele começava a entender que uma dimensão não era apenas um lugar físico, mas sim um estado de ser, uma realidade além daquilo que os sentidos humanos podiam perceber. Era como se cada dimensão fosse um véu que separava diferentes aspectos da existência, cada um com suas próprias leis e possibilidades únicas.

Com esses pensamentos girando em sua mente, Harley olhou para Doravan com uma nova apreciação e o velho entendo como um sinal de assimilação mental continuou: 

— Então, imagine que existem múltiplas dimensões por aí, algumas que podemos alcançar, outras além da nossa compreensão. E é na magia que encontramos a ponte… a ligação entre esses mundos diferentes, cada um com seus próprios comportamentos e poderes, completamente distintos dos que conhecemos por aqui.

Enquanto assimilava mais esses pensamentos, Harley percebeu que as dimensões eram como peças de um quebra-cabeça cósmico, interconectadas de maneiras complexas e imprevisíveis. 

— Então a Energia Branco era de uma dimensão e a Energia Sombria atual é de outra dimensão? — perguntou Harley querendo confirmar se tinha seguido a trilha correta na absorção das explicações. 

— Sim. E essa Energia Branca provavelmente pertence a uma dimensão hipotética que eu chamo de ‘dimensão da luz’. Baseado em minhas pesquisas sobre outras dimensões, essa dimensão poderia possibilitar poderes de criação e reparação.

Doravan, após entender e verificar o estado de Harley, propôs avançar para os próximos passos:

— Ainda temos muito tempo para conversar sobre isso, mas no momento temos algo urgente. Sem Aurora, vou precisar da sua ajuda para partir em uma captura da terrorista — expressou ele. 

Harley, atento às expressões de do professor, procurou por indícios de suas intenções, mas não percebeu mudanças sutis, ao contrário do brilho peculiar que emanava quando ele discorria sobre teorias e magias. Doravan prosseguiu: 

— Cada escola está enviando uma equipe de captura. Eu preciso de alguém em campo para essa missão. Você poderia me ajudar?

A solicitação do líder do Departamento de Ciência e Tecnologia não era meramente um gesto de cortesia para Harley. Ele compreendia que seria avaliado e estudado durante todo o processo. 

Contudo, a realidade de enfrentar a incerteza de estar em um mundo desconhecido, a urgência em obter mais informações e a oportunidade de confrontar um inimigo pessoal eram motivos que não podiam ser ignorados. No entanto, havia algo mais pesando em seus ombros: a perda de Milenium. 

Mesmo que tentasse negar, as chamas e a destruição da Academia de Combate Tradicional deixavam claro o trágico desfecho. Um amargor de luto se misturava à sua existência, um pesar por alguém que mal conhecia, mas cuja ausência o afetava profundamente.

Era como se o destino lhe tivesse arrancado uma possibilidade, uma chance de um futuro que agora parecia inalcançável. Essa perda prematura impulsionava ele a agir, a não permanecer passivo enquanto a Guardiã Sombria mais uma vez lhe arrancava algo valioso. E sem muitas ponderações, Harley chegou a uma decisão: comprometer-se com a missão.

Com a resposta afirmativa do jovem, Doravan sorriu e completou: 

— Mas antes de irmos, teremos que escolher algumas armas para você, pois em seu estado sem magia, você não será muito útil. 

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Olá, eu sou Val Ferri Sant. Ana!

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