Selecione o tipo de erro abaixo

Tradutor: Asu | Editor: Asu

Ao invés de virotes paralisantes, o Relampejo atira setas crepitando com raios. A seta, que voou com um som faiscante, foi o bastante para chamar a atenção da falange aliada, bem como dos gnolls que estavam sob ataque.  Além disso, a besta não atirou apenas um virote — mas sim três. Graças à sua peculiar capacidade de disparo, era como se rajadas de relâmpago estivessem a voar pelos céus.

Os gnolls atingidos pelas setas tombaram, como se tivessem sido golpeados pelo martelo de um Gigante. E ao que Siri e os guerreiros da legião de Uller começaram a atirar seus com suas bestas, parecia que uma chuva de guerreiros estava desabando sobre a cabeça das criaturas.

“Se mexam!” gritou Siri.

Ela começou a guiar os guerreiros adiante. Seu plano era que o grupo atuasse como uma cavalaria leve, encarregada de sobrecarregar os inimigos com chuvas de flechas.

Tae Ho se manteve próximo de Siri, olhando para sua besta. Parecia que um gatilho havia sido acoplado ao cabo da espada, então a pegada era um tanto incomoda; diferia de uma besta comum. Entretanto, ela era poderosa o bastante para que esse pequeno defeito pudesse ser ignorado.

“Disparem!”

No momento em que Siri deu a ordem, os guerreiros começaram a atacar e os gnolls agrupados morreram sem nem mesmo retalhar. Eles conseguiram derrotar três grupos dessa forma.

“Capitã, não temos mais como avançar!” gritou Rolph.

Era algo compreensível. Em primeiro lugar, eles não estavam em um lugar amplo, como uma planície. A cavalaria não foi feita para cavalgar em um local tão fechado, então inevitavelmente haveria uma restrição em seus movimentos quando tentassem flanquear os inimigos.

“Iremos nos agrupar com a legião de Odin!”

A decisão de Siri foi rápida, determinando a direção que eles tomariam. Tae Ho ajudou a limpar a vanguarda inimiga que barravam a passagem usando seus virotes de relâmpago e, ao invés de bestas, os guerreiros de Uller se armaram com suas espadas. Eles se apressaram de imediato.

“Val! Ha! La!” gritavam eles.

Já podiam ver a legião de Odin e Rasgrid sendo atacados pelos gnolls. Algumas das criaturas, mais do que uma centena, se viraram para confrontá-los.

“Parede de escudos!”

Os guerreiros montados nos cavalos ergueram seus escudos. Houve uma saraivada de flechas e grande parte delas atingiu a proteção, mas algumas feriram os cavalos — dois morreram.

Siri, entretanto, não retardou sua velocidade. Os guerreiros que estavam montados nos cavalos mortos pularam, pousando sobre o chão com um baque audível. Eles, então, começaram a correr.

A investida da cavalaria atingiu a retaguarda inimiga. Siri guiou a tropa em uma reta diagonal para tirá-los do alcance hostil e então pulou de seu cavalo. Embora a mobilidade de um equino fosse preciosa, a maioria dos guerreiros de Valhalla estava acostumada a lutar desmontada.

Quase todos os guerreiros imitaram Siri e pularam de seus cavalos. No entanto, Tae Ho decidiu olhar para outro lugar ao invés de segui-los. Ele notou algumas palavras em verde, bastante familiares, no meio da ala dos guerreiros de Odin.

Rasgrid
Legião de Odin

Kyaak!”

Harpias, grasnando, descenderam dos céus e começaram a atacar os guerreiros do deus caolho. A legião de Uller, liderada por Siri, juntou-se às alas da legião de Odin e, juntos, enfrentaram os inimigos na vanguarda e acima deles, resistindo tanto quanto podiam. E, embora os gnolls estivessem na ofensiva, a moral das criaturas estava baixa, como uma onda que teve seu fluxo quebrado por um molhe((É um paredão nos portos marítimos, a modo de cais, destinado a proteger das ondas do mar as embarcações, podendo dispor de berços para atracação; quebra-mar.)).

Tae Ho observou o campo de batalha. Este lugar enorme, descrito como um resquício da Grande Guerra, tinha o formato de um vale.

‘Por quê?’, pensou.

Dúvida assolou Tae Ho, e não apenas pelo formato da região. Era por conta do desdobramento dos gnolls, espalhados em todas as direções e reunidos em pequenos grupos. Graças a isso eles estavam suscetíveis a investidas, mas era algo estranho — de que forma eles haviam chego ao campo de batalha para estarem assim, tão dispersos?

Tae Ho arregalou os olhos. Ele já sabia a resposta. Ouvindo o grasnar das harpias, ele olhou para o céu reflexivamente.

Chuva de Aço.

Não era igual ao método empregado por Valhalla, mas era similar. Bastante óbvio, também. Eles já lutavam contra os guerreiros de Valhalla havia muito tempo, então era de se esperar que aprendessem alguma coisa.

Enormes rochas cobertas em luz vermelha caíram no chão consecutivamente. Assim que aterrissaram, elas incharam e explodiram. Monstros começaram a sair de dentro delas — gnolls gigantes e criaturas semelhantes a orcs; a pele delas era cinzenta. Talvez os inimigos tivessem entendido que gnolls comuns não ganhariam a batalha.

Eles terem descendido dos céus significava que alguém estava por trás, os enviando. Tae Ho olhou para o céu, mas parecia que essa existência desconhecida estava acima das nuvens ou os tinha enviado de um lugar tão longe que não podia sequer ser vista.

“Oh! Odin.”

Os guerreiros de Odin evocaram o nome de seu deus naquele campo de batalha brutal. Ao invés de se desesperarem com o chegada de reforços inimigos, eles começaram a lutar com ainda mais ferocidade.

A valquíria Rasgrid não perdeu a compostura. Os guerreiros de Rank Mínimo não eram os únicos enviados naquela expedição. A grande maioria dos guerreiros de Rank Inferior da legião de Odin, já bastante experientes, também foram chamados. Mesmo enfrentando gnolls gigantes, eles ainda conseguiriam reverter a situação com facilidade.

Mas o inimigo simplesmente ficaria quieto após enviar todas aquelas tropas?

Rasgrid ergueu a cabeça e olhou para o céu, então soltou um suspiro.

“Dispersem! Esvaziem o centro!” seu grito ecoou como um silvo.

Os guerreiros também olharam para o céu. Uma sombra cobria suas cabeças; era um pedregulho vermelho enorme, coberto em chamas, despencando dos céus no meio da legião de Odin.

O Gigante da Força, Harad, era muito diferente do Gigante das Trevas, Avalt. Ambos serviam ao Rei Mago, mas suas personalidades eram quase que completamente opostas.

A falha de Avalt alegrou o coração de Harad. Para o gigante, era óbvio que aquilo aconteceria; seu odiado aliado sempre gostou de planejar as coisas por trás das cortinas, como se fosse um rato. Portanto, Harad pretendia se aproveitar do infortúnio de Avalt utilizando um método muito mais certeiro e poderoso.

Por que ele deveria se preocupar em seduzir as fadas sombrias para que fizessem todo o trabalho? Era melhor simplesmente destruir suas vontades. Estaria Valhalla com medo? O que fazer quando você teme um oponente que deve ser enfrentado?

Se deve sempre colher as sementes que você descobre. E, caso uma não pudesse ser encontrada, bastava colocar fogo nas coisas e destruir absolutamente tudo.

Não era um coisa ruim, porque mesmo ele já estava começando a se cansar da fase preliminar. Se tudo fosse consumido pelo fogo, no fim o equilíbrio iria ser destruído e a Era que os covardes de Valhalla chamavam de “a Grande Guerra” chegaria.

“Destrua tudo. Faça tudo queima”, disse Harad.

Seu olhar penetrante se fixou no horizonte de Jotunheim, o planeta dos gigantes, e ele começou a dar ordens. Os fracos e numerosos gnolls já não mais serviam ao seu propósito.

Gigantes — a raça que iria destruir Valhalla antes mesmo que eles pudessem reagir.

Harad ergueu sua taça brônzea cheia de vinho. Ele observou o primeiro dos Gigantes descender dos céus através dos olhos de uma harpia.

Chamas ardentes atearam fogo à superfície. Os guerreiros de Odin, que haviam apressadamente deixado o centro de sua formação livre, ainda estavam lutando contra os gnolls do lado de fora, e aqueles que ainda estavam dentro observavam os pilares ardentes de mais de dez metros de altura.

Um dos pilares se dissolveu, transformando-se em pó. E dentro deles, um Gigante, de mais ou menos sete metros de altura, surgiu. Ele urrou — mas não era um rugido ordinário. Os guerreiros de Valhalla recuaram e os gnolls entrarem em frenesi.

Feitos malignos.

O sistema de evolução dos Gigantes era um paralelo do sistema rúnico que os guerreiros dos salões da bravura utilizavam. Quanto mais inimigos um Gigante matasse — portanto quanto mais coisas malignas ele fizesse — mais forte ele se tornava. Era o mesmo que se tornar mais poderoso por absorver o sangue e a alma daqueles que morreram.

Embora este Gigante fosse menor que aquele da Fortaleza Negra, a diferença de força entre eles era incomparável. Essa era uma existência que havia cometido incontáveis atrocidades.

O Gigante continuou a rugir. Os guerreiros de Valhalla não conseguiam nem mesmo desviar seus olhos da criatura. E então, Rasgrid se moveu.

Ela não encarou o gigante, mas sim outra coisa.

Um segundo pilar de fogo estava caindo ao longe. Não estava no campo de batalha, mas sim em outro lugar — um lugar que Rasgrid reconheceu sem nem mesmo pensar. Era a vila onde as fadas sombrias moravam.

Embora os galhos encobrindo os céus fossem grossos, eles ainda eram galhos. Não havia nada que pudessem fazer para impedir a queda de um Gigante em chamas.

Um brilho afiado surgiu nos olhos de Rasgrid. Ela rapidamente determinou o quão fortes os gigantes eram e pesou sua importância nos dois campos de batalha. No fim, ela se decidiu: ficaria ali e mandaria outra pessoa para a vila das fadas sombrias.

E, neste momento, só havia uma pessoa em quem ela podia confiar.

“Guerreiro Tae Ho”, disse Rasgrid, como se sussurrando.

Ela havia mantido um olho na posição de Tae Ho desde a aparição da legião de Uller e agora estava ao lado dele. Tae Ho, que estava focado unicamente no Gigante, virou a cabeça ao ouvir a voz de Rasgrid e então notou o segundo pilar de fogo desabando sobre o vilarejo.

Rasgrid segurou a mão de Tae Ho. Sem tempo para explicar, ela simplesmente invocou o Traje Alado do Dragão do puro ar e deu-a para Tae Ho, ao invés de vesti-la.

“Irei emprestar isso pra você. Dê para alguém que você confie; deixarei que cuide do outro Gigante.”

O olhar de Rasgrid transitou do Gigante para Tae Ho. O ser monstruoso, tendo terminado de rugir, empunhou uma espada flamejante.

“Acredito em você. Que a benção de Odin esteja convosco”, disse Rasgrid, apressada. Ela puxou Tae Ho pelo braço e plantou um beijo em sua testa. E, ao invés de sorrir, ela simplesmente passou por Tae Ho e correu na direção do Gigante.

Seu oponente não era um Gigante de Rank Mínimo. Além disso, ela não poderia nem mesmo solicitar aos seus superiores a liberação de suas capacidades de combate completas. Rasgrid empunhou uma espada resplandecente e, simultaneamente, demonstrou parte de sua força.

“Os reforços de Valhalla logo estarão aqui! Pulverizem o inimigo!”

“Odin!”

“Por Asgard e os nove planetas!”

Os guerreiros espantaram o sentimento opressivo instilado pelo Gigante com gritos de guerra.  O ser em chamas fixou seu olhar penetrante em Rasgrid, que estava protegida por uma aura alva.

Tae Ho desviou seu olhar de Rasgrid. O segundo gigante havia acabado de pousar no vilarejo, quebrando os galhos que serviam como proteção e revelando sua presença. Ele era tão grande que sua figura podia ser claramente vista, mesmo a centenas de metros de distância.

Logo após o gigante ter caído, pedras flamejantes começaram a chover pelos céus. Ele tinha que salvar a casa das fadas sombrias. Alguns guerreiros até mesmo começaram a montar em seus cavalos, mas Tae Ho apenas observou seus arredores ao invés de imitá-los.

“Tae Ho?” gritou Rolph, próximo a ele.

Tae Ho hesitou. Não por uma razão infantil — como simplesmente se sentir desconfortável com a ideia — mas porque o desempenho do traje alado estava diretamente relacionado com quem o vestia. A quantidade de runas que Rolph possuía, tendo se tornado um guerreiro de Rank Inferior recentemente, era pequena. Seria melhor se outro guerreiro de Rank Inferior da legião de Uller usasse o traje.

 E foi naquele momento que… 

“Rolph! Tae Ho! Andem logo!”

“Capitã!”

Montada em um cavalo, Siri se aproximou de ambos. Ela estava olhando para o vilarejo e parecia determinada em cavalgar até lá.

Tae Ho puxou o braço de Siri, fazendo com que ela o olhasse com uma expressão perplexa em seu rosto. Ele lhe deu o traje alado, como se estivesse o empurrando contra ela.

“Vista isso!”

Siri piscou, mas logo entendeu o que Tae Ho estava pedindo. Só então Rolph compreendeu porque Tae Ho parecia ter hesitado ao olhar para ele.

Não havia tempo. Siri estava perplexa, mas preferiu vestir o traje ao invés de dizer qualquer coisa. “Qual é a palavra de ativação?” perguntou.

ᛞᚱᛅᚴᛟ((Draco))!”

O momento em que Rasgrid se transformara em um dragão ainda estava fresco em sua mente. Quando Tae Ho gritou, Siri rapidamente vestiu o traje e, então, se transformou em um dragão.

Ela era diferente de Rasgrid, que era um dragão branco de olhos azuis. Ao que parece, o traje não tinha nenhuma forma específica, então Siri havia se transformado em um enorme lobo de pelagem dourada com um par de asas.

Siri se abaixou e Tae Ho montou sobre ela.

“Vamos!” ele gritou para Rolph.

Rolph assentiu e então montou no cavalo que anteriormente estava sendo usado por Siri. Tae Ho se inclinou e então invocou a Saga «Aquele que Pode Domar Dragões».

Siri estremeceu. Assim como seu nome indicava, aquela saga havia sido criada para controlar dragões. Era óbvio que a conexão era muito mais forte agora que ela havia se transformado em uma subespécie de dragão, ao invés de um lobo.

Tae Ho repousou suas mãos sobre as costas de Siri e ela se impulsionou do chão, alçando voo em direção aos céus num único instante.

Rasgrid e o Gigante de fogo se enfrentavam diante deles. Fogo e luz se chocaram e os guerreiros de legião de Uller começaram a investir na direção do vilarejo.

Tae Ho, observando o segundo Gigante, respirou fundo e apertou uma de suas mãos contra o ar.

Saga
A Espada do Guerreiro

Ele não usara o fragmento de espada. O que ele precisava naquele momento era um meio de chamar a atenção do gigante enquanto voava em sua direção. Seu aperto sobre a Lança Pesada se intensificou e ele falou com Siri através da conexão que ambos compartilhavam. Siri também não o desapontou dessa vez.

Saga
As Flechas da Bruxa Nunca Erram o Alvo

Seus corpos já estavam se tocando. A saga de Siri foi acrescentada ao braço de Tae Ho; ele olhou para o gigante enquanto desenhava uma reta pelos céus. Ao invés de se concentrar na pontaria, ele jogou a lança com toda sua força.

Por não ser uma flecha propriamente dita, o poder da Saga claramente diminuiu. Mas, de qualquer forma, o alvo era grande demais!

Uma explosão soou ao longe no momento em que a lança lhe atingiu o ombro. Ele se virou e Tae Ho o encarou, a mão firmemente apertada contra o cabo fragmentado.

A Lança Pesada, que estava coberta por uma aura dourada, se materializou nas mãos de Tae Ho. A arma usada para destruir o Lorde Ogro, Gandoll, emanava grande força, como se estivesse lhe implorando para adicionar um novo conto ao seu ser.

E Tae Ho assim o fez, investindo contra o gigante.

Olá, eu sou o Asu!

Olá, eu sou o Asu!

Comentem e Avaliem o Capítulo! Se quiser me apoiar de alguma forma, entre em nosso Discord para conversarmos!

Clique aqui para entrar em nosso Discord ➥