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Tradutor: Asu | Editor: Asu

“Isso não é uma saga e sim uma trapaça”, disse Ragnar enquanto inspecionava a Presa Rúnica aprimorada, surpresa visível em seus olhos.

“Não é? Eu também achei”, respondeu Tae Ho com um sorriso, concordando. Aquilo também era uma trapaça na sua opinião.

O nome da Presa Rúnica original possuía uma coloração azulada, o que representava seu Grau Raro. Agora, no entanto, a arma havia se transformado em um item de Grau Épico, tendo sua capacidade de combate e suas habilidades aprimoradas. E, embora Ragnar não soubesse da raridade ou das habilidades daquela arma tão bem quanto Tae Ho, ele sabia muito bem como avaliar seu grau de poder.

A diferença entre a Presa Rúnica normal, que foi criada utilizando simplesmente a saga de Tae Ho e da Presa Rúnica aprimorada, feita usando o fragmento desconhecido, era tão clara que podia ser distinguida com apenas um olhar.

“Ele pensa de uma forma tão diferente da nossa por pertencer a outro mundo?” — Ragnar murmurou. Guerreiros de Valhalla que tinham a capacidade de recriar as armas que usavam em suas vidas passadas eram comuns, mas ele nunca ouviu falar de alguém combinar esse tipo de habilidade com uma arma fragmentada para fortalecê-la.

“Ragnar, você por acaso sabe de onde esse fragmento vem?” Tae Ho desativou sua saga e perguntou a Ragnar. O guerreiro, então, devolveu o fragmento de espada para ele.

“Eu não faço ideia. Não tem como eu descobrir isso apenas por olhar o cabo”, ele respondeu.

“Certamente que não.”

“O quê?”

“Não, não é nada.” Ele não pensara que Ragnar poderia realmente saber de algo que nem mesmo Heda ou Idun sabiam. A expressão de Ragnar se contorceu em estranheza e Tae Ho acrescentou “Ainda sim, é algo inesperado. Esse cabo parece ser parte de uma arma formidável.” E, mesmo assim, todos a quem ele havia mostrado o fragmento disseram não saber de onde ele vinha.

“Não há nada que se possa fazer. Há inúmeras armas destruídas durante a Grande Guerra. Na verdade, as armas divinas, que eram tão abundantes quanto as estrelas, na maioria desapareceram junto dos Grandes Guerreiros

Odin Alfaðir((Alfaðir, ou Pai de Todos, é um dos incontáveis nomes de Odin. Ele é chamado assim pois, de acordo com Snorri Sturluson, ele é o pai de todos os deuses. Além disso, foi ele quem soprou a vida nos dois primeiros seres humanos: Ask e Embla.)) havia se preparado para o Ragnarök durante um longo período. Ragnar dizer que os guerreiros e as armas do período pré-guerra eram tão numerosos quanto as estrelas não era um exagero.

A Grande Guerra, a disputa que deu início ao fim dos tempos, o Ragnarök.

“Tae Ho, você conhece a lenda do herói Sigurd?” Ragnar disse com uma expressão complexa de se decifrar, logo em seguida fazendo um gesto com o queixo.

“Uh… ele é o dono da Espada Divina, não é? Ouvi dizer que ele até mesmo matou um dragão.” Tae Ho recordou tê-lo visto em um jogo. Não era ele uma das origens de um dos maiores heróis mitológicos, Siegfried?

Ragnar vacilou ao ver que, de fato, Tae Ho conhecia o homem.

“E você nada sabia sobre mim?”

“Er, não, não sabia. Eu não sei, nunca ouvi falar de você.”

Ragnar vacilou ainda mais com a resposta de Tae Ho, mas apenas por um momento. Sua expressão tornou a ficar séria e ele continuou com a explicação.

“Há um rumor de que a espada do herói Sigurd, Gram, foi destruída durante a Grande Guerra. Isso quer dizer que Espada Divina que ele empunha atualmente não é nada mais do que uma recriação de sua Saga.”

O que Ragnar quis dizer é que, embora o fragmento de espada fosse algo realmente incrível, haviam inúmeros outros itens destruídos desde os tempos imemoriais.

Tae Ho assentiu silenciosamente e então expressou outra dúvida.

“Ragnar, uma arma recriada usando o poder de uma Saga é mais fraca do que a versão original?”

“Isso depende. Mas, levando em consideração uma arma como Gram, há a possibilidade dela não ser tão poderosa. Há coisas, como propriedades místicas, que estão imbuídas na própria espada.”

Um guerreiro não era a única entidade que poderia criar uma Saga. Uma espada tão poderosa quanto Gram poderia crivelmente ser a protagonista de sua própria Saga.

“Hm… de qualquer forma, você estava dizendo que existe a possibilidade desse fragmento fazer parte da Espada Divina.”

“Provavelmente não, mas é possível. Tenho minhas dúvidas quanto a isso, mas é algo que só poderíamos saber caso você colete mais fragmentos.”

‘Coletar mais fragmentos, huh?’

Não era uma tarefa fácil. Ainda que existissem inúmeros fragmentos espalhados pelos nove mundos, seria uma tarefa insanamente difícil diferenciar cada um deles. O que Tae Ho possuía neste momento era o cabo, o que quer dizer que as outras partes eram lâminas. Seria praticamente impossível determinar a origem da arma apenas por olhar um pedaço de lâmina quebrado.

Mas Tae Ho era dono dos «Olhos de um Dragão Veem Através de Todas as Coisas». Se ele eventualmente encontrasse os fragmentos, não seria totalmente impossível identificá-los.

‘Eu realmente terei de voltar lá?’

Até a família Mollo, que estava escavando à procura dos resquícios da Grande Guerra. Se outros fragmentos de fato existissem, era possível que os pedaços da lâmina estivessem no mesmo lugar onde o cabo fora descoberto.

“Ragnar, você sabe onde a Heda está?”

Em resposta, Ragnar fez um gesto com seus olhos na direção da cozinha.

Heda, que ainda estava cozinhando, depositou a faca em cima da tabua-de-cortar com um som maçante.

“Você quer ir se encontrar com Rasgrid?” Ela perguntou.

“Sim.” Tae Ho recuou ligeiramente diante da sede de sangue que o atravessou e então assentiu.

“E por qual motivo?”

“Bem, quanto a isso…” ele começou a contar o que Ragnar havia lhe dito, deixando Heda um tanto aliviada ao saber que ele só desejava visitar a outra valquíria para verificar os resquícios da Grande Guerra em Svartalfheim.

“Se esse é o seu objetivo, então você pode usar outro método. Há algo… algo que chegou bem a tempo.” Heda limpou as mãos contra seu avental e então tirou uma folha de papel de uma bolsinha amarrada à sua cintura. “Esse é um pedido formal solicitando ajuda, enviado por Rasgrid. Ela está te chamando.”

“Rasgrid, me chamando?”

“Ela quer que você averígue a situação.” Rasgrid tinha uma escassa noção de que Tae Ho possuía olhos especiais, já que eles foram companheiros no mesmo campo de batalha um tempo atrás. Tae Ho também foi o único que conseguiu perceber a traição da família Mollo, então era completamente plausível que ela o chamasse.

“Quão conveniente. Eu já posso partir?” Se ele foi chamado por essa razão, então ele conseguiria analisar detalhadamente todos os resquícios da Grande Guerra.

“Você pode ir junto do pelotão que decidiu se juntar a eles, eles vão deixar Valhalla amanhã de tarde, por isso eu ainda não tinha te dito nada sobre o pedido.” Ouvindo a resposta alegre de Tae Ho, Heda olhou a comida ainda por preparar e respondeu em um tom deprimido.  Ela parou de falar por alguns segundos e então tornou a comentar, desta vez em um tom casual, “Você sabe que não pode trocar de legião, mesmo se a Rasgrid te seduzir, não sabe?” Ela havia trazido de volta o assunto da última conversa que tiveram.

“Vou pensar a respeito disso.” Tae Ho respondeu, maldoso, ao notar a ansiedade clara na voz de Heda.

Tae Ho chegou no salão após ser escoltado por Heda e então se juntou à tropa de reforço. Dentre eles, ele conseguiu distinguir alguns rostos conhecidos.

“Capitã Siri.”

‘É um prazer te ver por aqui, Tae Ho.” Siri o recebeu com um sorriso em seus lábios. Contudo, também havia outra pessoa ali, negando a realidade com os ombros caídos. Era uma cena estranhamente familiar.

“Capitã, por que o Rolph está tão abatido?”

“Ao que parece ele teve de adiar sua visita à Anaheim novamente”, disse Siri, rindo e achando graça. Ao que parece, as férias de Rolph foram destruídas novamente.

Você não tem como se desapontar se não tiver nenhum tipo de expectativa desde o início. ’ Tae Ho percebeu uma das verdades do mundo, uma das mais amargas. Ele estalou a língua enquanto olhava para Rolph.

“Além disso, Ragnar não vem também?” Siri, olhando além das costas de Tae Ho, inquiriu.

“Não, eu estou sozinho.” Ragnar ter participado da última batalha foi um caso especial, de qualquer forma.

“Já é bom o bastante”, disse Siri, parecendo um tanto desapontada. Eventualmente, no entanto, ela abriu um sorriso.

“Cuide bem de mim.”

O sorriso de Siri se alargou, brilhante e alegre. Ela estava relaxada, talvez porque ainda não fosse a hora de pisar no campo de batalha.

“Há mais gente aqui, dessa vez”, disse Tae Ho, espiando atrás de Siri.

“A natureza dessa tarefa é diferente. Excluindo as pessoas que você já conhece, todos aqui são guerreiros de Rank Inferior.”

Mais ou menos 30 guerreiros se agruparam atrás de Siri.

‘Bom, se contássemos com mais pessoas, nós não teríamos recuado, pra começo de conversa.’  Tae Ho assentiu e então olhou para seus soldados juniores. Claro, todos eles pareciam ser seus superiores quando considerado a quantidade de tempo que eles passaram em Valhalla.

Os guerreiros de Rank Inferior olharam para Tae Ho, cada um deles se expressando de forma diferente.

“Ele é aquele guerreiro dos rumores?”

“Então esse é o homem que montou em uma valquíria!”

“Ohhh!”

Admiração e respeito preencheu os olhares dos guerreiros de Rank Inferior observando Tae Ho.

“Eu também disse a eles que você derrotou um Gigante e um Regenerador”, disse Siri, abrindo um sorriso fraco.

“Obrigado.” Ouvindo a resposta de Tae Ho, Siri riu novamente, como se estivesse desfrutando daquilo e então tornou a encarar os guerreiros.

“Calem suas bocas e se preparem para partir!” Ela gritou.

Ou!” Os guerreiros urraram em alto e bom som e então se alinharam imediatamente. Desta vez, Siri lideraria o contingente sozinha, sem o auxílio de uma das valquírias.

“Por Asgard e pelos nove planetas!”

“Por Asgard!”

Os guerreiros da legião de Uller marcharam em direção ao portal violeta.

O Gigante oculto nas trevas ergueu a cabeça. Ele era um dos cinco Gigantes subordinados ao Rei dos Gigantes, Utgard Loki, chamado de o Gigante das Trevas, Avalt.

Assim como o Guardião dos Portões de Asgard, Heimdall, Avalt conseguia enxergar além das leis naturais, mesmo sentado. Graças a isso, raras eram os momentos que ele se aventurava para fora da escuridão que ele próprio criou.

Avalt lentamente mexeu seus dedos. As teias espalhadas ao redor de Asgard, Yggdrasil e os inúmeros mundos conectadas a ela se mexeram como se estivessem sob o comando de uma enorme aranha, respondendo ao chamado de Avalt.

Uma voz foi ouvida. Uma enorme mariposa que voou através da escuridão murmurou no ouvido do Gigante. Ela lhe disse que um dos outros Cinco, o Gigante da Força Harad, havia dado início à sua jogada.

Avalt fechou uma de suas mãos. Assim como seu leal servo havia dito, os subordinados de Harad se moviam em direção à Svartalfheim. Ele pensou saber exatamente o que Harad estava querendo depois que o gigante enviara seus servos na direção do lugar que estava sob seu controle.

A mariposa não perguntou o que ele pretendia fazer. Avalt abriu um pequeno sorriso, abrindo e fechando seus punhos. Ele havia acabado de puxar as cordas conectadas à Svartalfheim para observar as ações de Harad.

O lugar que eles chegaram, depois do portal, era o mesmo de antes. No entanto, a diferença estava no fato de que quem veio recebê-los não era uma fada sombria, mas sim um dos guerreiros de Valhalla.

“Sou o guerreiro de Rank Inferior Tostin, da legião de Odin. Eu ouvi muitas coisas ao seu respeito.”

Tae Ho apertou as mãos do enorme guerreiro de barba ruiva. O gesto foi um tanto penoso, mas Tae Ho sorriu mesmo assim, pois suas ações e seus olhos estavam cheios com boas intenções.

“Sou o guerreiro de Rank inferior Tae Ho, da legião de Idun. É um prazer te conhecer.”

“Guerreira de Rank Inferior Siri, da legião de Uller. Estou no comando desse contingente.” Siri, que havia entrado em seu “modo de trabalho”, disse com uma expressão dura. Tostin olhou para o grupo de Siri.

“É um prazer conhecer vocês. Venha, vou liderá-los para o posto do exército.”

A legião de Odin estava usando o vilarejo da família Mollo como um posto avançado. E, enquanto os guerreiros se perguntavam como chegariam até lá, Tostin levou aproximadamente 30 cavalos negros até eles. Os cavalos tinham um pelo preto reluzente e pernas fortes e longas. Pareciam ser bons cavalos, mas Tae Ho inconscientemente disse.

“Eles são bem… normais.”

Era verdade. Eles não diferiam, em nada, de um cavalo comum.

“Isso desaponta você?” Rolph disse com uma risada, parecendo ter recobrado a compostura.

“Um pouco.”

‘Parece que eu também me tornei um guerreiro de Valhalla.’

Embora isso não fosse motivo o bastante para que ele sentisse falta do Relâmpago Negro ou da Chuva de Aço.

Como eles demoraram para partir e o único meio de transporte disponível eram meros cavalos, Tostin calculou que levaria ao menos dois dias de viajem para que chegassem no posto avançado. E, ao invés de contarem com a hospitalidade das fadas sombrias, os guerreiros de Valhalla decidiram montar acampamento, prosseguindo com a jornada ao amanhecer.

Aproximadamente duas horas depois, quando o grupo estava próximo de atingir seu destino, o som de uma trombeta de chifre foi ouvido ao longe.

A expressão de toda a contingência se alterou. Tostin, que estava na fronte, virou-se para olhar o resto dos guerreiros e gritou “Veio do sítio de escavação! Aumentaremos a nossa velocidade!”

Era certamente o som que indicava um ataque inimigo. Siri fez um gesto com as mãos e fez com que cada um dos guerreiros da legião de Uller entrasse em suas posturas de batalha. Eles cavalgaram por mais cinco minutos até começarem a enxergar o sítio. O som de armas se chocando foi ouvido na entrada da caverna, onde não havia árvores e o céu era descoberto. Tae Ho, que estava na fronte junto de Siri, viu figuras familiares: gnolls.

“Peguem suas armas! Avançaremos contra eles!” Enquanto Siri gritava suas ordens, os guerreiros empunharam suas armas um a um. Tae Ho também pegou o fragmento de espada de dentro de Unnir.

A velocidade de um cavalo e o peso por trás do choque eram uma arma por si só. Os gnolls que estavam agrupados na entrada da caverna mal tiveram a chance de se defender, esmagados contra o chão e pisoteados. Era apropriado dizer que eles “perfuraram” a linha de defesa inimiga.

Siri observou seus arredores apressadamente ao invés de virar seu cavalo. Ela podia ver inúmeros grupos de gnolls. Embora saber como eles haviam chego até ali tão depressa fosse impossível, todos se organizavam nas vintenas e o contingente da legião de Odin, liderado por Rasgrid, estava lutando na caverna contra mais de 100 dessas criaturas.

“Capitã Siri, em cima de você!” Rolph gritou. Siri ergueu a cabeça e viu as harpias no céu voando em sua direção como um bando de pássaros investindo contra sua presa.

Era tarde demais para ela puxar sua besta. Siri segurou a espada em sua mão com mais força e, naquele momento, Tae Ho pulou de cima de seu cavalo.

‘Se você ganhou alguma coisa, você tem que usá-la’ Tae Ho gritou internamente, balançando a Presa Rúnica acima da cabeça de Siri. As letras rúnicas gravadas na espada começaram a brilhar e, naquele momento, algo surpreendente aconteceu.

Chamas cobriram o ar. Fogo verteu para fora de Presa Rúnica.

As harpias que voavam na direção de Siri gritaram enquanto eram consumidas pelas chamas. Uma delas teve as asas queimadas e caiu nos guerreiros e as harpias restantes começaram a voar para cima apressadamente, fugindo.

Woah.” Tae Ho, que havia acabado de pousar, olhou para sua espada. O Grau Épico não era apenas um termo, ao que parecia. As chamas emitidas pela espada não eram sequer comparáveis às de antes.

“Tae Ho?” Rolph gaguejou, desnorteado. Siri arregalou os olhos e os guerreiros de Rank Inferior da legião de Uller, que viram ele lutar pela primeira vez, estavam igualmente espantados.

Tae Ho subiu em seu cavalo novamente, como uma resposta aos olhares e disse em voz baixa:

“Por Idun.”

Os gnolls começaram a se agrupar e Tae Ho encarou-os enquanto ativava sua saga.

Saga
A Espada do Guerreiro

Presa Rúnica desapareceu e o fragmento, que era meramente um cabo de espada, tomou a forma de uma besta.

Relampejo de Grau Épico.

Tae Ho puxou o gatilho. Assim como seu nome, a besta começou a disparar relâmpagos.

Olá, eu sou o Asu!

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