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Angel Black: IF – Vida Adulta

Já fez 10 anos após aquele incidente. Minha casa pegou fogo, minha família morreu, eu morri… mas, não importava mais, pelo menos não com isso. Ainda lembro de Angel, e quando ela partiu até um outro continente para ter sua auréola de volta.

Às vezes, me perguntava que, se eu tivesse oferecido ajuda ao meu anjo, as coisas teriam sido diferentes… Talvez tenha me arrependido um pouco.

Não podia confirmar, mas, achava que ela continuava me protegendo, claro, da forma que sempre fez: fora dos olhos do público. Bem, tudo bem, pois virei um adulto, um adulto que precisa trabalhar para não morrer de fome…

Em pensar no passado, acabei me lembrando que tive alguns sonhos esquisitos depois que minha vida deu um grande salto — em um péssimo sentido. Os sonhos eram de um homem de terno com cabeça de bode, sentado em uma cadeira, me observando em um cenário todo preto, como se fosse um vídeo de ARG que mexe com terror psicológico que tem no youtube.

O que era aquilo? Era bizarro. Os sonhos eram só isso, e duravam por horas. Bem, pelo menos eles acabaram há muito tempo.


Sem perceber, seus olhos estavam abertos, e sua visão direcionada ao teto. Quando tomou consciência que havia acordado, percebeu o aperto que recebia da pessoa ao seu lado.

Essa pessoa era uma mulher com um cabelo curto, que estava vestida apenas com uma blusa preta, o resto era apenas suas roupas íntimas.

A primeira coisa que o rapaz fez foi afastar a boca da mulher de perto de seu nariz.

“Merda… bafo de cachaça!”

O garoto se levantou do sofá em que estava deitado. A televisão estava ligada, e nela passava um filme de terror.

Ele se sentou no sofá, e pegou um cigarro e um isqueiro que tinha em cima da pequena mesa da sala que, inclusive, também tinham dois pratos e copos usados, junto de uma caixa de pizza e uma garrafa de refrigerante, ambas as duas vazias.

Acendeu o cigarro e o fumou, jogando a fumaça logo depois.

— Mais um dia de trabalho, Dante.

Dante Katanabe tinha olheiras em seus olhos e um longo cabelo loiro que estava bagunçado.

Se levantou, andando lentamente até a cozinha, onde pegou um copo de água para beber.

— Que horas são?

Colocou a mão no bolso, pegando seu celular quase descarregado. Vendo, eram quase cinco horas.

— Certo…

Depois disso, colocou o celular para carregar. Ele teria que se arrumar para o trabalho, mas antes disso…

— Ô! Acorda!

— Hm…

— Anda!

Deu leves tapinhas no rosto da garota. A tentativa parecia estar funcionando, já que ela reagia.

— Hana, vamos, acorde!

— Tudo bem… já acordei, já acordei…

A garota se esforçou, levantando-se do sofá e ficando sentada. Seus olhos ainda estavam fechados de sono, mas isso era só questão de tempo para ela acordar de verdade, ainda mais com esse levantamento forçado.

— Bom dia… Dante.

— É meio tarde para dizer isso.

— É mesmo? Já é tarde? Bem, acho que faz sentido, afinal, ficamos a madrugada inteira comendo pizza e vendo filmes.

Hana Kikuri, era uma pessoa que Dante conheceu há oito anos. Ele a encontrou completamente bêbada e dormindo no chão de uma praça pela manhã, e ainda estava com a saia levantada, deixando o que há de baixo à mostra. Não foi a melhor e mais confortável forma de conhecer alguém, mas depois de um tempo, viraram amigos, e o jovem começou a morar com ela.

— Você é muito desleixada. Tem muita sorte que nenhuma pessoa má intencionada se aproveita de você enquanto dorme depois de uma noite de bebedeira. — Cruzou os braços.

— Eu não sou desleixada.

— Quando a gente se conheceu você estava dormindo no chão. Inclusive, não roubaram a sua carteira?

— Huh? Não lembro… foi há quase 10 anos… — enquanto falava, a sua voz ficava mais sonolenta.

— Ei! Acorda! — Ela dormiu sentada.

Depois disso, o jovem foi tomar um banho.

Aquele dia seria mais um dia de trabalho qualquer, assim repetindo um longo ciclo, onde a pessoa trabalhava, ia pra casa, trabalhava e ia para casa. Os dias dele eram assim.

Olhou para o seu reflexo na água da banheira, dando um peteleco em seguida.

— Hoje vai ser mais um dia monótono e chato…

Depois do banho, vestiu seu uniforme de trabalho, que era apenas uma camisa com o nome da loja de conveniências em que trabalhava e uma calça jeans dele mesmo.

Quando saiu do banheiro, observou a garota sentado no sofá da sala, mexendo no celular e comendo uns cookies. Antes de passar por ela, e ir ao trabalho, pegou seu celular, junto do carregador, um isqueiro e cigarros.

— Tá indo agora?

— Sim… Quer uma coisa de lá?

— Pode me trazer mais cookies?

— Sem problemas.

O garoto andou até a porta, segurando a maçaneta.

— Ei, Dante, vamos ter que pegar a conta de internet.

Olhou para trás indignado.

— Quê? Mas acabamos de pagar!

— Como assim? Pagamos já faz quase 1 mês. Temos que pagar do próximo.

— Hm…

O tempo estava passando rápido demais aos olhos dele.

Enfim, ele saiu de casa, acendeu um cigarro e fumou, estando pronto para ir ao trabalho, finalmente.


A noite estava chegando, e o jovem havia chegado à uma loja de conveniências, seu local de trabalho. Havia uma gigantesca janela que mostrava como o local era por dentro, que complementava com a porta de vidro deslizante.

Também havia uma máquina de vendas se bebidas do lado de fora.

Abriu a porta, entrando no local. Olhou para os lados, mas não viu nenhum cliente.

“Parece que hoje será tranquilo.”

Andou até a área do balconista, encontrando-se com o funcionário do turno do dia.

— Oi, Katanabe.

— Oi, Ayanokouji.

— Como é que tá a vida?

— Meh, nada demais, como sempre… A mesma mesmice, trabalho, trabalho e mais trabalho.

— Eu já não disse para você que a vida não é só trabalho?

— Disse.

O jovem se dirigiu ao balcão, enquanto o seu colega de trabalho saía de lá.

— Bem, tô indo embora, vê se tem cuidado com algum cliente assustador por aí.

— Tomarei cuidado.

Em um de seus dias de trabalho, um cliente raivoso, maior e mais forte que o garoto apareceu na loja. Quando não tinha dinheiro o suficiente para pagar um produto, e Dante não podia dar um desconto, ele ficou louco. Derrubou várias prateleiras, estragando vários produtos, dando um certo prejuízo para loja.

A situação foi tão assustadora que Dante se trancou na sala dos funcionários e ligou para a polícia, quase chorando, sendo assim um trauma para sua vida.

Além de ter que pegar uma multa por cada produto arruinado, aquele cara também foi preso por desacato, quando reagiu contra os policiais, dando um chute em um deles.

— Ô, Katanabe, na nossa folga vai rolar uma festa lá em casa. Você está mais do que convidado, e pode trazer a sua amiga que mora contigo também — disse Ayanokouji, antes de sair do estabelecimento.

— Vou pensar…

— É bom mesmo! Você sempre fala e age tão desanimadamente, além de sempre falar que sua vida está monótona. Precisa se divertir ao menos uma vez.

— Certo… Tchau, Ayanokouji.

— Tchau, Katanabe.


Algumas horas se passaram desde o início de seu turno. Aquele dia foi mais calmo do que qualquer um, e, na visão do garoto, monótono. Além disso, seu turno já estava acabando, e isso o deixava um pouco animado.

— O que será que vai ter pro jantar hoje? — falou, enquanto jogava um jogo no celular.

Foi quando ouviu o som da porta se abrindo. Não disse nada, e guardou o celular em seu bolso, esperando o cliente pegar o que queria.

— Ah!

A pessoa que passou por ele o deixou com os olhos arregalados.

— Espera, você!

Essa pessoa também ficou surpresa ao vê-lo.

Era uma mulher adulta com um olhar olhar cansado, mas cheio de surpresa.

— Dante Katanabe… Você é o Dante Katanabe! Não estou certa?

— Professora?

— Nossa! Mas você não mudou nadinha desde a época da escola!

— Ei!

Ela agarrou suas bochechas e começou a analisar seu rosto de perto.

— Professora! Podemos botar o papo em dia lá fora?

Depois disso, foram para fora, onde o garoto comprou uma lata de refrigerante.

— Há quanto tempo, professora — falou, antes de tomar um gole na bebida — Nunca pensei que nos encontraríamos no meu local de trabalho.

— Pois é.

— Como tem se passado, professora?

Ela contou o que aconteceu nos últimos dias.

— Em resumo, você comprou uma coisa muito cara em uma loja online, e o que recebeu de encomenda foram um monte de sapatos velhos e rasgados?

— Pois é! Eu perdi muito dinheiro com aquilo! Eu já contatei o site, mas não recebi nenhuma resposta… E você? Como tem passado?

Ele tirou um maço de cigarro no bolso.

— Se importa?

— Hã? De forma alguma.

Contou tudo que aconteceu com ele nos últimos 10 anos, omitindo algumas partes inacreditáveis, como anjo, demônios e uma deusa.

— Entendi… você teve uma vida complicada…

— E, agora, a minha vida tá sendo bem chata… Não aconteceu nada de interessante recentemente. A vida adulta é chata.

— Então, por que você não vai atrás de fazer algo interessante, ao invés de esperar que algo aconteça?

Ela se levantou.

— Bem, acho que vou comprar alguma coisa agora, e ir para casa. Mas foi bom conversar com você, Dante.

— Hm… Entendi.


— “Por que você não vai atrás de fazer algo interessante, ao invés de esperar que algo aconteça?”, é? Talvez ela esteja certa.

Depois do seu dia de trabalho, estava andando pela rua, voltando para casa.

“Desde que a minha casa pegou fogo, e minha família morreu, apenas segui a minha vida. Trabalhei e vivi. Porém, só isso faz tudo ser extremamente chato… Eu quero diversão, mas não me esforcei para ir atrás.”

Chegou em casa. Quando entrou, viu Hana fazendo a janta na cozinha.

— Cheguei.

— Oh! Bem-vindo de volta, Dante.

Ele chegou mais perto dela.

— Aí, vai ter uma festa no meu dia de folga. Quer vir comigo?

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Olá, eu sou Master!

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