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Arco 3: Capítulo 40 – Abaixo-assinado

Era de manhã. Mesmo com o sol, a capital não se esquentava, e era dominada por aquele frio, junto da neve. Dante, usando seu conjunto de moletom, esfregava suas mãos rapidamente, enquanto tremia de frio.

“G-geralmente a mansão é bem quentinha de manhã… Tá muito frio!”, reclamou internamente, segurando seus braços com força.

O dia finalmente havia chegado. O tal encontro de leitura de Dante e sua colega de trabalho, Emi, seria naquela manhã.

O jovem não se encontrou com a garota quando acordou, indicando que ela havia ido um pouco mais cedo. Felizmente, ele não estava indo tarde, na verdade, chegaria ao local bem np horário.

Andava pela tranquila e movimentada capital de Schalvalt. Os estabelecimentos estavam abertos, e seus donos, junto dos funcionários, tiravam a neve acumulada em suas das calçadas.

[Hmmmm.]

“Uh? O que foi?”

Sophie estava um pouco inquieta, e o garoto não tinha ideia do porquê disso.

[No final, não conseguimos comprar uma roupa pro encontro…]

“Ah? É isso?”

Quando foi às compras, achou nenhuma roupa que o satisfizesse ou a antiga deusa, e se achasse alguma, era extremamente cara.

“Bem, fazer o quê? Mas o que tem de errado no meu conjunto de moletom? Eu gosto dele!”

[Mas essa é a roupa que você usa para dormir. Não é legal para o encontro. Também não seria bom usar sua roupa de trabalho. Eu queria que usasse uma roupa chique, elegante! Para essa ocasião especial!]

“‘Ocasião especial’, é?”

Dante não sabia bem a imagem mental que Sophie tinha dele na sua cabeça usando o tipo de roupa “chique” e “elegante”, mas tentou não pensar, ou se importar muito com isso. Ao mesmo tempo, isso o deixava feliz. Esse jeito que a garota estava o tratando o lembrava de sua irmã mais velha.

A mais velha dos Katanabes, Mia, o tratava de forma parecida quando era mais novo, quando se tratava de sair, para ir a um restaurante ou cinema, por exemplo. Meio que ele sentia falta disso, só um pouquinho, já que às vezes era irritante.

“Bem, tanto faz, não é bem um encontro, de qualquer forma.”

[Aham, sim, sim.]

Enquanto estava andando, Dante se deparou com uma coisa interessante.

— Por favor! Assinem esse abaixo-assinado para acabar com a escravidão de demi-humanos no reino!

Uma mulher gritava com toda a força que sua garganta permitia. Estava em cima de um palco de madeira montado, enquanto mostrava um papel com alguns nomes assinados.

— O reino Schalvalt é a única nação do nosso mundo que ainda permite a escravidão! Mesmo que não esteja tão ativa quanto antigamente, ela ainda persite! Ajudem os demi-humanos, e vamos tranformar este país em um lugar melhor!

Com essa gritaria toda, era impossível não ser chamado a atenção. Aparentemente, aquela mulher era uma ativista, que estava defendendo a abolição definitiva da escravidão. Muitas pessoas estavam ao seu arredor. Para sua felicidade, essas pessoas pareciam concordar com seus ideais.

— Nós iremos enviar uma cópia dessa petição para a família real! Então, por favor, se você concorda com nosso pensamento e quer ajudar esse país se tornar melhor, nos ajude! Por favor! É só assinar seus nomes ali!

Apontou para um papel com vários nomes escritos, junto de uma caneta que estava ao seu lado. Ambos os dois sobre uma mesa de madeira na frente do palco.

As pessoas começaram a formar uma fileira para poder assinar. A fila não era tão grande, mesmo tendo muitas pessoas no local concordando com as palavras daquela moça. Possivelmente, já assinaram, só escolheram coninuar no local.

“Que bagunça é essa?”

Dante estava confuso. Nunca viu algo assim em sua vida, era sua primeira vez.

[Bem, como ela mesma disse, isso é um protesto contra a…]

“Não, eu sei o que ela disse. Entendi tudo. É que isso é algo novo para mim.”

[Hm, entendo.]

O garoto olhou ao seu redor, e observou pessoas ignorando aquele protesto e apenas passando direto.

[Muitas pessoas não ligam, ou só não pretendem se meter.]

“Hã? O quê?”

[Você estava observando essas pessoas que estão ignorando uma causa nobre, não?]

“Bem, não estava pensando em muita coisa.”

[Eu sei disso. Seus olhos são meus olhos. Escuto seus pensamentos. Quer assinar aquele abaixo-assinado?]

“…Talvez, seja uma boa ideia.”

Uma boa ideia, tanto por ter uma amiga demi-humana, e uma criança da mesma raça que o adora.

Como ainda havia tempo, o garoto andou e esperou na fila. Não ia demorar, era apenas assinar seu nome no papel.

A fila estava curta, e a cada poucos segundos, a pessoa da última ponta saía da fileira. Alguns segundos foram passando, e chegou a vez de Dante assinar aquela petição. Havia pelo menos cinco pessoas atrás dele, entretanto, consequentemente o número de pessoas poderia aumentar.

“Hm, o que temos aqui?”

Lendo o papeu de assinatura, dizia o seguinte: “ajude os demi-humanos abolindo de forma definitiva a escravidão neste país, que é o único ainda permitindo essa prática. Com a sua ajuda, podemos tornar este mundo um lugar melhor”.

Logo mais abaixo, havia mais algumas informações; “uma cópia deste abaixo-assinado será enviada para o Castelo Real. Vamos fazer a família real ver e os forçar a abolir essa pratica”. No canto superior direito, estava escrito a estimativa de assinaturas; “dez mil”. Depois disso, várias linhas com vários nomes escritos.

[Já tiveram cinco mil, trezentos e oitenta e oito assinaturas!]

“Eles estão na metade do caminho.”

O que mais deixou o garoto impressionado, foi a informação de que uma cópia seria enviada para o Castelo Real. O que fez se perguntar, o quão avançado era a tecnologia daquele mundo para poderem enviar uma cópia com cinco mil assinaturas para o castelo real? Quer dizer, claramente havia uma equipe por trás disso, mas é insano pensar que várias pessoas copiaram tudo aquilo sozinho, aos olhos de Dante.

“Agora eles têm cinco mil, trezentos e oitenta e nove assinaturas.”, assinou seu nome.

Após isso, o garoto se virou para sair daquele lugar. Enquanto estava ali, a fila aumentou ainda mais.

[Vamos logo, mestre. Não deixe a garota esperando!]

“Tá bom, tá bom.”

Ele se afastou um pouco daquela multidão. Porém, antes que pudesse ir logo ao restaurante, sentiu-se sendo agarrado no ombro, o assustando.

— Espera um pouco!

“Uh? O quê? O que ela quer?”

A pessoa que o barrou foi a mulher que estava protestando no palco. Dante ficou confuso, Sophie não demonstrou reação, a moça estava com um olhar sério.

— Dante Katanabe, certo? Eu vi você assinando, sei o seu nome.

— Ahn… sim? Posso ajudar em algo?

Se bem que ele já ajudou.

— Eu queria te perguntar. Você é um… nobre? Sabe, nunca ouvi falar em uma família nobre chamada “Katanabe”, mas você aparenta ser um!

“Oi?”

[Um nobre?]

Por que isso do nada? Era essa questão que se passava na mente do garoto. Dante ainda estava em uma bolha sobre aquele mundo, mesmo estando nele por três meses. A atenção da multidão que, anteriormente estava ouvindo os pronunciamentos daquela mulher, agora estava com a visão voltada à eles. Antes que isso causasse alguma confusão, decidiu resolver o mal entendido.

— Não, moça, não sou não.

— Mas, o seu cabelo loiro…

— Eu nasci com um cabelo loiro, e meio que não sou daqui.

— É um estrangeiro?

— Hm, sim.

— Entendo.

Ela finalmente largou seu ombro e se acalmou um pouco. Não aparentava estar com raiva, e sim ansiosa.

— Heheh, foi mal. É que cabelos loiros são mais comuns entre os nobres.

[Ah! Então foi por isso?]

Os dois compreenderam.

— Meu nome é Angles Aurora Tiffon. Obrigada por contribuir com a nossa causa! — Ela estendeu sua mão, esperando um cumprimento por parte do garoto. Para sua felicidade, ele a cumprimentou — Tenho que voltar agora, muito obrigada!

— Uh, certo.

Ela se afastou, e o jovem fez o mesmo, andando novamente em direção ao restaurante.

Naquele momento, uma coisa deixou Dante pensativo, e foi sobre o sobrenome dela: “Aurora Tiffon”.

Uma pessoa que já havia conhecido antes, e que tinha o sobrenome “Aurora”, era a Major Christine, ou Major Askenes.

“Casa Asknes… casa Tiffon… família Aurora… é?”

[Hm?]

“Essa garota é uma nobre, não?”

Sim. Ela pertencia à mesma família de Christine, mas em casas diferentes.

[Hm. Estava pensando aqui, e será que ela só perguntou se você era um nobre porque, se fosse, seria muito bom para o abaixo-assinado? Os nobres têm uma certa influência nas pessoas, não?]

“Acho que sim. Mas, ela sendo uma nobre, não daria o mesmo efeito?”

[Vai que a parte nobre dela não seja tão famosa.]

“Talvez.”

[Mas, enfim, vamos parar de pensar nisso. Nós chegamos.]

Dante se deparou na frente de um restaurante. Ele pegou o cartão do seu bolso, e comparou com o nome escrito na placa do lugar — eram os mesmos.

— Bem, vamos entrando então.

Ao entrar, se deparou com um casual e pequeno estabelecimento. Passou pela balconista e observou o lugar. Poucas mesas, mas muitas pessoas. Parecia uma lanchonete.

— Uh.

Foi quando ele viu uma garota acenando para ele. Era Emi, que usava roupas casuais, completamente o oposto de seu uniforme de trabalho: uma camiseta cinza sobre um casaco amarelo e sem capuz, junto de uma calça e sapatilha preta.

— Desculpa a demora — disse o garoto.

— Nem demorou.

Ele sentou-se ao seu lado. Eles estavam localizados em uma mesa do lado de uma enorme janela, que mostrava uma outra rua, bonita e movimentada.

— Antes de lermos, vamos pegar uma coisa para comer ou beber. Ainda está com o cartão que usei? Você usará isso para pagar a conta. Contas separadas, claro! Não somos nenhum tipo de casal.

— Sim, eu entendi. Apesar de ser estranho você ter me chamado para ler em um restaurante.

— Gosto de ler comendo alguma coisa, e é proibido levar comida para a biblioteca da capital. Pode levar só água.

— Ah! Eu também comia alguma coisa enquanto lia. Só tem que tomar cuidado para não manchar ou molhar as páginas.

— Exatamente. — Emi estendeu sua mão ao ar — Ei, garçom!

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