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A escuridão da noite infiltrou-se na cabana, lançando sombras que dançavam nas paredes, refletindo a atmosfera sombria que pairava sobre o grupo. A luz fraca dos livros mágicos no chão proporcionava apenas uma iluminação tênue, destacando a incerteza que se desenrolava no ambiente.

Kraus, visivelmente perdido, observava a situação com olhos incapazes de encontrar soluções. Apenas a confusão se refletia em seu rosto, um reflexo do desamparo perante a crise que se desenrolava diante deles.

— O que podemos fazer? Não entendo o que está acontecendo com ele… — sua voz embargada pela impotência, ecoou na cabana.

Sophia, por outro lado, estava em movimento constante, seus pensamentos trabalhando em sobreposição com a urgência do momento. Cada passo era uma tentativa de encontrar uma saída, uma solução que pudesse impedir o inevitável. Seus olhos revelavam o desespero de quem via um ente querido à beira do abismo.

— Kraus, eu não sei o que fazer. Ele está… está… — as palavras se embaralharam, um eco do pânico que ameaçava engoli-la.

A tensão na cabana era palpável, alimentada pela sensação crescente de impotência diante de um evento que desafiava toda a compreensão mágica que possuíam.

O destino de Lukky se perdia no equilíbrio, uma dança entre a vida e a morte iminente. O que quer que viesse a seguir seria esculpido pelas mãos trêmulas daqueles que lutavam contra as sombras, tanto internas quanto externas…

Em sua mente, tanto o jovem quanto o seu subconsciente meditavam tentando vislumbrar o estado atual do seu núcleo mágico.

A imagem que se formatava retratava o anel com a estrela no meio, mas a simbologia do elemento ‘fogo’ parecia estar em conflito com algo…

Prestando mais atenção, era visível as pequenas oscilações de mana. É embaixo do núcleo estava uma energia escura, que tentava se espalhar pouco a pouco fazendo o núcleo ‘apodrecer’.

— Parece que descobrimos o motivo dessa algazarra toda — o subconsciente junto ao jovem se manifestavam como fantasmas naquele lugar.

— Mas, o que seria isso? — ambos falavam em uníssono olhando para a ‘corrupção’.

O fogo tentava impedir a propagação daquela energia, dando diversos ‘choques’ a cada toque.

— É então? O que podemos fazer, ‘outro eu’?

O subconsciente olhou mais um pouco para a situação tendo uma pequena ideia. Logo mostrou memórias do Grimório das 7 Chamas…

— Podemos… Tentar ativar a primeira ignição. Em teoria acredito que a nossa chama não está usando esse método, o que aparentar ser fraca demais para combater essa coisa… — dizia em um tom sério com a mão no queixo.

O jovem revendo as memórias passadas ainda achava tudo muito confuso.

— Mas… Nós só lemos uma vez, talvez esquecemos de algo ou sei lá, pode dar errado…

O subconsciente arqueou uma sobrancelha, confuso diante do comentário. A verdade é que a mente, ou melhor, o subconsciente, compreende todos os meandros do corpo, pois é quem gerencia tudo, enquanto o jovem permanece alheio ao poder imenso que sua mente exerce e o limita…

— Eu esqueci que você não entende essas coisas… Apenas deixe comigo, é em retribuição irei te dar um presente — sorria enquanto estalava os dedos fazendo o jovem sumir de lá.

— O quê!? Não! Espera, me explique isso! —

Enquanto isso no lado de fora…

Os dois amigos discutiam acreditando serem culpados desse ocorrido.

— Isso é inteiramente nossa culpa, Kraus! Se não tivéssemos concordado em deixá-lo aqui, isso não estaria acontecendo! — a garota lacrimejava, suas mãos agora pressionando sua cabeça com pesar.

— Se acalme, Sophia! Tenha um pouco de fé, como poderíamos saber que isso iria acontecer? Pense um pouco!

O nosso jovem, deitado aos prantos naquela cama suja e empoeirada, começava a manipular a mana ao seu redor, girando-a de forma sutil em seu corpo. Seus amigos ouviram e sentiram uma pequena brisa quente vindo do mesmo lugar; era como se algo estivesse passando por uma transformação…

— Lukky!?

Enquanto seus amigos se aproximavam ainda mais, a mana começava a ficar mais intensa, até que tudo se concentrou, indo em direção ao núcleo do jovem.

Calados, observavam esse evento, e em poucos instantes, ele abriu os olhos pouco a pouco tentando se apoiar na cama para sentar-se.

— Lukky! Seu idiota! O que você fez!? — a garota o abraçava, choramingando.

— Ah? O que você está falando? — o garoto expressava dúvida, como se não se lembrasse do que ocorreu.

A garota se afastou, fazendo Kraus assumir, tocando os ombros de Lukky.

— Você… Quase morreu!

— Nossa, seri- — antes que terminasse de falar, sangue subiu em sua garganta, fazendo-o despejar tudo na cara de seu amigo — bluaaargh!

O sangue vomitado cobria todo o rosto de Kraus, transformando sua expressão de felicidade pela vida do amigo em raiva por ele sobreviver.

— SEU ARROMBADO! — o garoto agarrou o pescoço do outro e começou a enforcá-lo.

— SE VOCÊ NÃO MORREU ANTES, É AGORA QUE VAI MORRER!

A garota, desesperada, tentava impedir a briga, gritando: — PAREM! PAREM, PELO AMOR DE DEUS! — se jogou sobre os dois, fazendo um esforço inútil para separá-los.

— Sophia, o que deu em você? — gritava, ainda segurando o colega, cujo rosto estava ficando roxo.

— Pare, Kraus! Você quer matá-lo de verdade? — puxava o amigo com toda a força, até que finalmente cedeu.

Lukky, embora confuso e ainda um pouco zonzo, observava a cena com uma mistura de surpresa e perplexidade. A atmosfera pesada da cabana agora estava preenchida com uma tensão diferente, uma mistura de alívio, raiva e confusão.

— O que… o que está acontecendo aqui? — o garoto balbuciou, tocando sua própria boca, agora suja de sangue.

— Você quase morreu e agora… isso! — Kraus apontou para o sangue em seu rosto, um misto de raiva e alívio ainda visível em seus olhos.

Sophia, cansada e com os olhos ainda marejados, explicou: — Você vomitou sangue, e depois… bem, depois disso, Kraus surtou.

— Eu surtei? VOCÊ surtou! Eu pensei que ele estivesse morto, e de repente cospe sangue em mim!

— Parece que você está bem agora, Lukky. Mas o que diabos aconteceu?

Lukky, coçando a cabeça confusa, tentou juntar as peças do quebra-cabeça de sua memória fragmentada.

— Eu estava tentando usar o que aprendi no livro, sobre as Ignições… Mas eu achei que precisaria ter um núcleo mais forte para isso… É depois… acho que algo deu errado?

Os três se entreolharam, tentando processar a reviravolta surreal dos acontecimentos.

— Ignições? Que história é essa? — Kraus ainda estava irritado, mas a confusão em seu rosto estava começando a superar a raiva.

— Parece que Lukky descobriu algo interessante. Vamos nos acalmar e ouvir o que ele tem a dizer. — Sophia sugeriu, e gradualmente a tensão começou a ceder, dando lugar a uma expectativa nervosa pelo que viria a seguir.

Lukky, ainda se recuperando, explicou aos amigos sobre suas descobertas com as Ignições e como tentou aplicá-las para salvar sua própria vida, parecia ser uma história alternativa a qual o ‘subconsciente’ não era citado. Kraus e Sophia ouviam atentamente, passando da raiva para a surpresa diante da complexidade da situação.

— Então, basicamente, você estava mexendo com magia avançada sem saber direito o que estava fazendo? — Kraus resumiu, misturando incredulidade com um leve toque de humor.

— Mais ou menos… — coçou a cabeça, sorrindo sem graça. — eu estava desesperado, e as Ignições pareciam ser a única opção. Não esperava que fosse resultar nisso.

Sophia, ainda preocupada, perguntou: — Mas você está se sentindo bem agora?

— Surpreendentemente, sim. Acho que essa coisa estranha na minha magia desapareceu.

Enquanto conversavam, a energia na cabana começou a se acalmar. A tensão inicial deu lugar a um entendimento mais profundo do que aconteceu. Kraus, percebendo que suas ações precipitadas foram injustificadas, coçou a cabeça, sem graça.

— Talvez tenhamos te subestimado. — deu um sorriso desconfortável.

Sophia concordou: — Parece que, de alguma forma, encontrou uma solução para o problema. Mas ainda precisamos entender melhor essas Ignições.

— Vamos deixar isso para depois. Agora, acho que precisamos nos acalmar e descansar um pouco. A noite foi intensa, para dizer o mínimo. — Lukky sugeriu, e todos concordaram.

Sentados na cabana, os três amigos compartilharam um momento de alívio e compreensão mútua. O desconhecido ainda pairava sobre eles, mas, por enquanto, o que importava era que Lukky estava vivo, e havia uma nova fronteira de magia para explorar.

A luz tênue dos livros mágicos continuou a iluminar a noite, enquanto a escuridão lá fora parecia menos ameaçadora. Não sabiam o que o amanhã traria, mas, por agora, estavam juntos, enfrentando os desafios do desconhecido com coragem renovada…

[Continua…]

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