Sob a penumbra de um beco estreito, os jovens discutiam o enigma que os atormentava. Buscavam desesperadamente uma solução, ou ao menos compreender o que o **futuro** reservava.
Lukky, encostado na parede fria, virava as costas para o colega. Seu olhar, perdido no vazio, refletia sobre a sombria possibilidade de sua **morte**. A existência de um **clone** era algo que desafiava sua razão.
— Escuta, eu sei que parece loucura, mas. . . — Kraus tocava o ombro de Lukky com gentileza — Precisamos juntar as peças desse quebra-cabeça…
Ele foi interrompido pelas palavras decididas de Lukky.
— Já captei, Kraus — disse, inspirando profundamente, pronto para compartilhar seu pensamento — Vamos considerar que esse clone seja uma cópia distribuída universalmente, um para cada pessoa…
— Isso significa que até mesmo em nossas famílias, alguém poderia estar ocupando nosso lugar, mas certamente não são idênticos a nós, certo?
A cada momento, novas teorias brotavam em suas mentes inquietas.
— Exato. . . Eles devem ter feito experimentos, lembro de ter lido sobre a criação de golens e também existem artefatos e encantamentos para alterar aparência. . . — Kraus acariciava o queixo, ponderando — Podemos descartar encantamentos ou bênçãos, considerando a hipótese de um clone para cada um, seria algo muito extravagante. . .
— Sem dúvida. . . E os artefatos também, imagina o custo disso, daria para alimentar uma vila inteira com pães doces. . . — comentou, enquanto seu estômago roncava vorazmente.
— Pães doces? — Lukky riu, seu próprio estômago ecoando o som, o que os fez corar — Deixa pra lá, logo faremos uma pausa para o café. Resta a questão dos golems e da criação de ‘vida’, todas as hipóteses ainda mais absurdas.
Kraus prosseguiu, massageando o abdômen.
— Meu primo estudava naquele lugar, ele mudou, ficou ‘diferente’ depois de entrar lá, sua aura estava distorcida. Mas fora isso, nada mais mudou, meus tios permaneceram os mesmos, então é provável que nossas famílias estejam seguras — agora, contemplava suas mãos, mais reflexivo do que nunca — Portanto, precisamos nos fortalecer, só assim poderemos fazer algo, como desmascarar a academia de alguma maneira. Há nobres envolvidos, então é algo profundo, se pedirmos ajuda aos mais velhos, eles provavelmente não acreditarão, ou seja. . .
Em uníssono falaram:
— Teremos que agir com nossas próprias mãos!
Interrompidos, um arrepio cortante atravessou seus ombros, fazendo-os girar com olhos arregalados.
Diante deles, o imponente guerreiro de antes, com uma ruga de preocupação na testa, inclinou-se ligeiramente, perplexo com o susto dos jovens.
— Por acaso, assustei vocês?
Eles trocaram olhares cúmplices e, após uma respiração profunda, responderam:
— Imagina… Só nos pegou de surpresa. Mas, enfim, decidimos que queremos entrar nessa aventura contigo.
Com um levantar de sobrancelhas, o guerreiro indagou:
— Verdade? Saibam que o caminho é árduo e, por vezes, impiedoso…
Apesar do aviso sombrio, os rapazes não recuaram; pelo contrário, exibiram um sorriso desafiador.
— Pode deixar, vai ser *very ez* — disse um, dando um soquinho camarada no ombro do outro.
— Hum… Então sigam-me, explicarei os detalhes enquanto caminhamos…
— Dá pra esperar só um instante? — pediu Lukky, hesitante.
— E por que haveríamos de esperar?
Antes que Lukky pudesse formular uma resposta, o ronco das barrigas vazias falou mais alto. O guerreiro soltou uma gargalhada, escondendo um sorriso com a mão, e concedeu a pausa para o desjejum.
Apressados, dirigiram-se à senhora Nica, inquirindo sobre as delícias do dia.
Com um humor leve e descontraído, encerraram o intervalo matinal e saíram da casa, encontrando Dario à sombra de uma árvore frondosa.
— Prontos para o que vier! — anunciaram.
Dario ergueu-se num salto, pronto para liderar a marcha até o campo de treinamento. Atravessando a trilha que serpenteava pela aldeia, passaram por novas construções, a praça central e até a residência do líder. Durante o trajeto, Dario compartilhou os segredos da arte que estavam prestes a aprender.
Seria uma rotina de treinamento intensa, sete dias por semana, onde se dedicariam à caça, ao treino físico, corridas matinais e estudos estratégicos. Um verdadeiro curso para a ‘Elite’, aberto a todos os jovens que escolhessem trilhar esse caminho desafiador, mas jamais obrigatório.
Ao chegarem ao local, seus olhos se abriram para o vasto novo cenário. Um campo extenso, isolado da maioria das casas, situava-se discretamente atrás da residência do líder, como se guardasse a retaguarda da vila. Duas cabines se destacavam, cercadas por um espaço repleto de equipamentos antigos e desgastados pelo tempo. Troncos robustos serviam de sacos de boxe improvisados, e uma variedade de obstáculos convidava à escalada, ao salto e à corrida. À primeira vista, o lugar os impressionou, mas ao olhar mais atento…
— Nossa. . . Esse lugar parece. . .
— Velho e abandonado. . . — Kraus completou a frase.
Dário, por outro lado, contemplava o campo com um olhar distante, como se revisitasse um parque de infância, inundado por uma onda de nostalgia.
— Vocês acham? — murmurou, aproximando-se do portão de madeira que guardava a entrada. Com um toque leve, a estrutura cedeu, tombando com um suspiro de anos acumulados. — Pois bem! Sua primeira missão será revitalizar este campo de treinamento!
— O QUÊ? — exclamaram, boquiabertos.
— Haha! Considerem isso um aquecimento! Têm até o anoitecer para transformar este lugar — disse, virando as costas e acenando, enquanto se afastava.
Os rapazes permaneceram em silêncio por um longo minuto, processando o inesperado desafio. Depois, tentaram compreender a tarefa proposta e, por fim, relutantemente aceitaram, aproximando-se da sombra acolhedora de uma árvore.
— Quem ele pensa que é? Nos manda limpar esse lugar e simplesmente vai embora? Estranho, não? — Kraus questionou, acomodando-se no chão.
— Realmente esquisito, mas e agora, o que vamos fazer?
Kraus pensou por um momento antes de sugerir:
— Bem, vamos limpar, certo? Não podemos voltar agora, então precisamos de. . . Água!
— Água? Para limpar madeira?
— Com certeza não será com fogo, né? Mas, como vamos conseguir água?
Hmm. . . É complicado. O pessoal busca água no poço no centro da vila, mas é muito longe para irmos e voltarmos. . . — respondeu, deixando de lado a irritação anterior.
A preguiça pesava sobre eles, tornando a tarefa de limpar o local quase insuportável. No entanto, como se o destino tivesse outros planos, um rosto feminino surgiu à distância, sendo talvez a possibilidade de ajuda. Os rapazes trocaram olhares, curiosos e esperançosos, na esperança daquela oportunidade. . .