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O clima estava quente, em contraste com o frio e as chuvas incessantes das últimas semanas. O sol do meio da tarde lhe aquecia o rosto. A sensação agradável na pele se somava à mistura de cheiros que invadia suas narinas. Os mais perceptíveis eram de especiarias, que traziam consigo sugestões de sabores picantes, doces, perfumados ou defumados.

Maria raramente tinha folga. Poder desfrutar de um clima bom e um mercado abastecido sem precisar se preocupar em voltar logo para o castelo era uma bênção rara em sua atribulada rotina. Nesse dia tinha uma tarefa a cumprir, portanto não estava totalmente livre ainda. Seu compromisso não era exatamente oficial, então se deixasse de cumpri-lo não haveria problema algum. Na verdade nem sabia se deveria chamar aquilo de compromisso ou de pura bisbilhotice. Não fosse a leve obsessão que lhe tomava conta nas últimas semanas, seu pudor nunca a deixaria fazer isso. Mas estava decidida.

Andar entre as barracas era seu passeio favorito. Gastava todo o tempo que podia manuseando pequenos adornos esculpidos em madeira ou osso, peças de tecido coloridas ou objetos feitos de vidro cintilante. Era comum perder a noção do tempo até que o vendedor se sentisse obrigado a chamar sua atenção com uma cobrança do tipo: “E aí? Vai levar?” ou então simplesmente lembrando-lhe o valor da peça e retirando-a de suas mãos para devolvê-la à exposição.

Um forte cheiro de ervas chamou a sua atenção. Na barraca de onde exalava, Maria sorriu quando reconheceu um vidro com seu chá favorito. Pegou uma quantidade generosa de folhas e colocou-as perto de seu nariz, sentindo seu familiar cheiro adocicado. Enquanto fazia isso, não conseguia deixar de olhar para os lados, de onde outros vidros contendo uma enorme variedade de ingredientes convidavam-na a repetir o gesto. A maioria eram folhas de chá, mas havia também temperos, realçadores de sabores e outras substâncias de uso culinário. Maria não cozinhava, mas sempre que podia levava tudo o que achava ter um sabor ou cheiro interessante para a cozinha do castelo. Acabava aprendendo bastante com os cozinheiros e cozinheiras, a ponto de saber combinar alguns dos condimentos certos com cada tipo de comida e bebida, mas nada além disso.

Após agradecer à sorridente atendente e lhe entregar a soma correspondente à sua compra, Maria continuou seu passeio. Entre os gritos de vendedores e compradores que barganhavam, ouviu música vinda de um dos lados da praça. Era um som simples, cru, feito por poucos instrumentos, provavelmente uma dupla ou trio de menestréis apresentando-se. Sentiu vontade de se aproximar e apreciar o som alegre, mas decidiu primeiro completar sua tarefa. O lugar ficava perto da praça, portanto seria fácil juntar-se à pequena multidão que dançava e cantarolava assim que tivesse terminado.

Tão logo saiu do labirinto de tendas e barracas em que estava, Maria vislumbrou a praça. Estava apinhada de gente de todo tipo, homens e mulheres de todas as idades e classes sociais. Fervilhava com tudo o que a sociedade oferecia. Narizes empinados e corpos rechonchudos envoltos em tecidos finos e coloridos desviavam-se do olhar de maltrapilhos, magros e com suas vestes marrons. Famílias iam de um lado para outro, casais andavam abraçados, e guardas patrulhavam, andando vagarosamente com suas mãos sobre as espadas.

Havia também muitas crianças, correndo, pulando, rindo e fazendo todo o tipo de barulho que era possível. Uma menina acariciava a cabeça de uma pequena boneca de pano, enquanto sua amiga lhe servia algo que poderia ser veneno ou chá imaginário. Outras crianças brincavam de lutar com espadas de madeira. Maria sorriu ao ver uma menina esperando sua vez de duelar, sua espadinha imitando os movimentos dos meninos enquanto eles faziam simulações grosseiras dos golpes de um espadachim. 

Ao lado da praça havia uma taverna. Era famosa por ser a única na região que servia comida e bebida de qualidade. Maria a frequentava algumas vezes, sempre em companhia das mulheres que trabalhavam no castelo. Divertia-se muito comendo e bebendo em meio a conversas despreocupadas, livre das tribulações da vida profissional. Ao avistar a clientela daquele dia, Maria sentiu o ar lhe faltar.

Soldados da guarda real.

Uma mesa grande foi montada no canto da praça, em frente à taverna. Aparentemente, os cerca de vinte homens — todos seus comandados — haviam combinado alguma comemoração naquele dia. Alguns ainda usavam suas roupas oficiais, um colete vermelho e amarelo que normalmente era usado sobre suas placas peitorais ou como uma camisa, caso estivessem sem armadura. Certamente tinham saído do castelo assim que seu turno acabou, sem se preocupar em trocar de roupa. Outros usavam roupas normais. Cáqui, marrom e verde eram as cores dominantes. Havia também algumas mulheres, que Maria deduziu serem companheiras de alguns dos soldados, ou garotas interessadas em alguém do barulhento grupo.

Ela reconheceu a maioria dos rostos ali, mas — e novamente repreendeu-se por isso — não conseguia se lembrar de muitos nomes. Alguns lhe vieram à mente: Paulo, Bartolomeu… Silas? Mas os poucos que sabia não vinham associados aos rostos que sorriam, falavam, comiam e bebiam naquela tarde.

Maria sentiu medo de ser reconhecida. Não que houvesse a menor possibilidade de isso acontecer. Não usava sua armadura, e sim um vestido branco e azul, preso num corpete marrom. A roupa cobria suas pernas completamente e escondia seu pé metálico. Mesmo assim, evitou encarar o pessoal enquanto seguia pela praça.

Por um breve momento, imaginou-se sentada ali, junto com eles, como tantas vezes fez em seu antigo batalhão, bebendo e gargalhando, ouvindo todo tipo de piadas e comentários machistas que eram recorrentes nesse tipo de reunião. A convivência com homens tinha lhe ensinado paciência para ouvir, e lhe conferido uma enorme dose de boa vontade, permitindo-lhe enxergar além da superfície. A grande maioria dos homens com quem compartilhou as crueldades da guerra tinha um bom coração, ainda que suas bocas soassem extremamente rudes quando eram abertas. E eles sabiam ser muito divertidos quando não estavam ocupados dizendo besteiras sobre mulheres ou tentando levá-la para a cama.

Mas logo apagou a imagem de sua mente. O grupo parecia muito feliz e à vontade. Ainda que estivesse louca por uma boa conversa e risadas, Maria não queria constrangê-los ao impor sua presença de autoridade em um encontro entre amigos.

Como não queria ficar encarando o grupo por muito tempo, não pôde fazer o que obviamente sentia vontade — procurar o rosto de Martim sentado à grande mesa. Não o viu em seu primeiro vislumbre, e nem durante os breves olhares que teve coragem de desferir, aos poucos, enquanto se afastava. Desistiu e seguiu adiante.

O lugar para onde se dirigia ficava em uma rua estreita, cujo acesso se escondia entre duas lojas abarrotadas de tecidos e peças de vestuário penduradas em cabides e ganchos. Afastou com a mão uma longa tira de pano vermelho, desviou a cabeça de uma vara cheia de lenços e entrou na pequena rua. Apesar da claridade do dia, era um pouco escura. Por esse motivo, duas tochas iluminavam a porta de madeira, assim como a placa do estabelecimento, onde lia-se: “Diversão e Arte”. Era um nome muito estranho para um prostíbulo.

Maria aproximou-se e bateu à porta, evitando olhar para os lados. Ajeitou melhor as suas compras na sacola que levava a tiracolo e aguardou alguns instantes, até que ouviu um barulho de chave e o rangido das dobradiças. No vão entre o batente e a porta que se entreabriu, um rosto de mulher apareceu. Seus olhos e boca estavam maquiados com fortes tons de vermelho que destacavam seus traços femininos. Disse:

— Pois não?

— Boa tarde. Gostaria de falar com a senhorita Pérola, por favor.

A mulher olhou-a da cabeça aos pés e respondeu, com certo desprezo na voz:

— Espere aqui.

A porta se fechou. Depois de alguns instantes, voltou a se abrir, desta vez inteiramente.

— Maria! Que surpresa, pode entrar.

Pérola era uma mulher de meia idade, baixa e com o corpo rechonchudo. Tinha cabelos longos, negros, bastante lisos. Seu rosto tinha traços mais duros do que a maioria das mulheres. O queixo era um pouco quadrado, e um nariz fino e comprido se destacava. Tinha enormes olhos negros e uma boca larga e sedutora, atrativos que eram habilmente realçados por sua postura confiante e movimentos insinuantes. Quando jovem, sua beleza exótica certamente fazia sucesso entre os frequentadores do prostíbulo. Provavelmente foi esse sucesso que lhe ajudou a conquistar sua posição como atual dona do estabelecimento.

Maria sorriu e deu-lhe um abraço, ao que foi retribuída. Pérola fechou a porta, e o forte cheiro de fumaça e incenso que dominava o lugar se intensificou. A anfitriã fez um gesto, apontando em direção a uma sala que ficava no fim de um longo corredor, e Maria começou a se mover.

— Eu não esperava você aqui tão cedo — disse Pérola às suas costas. — Não sei se vou poder ajudar… 

— Não se preocupe — disse Maria, olhando para trás rapidamente. — A rainha apenas quer garantir que está tudo sob controle. É só uma precaução extra.

— É claro — Pérola respondeu, com um sorriso enigmático no rosto.

Maria continuou a caminhar. Ela conhecia o local, pois já tinha visitado-o várias vezes. Do lado direito havia um grande salão, com mesas e cadeiras, um balcão onde serviam-se bebidas, e um pequeno palco adornado por véus e cortinas. Estava vazio, exceto por uma garota que arrumava o local, ajeitando a posição de velas sobre as mesas e empurrando cadeiras para seus lugares designados.

Do lado esquerdo, ficavam pequenas salas onde muitas mulheres estavam se arrumando. Algumas se maquiavam, mirando seus belos rostos nos pequenos espelhos enquanto espalhavam tintura colorida nos olhos, boca e bochechas. Outras concentravam-se nos cabelos, ajudando-se umas às outras, prendendo mechas e fazendo arranjos com laços e flores coloridas. Algumas estavam nuas, outras seminuas, enquanto outras trajavam longos vestidos dos quais faltavam grandes porções de pano, expondo seus braços, colos e pernas.

Maria e Pérola chegaram a uma pequena sala no final do corredor. A dona do prostíbulo deu a volta na mesa que havia no centro e sentou-se em sua cadeira. Maria sentou-se à sua frente, ainda sorrindo simpaticamente. Pérola disse:

— Desculpe-me ser um pouco rude, Maria, mas eu não tenho muito tempo hoje. Já está anoitecendo, e daqui a pouco nós vamos abrir.

Maria assustou-se um pouco. Planejou gastar um tempo com uma pequena conversa mole antes de entrar no assunto que queria, com medo de parecer muito desesperada.

— Oh! Sim, sim, é claro! Não vou tomar muito seu tempo.

— E é como eu disse antes, eu não sei como posso te ajudar mais, eu já fiz um relatório para a rainha na semana passada, não tenho nenhuma novidade desde então.

Maria ficou estupefata. Teria ouvido direito?

— O que? Você conversou com a rainha Catarina?

— Sim, algo errado?

Uma enorme irritação cresceu no peito de Maria. Frustração e afronta transpareceram em sua voz, que se elevou:

— Mas… sou eu quem faz os relatórios para a rainha!

Pérola não disse nada, apenas repuxou os lábios para o lado e levantou os ombros, indicando que não dava muita importância ao assunto.

— Quantas vezes ela fez isso? — perguntou Maria, ainda irritada.

— Ei, calma, garota — Pérola sorriu maternalmente. — Não tenho culpa se vocês não se entendem. Acho que foram três ou quatro vezes, só isso.

— Desculpe-me… é que… — Maria não queria discutir aquele assunto com ela. — Não importa. O que foi que você reportou à rainha?

No início Pérola hesitou, mas depois fez o mesmo gesto de desprezo com os ombros e disse:

— Nada de mais, na verdade. Nenhuma novidade, intriga ou segredo que já não tínhamos reportado antes. Nenhum sinal de conspiração, trairagem ou qualquer problema para a coroa ou para o reino — disse, em tom monótono.

— E como anda a frequência das meninas lá no castelo?

— Ah, pelo menos uma vez por semana, às vezes duas. Sempre tem alguém requisitando nossos serviços. E nos finais de semana muitos vem aqui, é claro.

Maria assentiu com a cabeça. Era hora de seguir seu roteiro:

— Certo. Tem uma coisa que eu pensei… que poderia ser uma informação útil. — Pigarreou, nervosa. — Seria bom se eu pudesse saber quem anda solicitando seu… hã… entretenimento… com mais frequência.

Pérola olhou-a com suspeição. Maria decidiu não parar, caso contrário poderia não conseguir a informação.

— Principalmente os meus soldados. Soldados da guarda real, digo.

Ao ouvir essa parte, a mulher, que a princípio não parecia disposta a colaborar, relaxou:

— Ah, sobre os soldados, tudo bem. Se fosse sobre os nobres ou alguém importante na corte eu nunca revelaria nada a você. Nem à rainha. O sigilo é muito importante no nosso negócio.

Pérola pensou um pouco e começou a recitar nomes que Maria reconhecia. “Paulo, Aguiar, Afonso, Baltasar, ah, o Ricardo, esse sempre pede… tem o João…”. Havia também nomes que Maria não reconhecia. Após o término da lista, disse:

— Pelo que eu me lembre, é isso. Ajudei?

— Sim, ajudou muito.

— Tem mais alguma coisa com que eu posso ajudar, fofa? — Ela estava impaciente.

— Er… Sim… Tem um soldado, em particular. — Sentiu o rosto se aquecendo. Agradeceu pelo fato de que a sala estava escura, iluminada apenas por uma chama avermelhada. — O nome dele é Martim. Sabe dizer se ele tem se envolvido com as suas meninas?

Pérola deu um largo sorriso, parecendo entender tudo.

Droga!

Odiava ter que se expor assim, mas essa mulher era discreta, e Maria sabia que não haveria consequência nenhuma se ela desconfiasse de seu interesse pelo soldado. Pérola levantou-se e saiu da sala, deixando Maria questionando sua atitude ousada.

O que estou fazendo aqui?

Ela genuinamente não sabia a resposta. Só sabia que estava profundamente incomodada, pois Martim não saía de sua cabeça. Ela era a capitã, e ele, um soldado, e esse fato era mais do que suficiente para tentar se afastar dele a todo custo. Mas era um raciocínio puramente lógico e, portanto, não era forte o bastante.

E não era só isso. Maria tinha esperança que Madame Pérola lhe contasse algum fato obscuro sobre Martim. Ele bem que podia ser um mulherengo, um cafajeste que se aproveita das mulheres, que não as respeita e as trata como pedaços de carne. Se soubesse que ele tinha qualquer traço desse tipo de personalidade, tão comum entre soldados, seria muito mais fácil afastá-lo de sua mente. E ela tinha certeza de que ele seria assim. Desde a adolescência, literalmente todos os homens com quem conviveu e se relacionou eram soldados ou tinham alguma relação com o serviço militar. Isso ensinou-lhe muita coisa. E também lhe causou muita dor e decepção amorosa.

Mas uma pequena parte de si — uma parte tola e juvenil, dotada de um otimismo perigoso, e que insistia em dar as caras de vez em quando — tinha outra esperança. Quem sabe…

Madame Pérola interrompeu seus pensamentos ao entrar na sala acompanhada de outra mulher.

A moça estava completamente arrumada. Tinha olhos grandes e expressivos, cabelos castanhos, longos e ondulados, e um rosto fino e delicado. Pelas cores chamativas de sua maquiagem, seu vestido provocador e o forte perfume que exalava, estava pronta para atrair a atenção dos homens e ganhar um bom dinheiro na noite que se aproximava.

— Violeta, querida. A minha amiga Maria trabalha para a rainha, naquele esquema. — Levantou as sobrancelhas. — E precisa de algumas informações. Pode ajudá-la?

— Sim, madame Pérola. Eu já estou quase pronta mesmo.

— Ótimo. Maria, eu preciso ir, já vamos abrir e ainda tenho coisas para fazer. Foi muito bom recebê-la. — Estendeu a mão.

Entendendo o gesto, Maria tirou da sacola dois dobrões de prata e os colocou nas mãos da mulher.

— A rainha tem sido um pouco mais generosa, sabe?

Maria reviveu um pouco sua irritação de momentos atrás e acrescentou uma moeda ao pagamento.

— Muito agradecida. Pode sempre contar com a gente. — Deu uma piscadela enquanto enfiava as moedas no bolso e saiu da sala.

Maria virou-se para a prostituta que estava ali. Ela puxava seu vestido para cima, ainda insatisfeita com o jeito que caía de seu busto. Maria falou:

— Então, é… eu queria saber se um de meus soldados… — De novo usou a palavra “meus” e teve que corrigir. — Soldados da guarda real… tem se relacionado com as meninas daqui com muita frequência.

— Qual soldado? — Violeta perguntou, ainda concentrando-se em encaixar melhor seus seios no vestido, sem olhar para Maria.

— O nome dele é Martim. Ele é loiro, e… 

A mulher não precisou terminar de ouvir a descrição, pois seu rosto se derreteu em um largo sorriso imediatamente.

— Aaah, o Martim. Sim, eu sei quem é.

Maria sentiu que logo teria a confirmação que esperava. Ficou agitada e cobrou uma resposta:

— E então? Ele tem se envolvido muito com vocês?

A mulher suspirou disse:

— Não, o Martim é muito tímido. Não que a gente não fique provocando, né? — Sorriu ainda mais, os cantos de sua enorme boca vermelha indo quase até as orelhas. — Seria bom para os negócios… além de um prazer enorme. Imagina, ir para a cama com um homem daqueles… eu acho que iria até de graça.

Sentindo ainda muito calor nas bochechas, Maria aguardou a moça terminar:

— Algumas meninas acham que ele gosta de homens, mas eu não acho. Ele fica na sala às vezes, bebendo e olhando, enquanto a gente dança e faz nosso show, antes de… sabe?

Maria assentiu com a cabeça, dando um sorriso nervoso e sentindo uma enorme vontade de apertar o pescoço de Violeta.

— Mas quando a coisa começa pra valer, ele sempre sai da sala. Os outros rapazes ficam chamando, segurando, mas ele sempre escapa.

Maria lutou para que o acelerar de seu coração não transparecesse em sua voz. Tentando ficar séria, disse:

— Está certo. Muito obrigada, Violeta.

— De nada. — Fez uma pausa. — Está interessada nele?

Violeta a olhava de soslaio, com um sorriso desafiador no rosto. Sem saber o que responder, Maria permaneceu calada, o rosto explodindo em chamas. 

— Nem precisa responder. Está na sua cara, amiga! — disse Violeta, e seu sorriso mudou para um mais amável.

Maria relaxou um pouco e sorriu junto. Levantou-se, agradeceu novamente pela ajuda e se despediu antes de sair da sala.

Enquanto atravessava de volta o corredor do prostíbulo, Maria sentia o coração batendo forte. Não conseguiu alcançar seu objetivo. Se a ideia era se ver livre de Martim, a visita no “Diversão e Arte” teve o efeito contrário. Talvez ele fosse de fato diferente da maioria dos homens, e teria ao menos um pouco de respeito pelas mulheres. E talvez, se por algum milagre ela conseguisse achar um jeito de ignorar a sua relação de trabalho, e eles ficassem juntos, ele não a machucasse como outros já fizeram.

Não, Maria, pare com isso. Pare de fantasiar essas coisas. Você mal conversou com ele duas vezes.

É, eu deveria conversar mais com ele, mas onde? No castelo? Posso chamá-lo para conversar privadamente na minha sala.

Melhor não, alguém pode ver.

E se eu descobrisse para onde ele vai nas folgas? Como fazer isso sem parecer uma perseguidora?

Ah, quem está enganando? Você acabou de conversar com duas prostitutas para tentar descobrir coisas sobre o rapaz, você já é uma perseguidora, Maria, admita.

Todos esses pensamentos desapareceram no instante em que colocou o pé para fora do estabelecimento. 

Martim estava ali.

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Olá, eu sou Daniel.Lucredio!

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