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Com os pés firmemente cravados na areia negra, Liliel avança com uma expressão carregada de desconfiança, como se o próprio ar ao seu redor estivesse impregnado por uma sensação sufocante e opressiva.

Diante dela, ergue-se o imponente Palácio da Inveja, uma construção de traços majestosos, mas que exala decadência. Outrora, a fortaleza do temido demônio-rei Leviel, agora é uma hospedaria sombria. Contudo, o que mais a inquieta não é o abandono do palácio, que há ciclos não vê uma alma viva, mas sim a enigmática figura que a espera, imóvel, à sua frente.

— Gallael… a falha do imperador — a voz de Liliel corta o ar, carregada de veneno, mascarado por uma fina camada de arrogância. — Não imaginei que ainda respirasse. Luciel te perdoou seu fracote?

Os olhares dos dois se cruzam, e a tensão no ar parece ganhar forma, densa e opressiva, enquanto suas auras abissais se chocam em um embate silencioso. Atrás dele, o Palácio da Inveja projeta uma sombra pesada, ecoando a escuridão de suas intenções e amplificando a atmosfera de confronto iminente.

— É… nem eu que você um dia se libertasse de seu tormento — responde Gallael, com um sorriso forçado que mal disfarça o incômodo que a presença dela lhe causa. Seus olhos se estreitam e os lábios se retraem em um esgar de puro desprezo. — Você continua a mesma arrogante de sempre, sabia? — O tom ácido cresce, enquanto sua mão instintivamente se fecha em torno do cabo da espada nas costas, como se a qualquer momento estivesse à beira de desferir um golpe.

Já se enfrentaram tantas vezes no passado que aquele gesto se torna quase automático.

Liliel, porém, solta uma risada de desdém, alheia ao ódio fervente nos olhos do demônio.

— Ainda não superou aquilo? — zomba, seus olhos brilhando com uma malícia fria, como se o rancor dele fosse pouco mais que uma diversão trivial.

Antes que ele possa responder, o portal brilha ao fundo após um pulsar, e dele emerge Asmael. Ele emana tanta energia que chega a suspirar, o fluxo de suas trevas cresce como brasas com a grandiosidade de sua escuridão, e após o portal se fechar com um estalo sombrio, Gallael reage com certa indiferença, sendo até implicante.

— Sério? — diz, sua voz carregada de incredulidade.

— Como poderia esquecer? — O tom dele é de pura fúria reprimida. — Você manchou minha honra!

Ele dá um passo à frente, mas antes que possa avançar, Mael aparece do interior do palácio, empurrando com facilidade um portão que pesa toneladas. Sua entrada é quase teatral, e seus olhos percorrem a cena com uma arrogância superior.

— Liliel! Quanto tempo, hein? — ele sorri, colocando uma mão pesada sobre o ombro de Gallael. — Como foram suas férias no banimento?

— Por que você se importa? Quer prever o seu próprio destino? — Asmael provoca, colocando as mãos de maneira paternalista no ombro de Liliel. Mas ela o afasta com um gesto brusco, como se seu toque a contaminasse.

— Vocês dois estão agindo como se fossem uma família feliz, que nojo. — Ela enrola as asas em seu corpo, que rapidamente se transformam em um vestido carmesim que roça o chão. — Por que não vão direto ao ponto?

— Você fala com muita confiança para alguém que declarou guerra ao império e fugiu com Azaael. — Gallael retruca, seus olhos faiscando com desdém. — Será que o tempo lhe deu a inteligência que faltava?

Ele olha para Mael de soslaio, respirando fundo como se buscasse paciência.

— Para resumir, faremos o primeiro movimento de guerra. Não sei se seu “papai” te atualizou, mas temos um humano do nosso lado! — As palavras são cuspidas com uma frieza que faz o ar ao redor parecer ainda mais pesado.

— E daí? — interrompe Liliel, sem um pingo de interesse. — Quero saber onde entro nisso!

Asmael, que sempre se orgulha de seu bom senso, toma a palavra.

— Bem, no estilo Luciel de sempre, vocês e mais quatro demônios organizarão um genocídio em massa. Vocês serão o braço direito desse humano enquanto ele orquestra a destruição!

— Vamos dar total apoio — continua Gallael, sua postura agora mais firme, como a de um líder. — e ele dará o primeiro passo. Quando o massacre começar, recitaremos as palavras malditas e anunciaremos o fim do mundo. Pouco a pouco, guiaremos o mundo aos novos ares! — Suas palavras soam como o prenúncio de uma tragédia inevitável, cada sílaba carregada de uma certeza cruel.

— Faremos isso com seis? — Liliel arqueia uma sobrancelha, incrédula. — Para derrubar o mundo, é necessário mais que seis pirralhos e uma traíra…

— Não exatamente… — Asmael toma a dianteira. — Esse humano possui uma arma, uma caixa que pode armazenar entidades demoníacas em sua forma primitiva. Criaremos uma infestação à luz do dia, e vocês serão os pilares que garantirão que tudo saia como planejado. Não será uma guerra total, apenas uma batalha, que ganharemos normalmente…

Seus olhos brilham com a intensidade de alguém que conhece o peso de suas palavras. Asmael sabe dos bilhões de resultados que suas ações criam.

Após um breve silêncio, Liliel coloca a mão no queixo, pensativa.

— Interessante… E como anda o principado?

— Um fiasco, — Gallael admite com relutância. — Mesmo você, sendo a porta que era, seria melhor do que aquele idiota do Astael!

— Virou um circo então? — seus olhos carregam desdém.

— Exagero! — Asmael adianta-se. — Astael está fazendo um bom trabalho!

— Ah, não começa! Não seja tão puxa-saco do Luciel, cãozinho! — Mael o interrompe com um tom de deboche. — O garoto é marrento, o que é bom, mas no fim das contas, é só mais um fantoche daquele miserável!

Imediatamente, ambos direcionam seus olhares para Gallael, que solta um suspiro profundo, cansado daquela constante disputa.

— Vou fingir que não ouvi isso… — murmura ele, já acostumado a ser o bode expiatório. — Mas, voltando ao nosso plano… ele será um grande passo.

Nesse instante, Gallael agarra sua lâmina e pressiona a ponta contra o queixo de Liliel, tornando a tensão entre eles palpável.

— Dependerá de nós dois. Guiaremos os demais. De acordo?

Ele faz os olhares dos três se centrarem nele; mesmo sendo um mero peão, sua arrogância como demônio é maior que o medo de inimigos maiores.

— Certo… senhor dragãozinho — responde ela com um sorriso afrontoso, provocando-o. Assim, os herdeiros de seus tronos, apesar das diferenças em pensamento e ideais, estão, ao menos aparentemente, de acordo.

Ou, ao menos, é isso que ele acredita.

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