Selecione o tipo de erro abaixo

1
— Poxa, é sério que vocês não sabem o que é uma festa do pijama?!
— …não?…
— …menor ideia.
— Assim… na minha cidade natal, Hanayo, comemorávamos vários tipos de festividades. — disse Meezu com a mão no queixo, olhando para o vazio.
— Você é de Hanayo né? Tinha esquecido… estranho uma Xodik vir de lá — disse Tuphi pensativa.
— Sim, sim… na verdade, depois da guerra, Hanayo abrigou muitas famílias Xodiks… a minha foi uma delas…
Ayasaka bateu palma, sem querer deixar escapar um grito de empolgação, enquanto apontava na direção de Meezu.
— Aí! É disso que eu estou falando! Temos um pingo de civilização neste quarto nesta noite! Obrigada, Deus! Guerra uma ova! É festa!
Meezu corou com a reação exagerada de Ayasaka, enquanto Tuphi ria de maneira descontraída.
— Essas roupas são bem confortáveis, afinal… obrigada por me ajudar a escolher — disse Tuphi, olhando para Ayasaka com o polegar para cima. Ela vestia um pijama felpudo, de cores rosas; as mangas eram grandes o suficiente para esconder suas mãos e ficarem balançando enquanto ela gesticulava orgulhosamente.
— …ela também te ajudou a escolher a roupa?… — Meezu indagou, corada, enquanto olhava para seu pijama preto estilo Lolita.
— Pelo jeito, Ayasaka escolheu a roupa de todas nós, né? — Beatrice disse com uma risada abafada, observando Ayasaka ficar vermelha.
— N—não é assim também! Quis que isso fosse um momento especial para todas nós, tá bom?! Nunca viram uma noite das meninas não, seus bichos do mato?
A risada se espalhou pelo quarto, misturada com as vozes animadas das garotas. Ayasaka, embora constrangida, não conseguia evitar um sorriso diante da cena descontraída que se desenrolava.
— De qualquer forma, agora que estamos todas aqui, o que fazemos numa festa do pijama? — perguntou Tuphi, sentando—se no meio da bagunça de travesseiros e cobertores.
— Bem, podemos começar contando histórias assustadoras! — sugeriu Beatrice, empolgada.
Meezu parecia um pouco apreensiva com a ideia, mas Ayasaka pulou na oportunidade.
— Sim, histórias de fantasmas! Eu adoro! Bora!
Beatrice começou a contar uma história arrepiante sobre uma mansão mal—assombrada em que ela visitou na adolescência. As luzes foram apagadas, criando uma atmosfera mais sombria no quarto. Os olhos atentos das garotas acompanhavam cada palavra de Beatrice.
No auge da narrativa, um estrondo ecoou do lado de fora. Todas se assustaram, fazendo com que risadas nervosas preenchessem o quarto.
— O que foi isso? — indagou Tuphi, olhando ao redor com os olhos arregalados.
— Provavelmente só um galho batendo na janela ou algo do tipo… eu espero… — Ayasaka tentou tranquilizar o grupo, mas um leve nervosismo ainda pairava no ar.
— Foi a Beato! Eu tenho certeza! Ela mexeu o galho com o vento lá fora! Né…? Foi né?! — Meezu indagou, cobrindo o rosto com o cobertor que dividia com Ayasaka.
Beatrice, que observava tudo em silêncio, foi brutalmente atacada de surpresa por um travesseiro arremessado com força contra seu rosto, tamanha força que bagunçou seus cabelos e a fez cair no acolchoado que dividia com Tuphi atrás dela.
— Responde, seu capeta sus do caramba! — Ayasaka disse enquanto puxava o travesseiro de Meezu também para arremessar em Beatrice novamente.
— Ou meu travesseiro não! — Meezu puxou o travesseiro de Ayasaka.
— E qual foi dessa agressividade toda, mocinha?! — Beatrice levantou, arrancando o travesseiro da mão de Tuphi e arremessando no rosto de Ayasaka, que foi pega desprevenida enquanto olhava para Meezu. — Tá se achando toda toda né?!
— Beatrice por Gale?!? — disse Tuphi surpresa, com os olhos arregalados com a atitude inesperada de Beatrice.
— Eu tô é machucada, sua loira oxigenada! Não fode! — Ayasaka arrancou o travesseiro de Meezu à força enquanto empurrava ela para trás com uma mão e tentava acertar Beatrice com a outra. — Tu respeitas a sua salvadora, tá?!
— Ah!
— Tuphi?!
A “travesseirada” forte, pensada no peso da Beatrice, acertou Tuphi, fazendo—a cair para fora do acolchoado e ficar alguns segundos no chão de madeira.
— Desculpa, cachorro burro! Por que você entrou na frente, cara?! — disse Ayasaka enquanto se levantava imediatamente na direção de Tuphi.
— …é… …quem quer fazer brigadeiro para acalmar os ânimos? — sugeriu Meezu, tentando descontrair o ambiente, enquanto observava Beatrice rir de Tuphi desmaiada com o nariz sangrando nos braços de Ayasaka que chorava como se estivesse prestes a perder a garota lobo, pedindo para que ela não a abandonasse.
A ideia foi recebida com entusiasmo, e logo todas estavam na cozinha, trabalhando juntas para preparar a iguaria. Entre risadas, histórias engraçadas e a doçura do chocolate, a noite se desenrolava de uma forma que Ayasaka jamais esqueceria.
Era uma mistura de medo, risos e calor humano, unindo um grupo improvável de amigas de diferentes raças naquela noite especial em um mundo diferente.
2
Na cozinha, as garotas se reuniram em torno dos ingredientes, animadas para a próxima etapa da noite. Cada uma tinha uma função designada, e a atmosfera leve da festa do pijama permeava o ambiente.
— Eu nunca ouvi falar desse.. briga… deivo? — perguntou Meezu
— Brigadeiro.
— Ayasaka, você é a mestre dos… brigadeiros, certo? — Tuphi brincou, apontando para os utensílios necessários.
— Claro! mestre dos brigadeiros está um pouco exagerado, mas eu posso liderar a brigada dos brigadeiros! — Ayasaka respondeu com um sorriso brincalhão.
Meezu, Beatrice e Tuphi riram da resposta, e logo estavam todas engajadas na preparação. Cada uma contribuía com uma tarefa, misturando ingredientes, enrolando as bolinhas mesmo que com dificuldades e duvidas, também escolhendo as coberturas.
— Eu nunca fiz brigadeiro antes, isso vai ser interessante. — Beatrice confessou, olhando para a panela com curiosidade.
— Claro que nunca fez nem existe aq— — Tuphi foi interrompida por uma palmada de farinha no rosto. — Qual foi Beato?!
A garota cuspiu a farinha de maneira desajeitada, fazendo as outras rirem.
— Vamos parar de desperdiçar por favor?! — Meezu indagou.
— Beato relaxa! Fazer brigadeiro é quase um ritual de passagem! — Ayasaka disse, compartilhando o conhecimento culinário com as amigas. — Prometo que vocês vão se tornar magas do brigadeiro!
Tuphi, com uma expressão determinada, mergulhou na tigela de granulados coloridos feitos a mão que Ayasaka preparou mais cedo com alguns ingredientes naturais que ela achou pelo vilarejo junto de Meezu.
— Estes granulados vão deixar os brigadeiros muito fofos! — afirmou ela, fazendo com que todas rissem.
Enquanto as garotas trabalhavam na cozinha, a conversa fluiu naturalmente. Elas compartilharam histórias engraçadas, segredos e até mesmo alguns conselhos sobre a vida, a maioria deles provenientes da experiência de Beato.
— Sabe, eu realmente precisava disso. Uma noite assim, só entre amigas, sem preocupações… eu realmente agradeço por isso, Aya — Meezu refletiu, enrolando um brigadeiro com habilidade.
— Concordo! Às vezes, precisamos esquecer os problemas e simplesmente aproveitar o momento. — Beatrice acrescentou, formando bolinhas de brigadeiro com destreza.
As bolinhas de brigadeiro começaram a se acumular em pratos, cada uma deliciosa à sua maneira. Tuphi sugeriu uma disputa amigável para ver quem fazia a bolinha mais perfeita.
— Que tal uma votação para decidir quem é a campeã dos brigadeiros? — propôs Tuphi, sorrindo.
O ambiente de competição trouxe mais risos e brincadeiras para a cozinha. Ayasaka estava feliz por proporcionar às suas novas amigas uma noite tão especial.
— A Ayasaka ganhar a competição não foi meio roubado?… — disse Meezu de braços cruzados, com suas bolinhas de brigadeiro ao seu lado.
— Está mais para o esperado né? — Ayasaka retrucou. — Eu sou a mestre dos brigadeiros, se você reclamar muito eu te transformo em um! Brigadeiro de Xodik muahahaha!
Enquanto Ayasaka se aproximava de Meezu que correu para trás de Tuphi que tentava a defender, ela indagou:
— Calma, calma, calma! Os brigadeiros de verdade são os amigos que a gente faz pelo caminho gente!
Com a competição de brigadeiros concluída, as garotas se reuniram novamente na sala, carregando bandejas cheias de deliciosas guloseimas. A festa do pijama continuava, repleta de risadas, histórias e a doce união que se formara naquela noite mágica.
3
Com as bandejas de brigadeiros e outras delícias em mãos, as garotas retornaram à sala, prontas para mergulhar em mais momentos divertidos.
— Acho que merecemos um brinde antes de nos deliciarmos com esses brigadeiros incríveis né? — Tuphi sugeriu, erguendo uma caneca de madeira
Todas brindaram, selando o espírito de amizade que estava crescendo entre elas. Ayasaka sentiu uma gratidão imensa por ter encontrado essas companheiras tão especiais, mesmo depois dos últimos dias de dificuldades que ela passou.
— Então, o que acham de jogarmos alguma coisa? — Beatrice propôs, procurando por opções de jogos no quarto.
— Verdade ou desafio? — sugeriu Ayasaka, com um olhar travesso.
A ideia foi prontamente aceita, e o jogo começou. Risos, confissões engraçadas e desafios inusitados preenchiam o quarto. Ayasaka estava feliz em ver todas se divertindo, mesmo com as dores em seu corpo que estavam ficando piores com o cair da madrugada.
— Verdade ou desafio, Ayasaka? — perguntou Tuphi, com um sorriso brincalhão.
— … desafio! — respondeu Ayasaka, animada.
— Desafio você a contar a história mais embaraçosa da sua infância! — Tuphi propôs, causando expectativa nas outras.
— Aff, pensei que seria um beijo!
Ayasaka soltou uma risada leve e se ajeitou, antecipando a diversão que o desafio traria. Com um brilho travesso nos olhos, ela decidiu mergulhar em suas memórias mais queridas e compartilhar algumas histórias peculiares enquanto abraçava seu edredom.
Ayasaka começou a desfiar os episódios protagonizados por um rapaz extraordinariamente engraçado. Parecia que criar situações embaraçosas era uma habilidade inata dele, como se arrancar risos e até rubores de Ayasaka fosse seu propósito de vida. Cada palavra dela era carregada de carinho, e seu olhar distante parecia transportá—la de volta em um tempo especial que não voltaria mais, transportá—la de volta para aqueles dias cheios de inocência e risadas compartilhadas.
As histórias fluíram, entrelaçando momentos hilariantes e embaraçosos. Ayasaka, com expressões animadas e gestos teatrais, trouxe à tona os episódios nos quais o tal garoto surpreendente a pegou desprevenida, provocando risos e, ao mesmo tempo, uma pitada de nostalgia. Cada detalhe compartilhado era como um quadro colorido, pintando um retrato vibrante da peculiar relação entre eles.
Enquanto ela narrava, era possível perceber um toque de nostalgia em sua voz, como se aqueles momentos estivessem gravados não apenas em suas memórias, mas também em seu coração e alma. Em meio aos risos, Ayasaka transmitia uma ternura especial ao relembrar como aquele garoto engraçado, com suas brincadeiras encantadoramente travessas, tinha sido uma parte tão fundamental de sua vida e de quem ela é atualmente, explicando também que muitos traços de seu jeito atual, são graças a ele.
As outras garotas se envolveram na narrativa, rindo e oferecendo comentários divertidos à medida que Ayasaka desvendava essas pérolas queridas do passado. A atmosfera descontraída da festa do pijama ganhava ainda mais calor com as risadas compartilhadas ao ouvirem Ayasaka empolgada.
Ao chegar ao desfecho de sua narrativa, Ayasaka soltou um suspiro repleto de nostalgia, permitindo que um sorriso trêmulo se desenhasse em seus lábios. Como uma artista habilidosa, ela usou a manga de sua roupa para delicadamente enxugar as lágrimas furtivas que insistiam em trair a emoção que ainda pulsava em seu coração. Embora se esforçasse ao máximo para manter uma postura descontraída, evitando que as outras percebessem a intensidade das emoções desencadeadas por aquelas memórias, a expressão de carinho e saudade permanecia visível em seu olhar.
As garotas captaram a essência daquele momento, percebendo que as memórias partilhadas eram mais do que meras histórias engraçadas; eram pedaços de Ayasaka, carregados de sentimentos profundos.
— Enfim… verdade ou desafio, Meezu?! — Ayasaka lançou a pergunta com um olhar malicioso, sua expressão brincalhona tentando encobrir as emoções mais profundas que haviam permeado a atmosfera momentos antes.
Meezu piscou, pensando por um momento.
— Desafio! — respondeu ela, aceitando o desafio de Ayasaka.
— Desafio você a fazer uma imitação engraçada de algum personagem famoso de algum livro! — Ayasaka sugeriu, provocando risos antecipados das outras garotas.
Meezu, com um sorriso tímido concordou, e começou a imitar um aventureiro de um livro infantil, que ela recitava para as crianças do vilarejo na linha de frente aos finais de semana. Sua performance hilariante e atrapalhada arrancou gargalhadas e aplausos das garotas.
— Muito bom, Meezu! Acho que temos um talento oculto aqui! — elogiou Tuphi, aplaudindo.
— …para com isso… — Meezu sussurrou enquanto parecia um pimentão e cobria o rosto.
A rodada continuou com Beatrice desafiando Tuphi a fazer sua melhor dança improvisada. A sala se transformou em uma pista de dança improvisada enquanto Tuphi, com cuidado, puxava Ayasaka enfraquecida para dançar descontraidamente, enquanto todas se divertindo ao som das risadas e movimentos animados.
— Agora, Beatrice, é sua vez. Verdade ou desafio? — perguntou Tuphi, com um sorriso travesso.
Beatrice pensou por um momento antes de decidir.
— Verdade!
— Conte—nos sobre a coisa mais estranha que já fez por uma paixão! — desafiou Tuphi, causando risos ansiosos.
— Oh louco! Do neida! — Ayasaka gritou de maneira empolgada
Beatrice, a habilidosa maga do grupo, sentiu suas bochechas aquecerem levemente, antecipando a revelação de uma história que a expunha em uma situação embaraçosa. Era uma tarde de verão, onde a brisa quente sussurrava segredos e o sol tingia o céu de tons dourados.
Em uma praça movimentada de uma cidade próxima, Beatrice se viu encantada por um paquera que observava admirado suas habilidades mágicas enquanto ela estudava. Decidida a impressioná—lo, ela decidiu mostrar um truque especial que envolvia o controle do vento. Os cabelos esvoaçantes e a expressão confiante, ela começou a manipular as correntes de ar ao seu redor.
No entanto, a situação tomou um rumo inesperado quando, em meio a um movimento gracioso, Beatrice perdeu o controle do vento. Ao invés de uma demonstração elegante, uma rajada forte de vento levou consigo não apenas as folhas secas, mas também o chapéu do paquera, que voou a uma distância considerável.
Beatrice ficou estática, os olhos arregalados e as bochechas coradas, enquanto o paquera tentava, sem sucesso, recuperar seu chapéu que agora rodopiava como uma folha solta em meio ao vento.
A cena, embora embaraçosa, desencadeou risos espontâneos e proporcionou uma história memorável para aquela madrugada.
— Por favor não me julguem. — Beatrice suspirou.
— Isso foi fofo! Não sabia que você sabia ser fofa!
— Você sabe que é desrespeitoso debochar de alguém mais sábia né?!
— É brincadeira! Calma Beato abaixa essa mão! — Tuphi respondeu.
— Sabe, eu realmente não esperava que uma noite de festa do pijama pudesse ser tão divertida. — Ayasaka admitiu, sorrindo.
— Às vezes, as melhores experiências são aquelas que acontecem quando menos esperamos. — Beatrice refletiu, olhando para as garotas que devolviam o olhar contente.
— A sua história é um bom exemplo.
— Eu vou te matar dormindo.
— Como é…?! — Tuphi se afastou de Beatrice assustada.
A atmosfera na sala exalava pura alegria e ternura. A festa do pijama desvendava—se como uma noite mágica, repleta de risadas, conversas sinceras e a construção de uma amizade única para Ayasaka, algo que ela realmente precisava naquele momento de sua vida.
— Que tal uma última rodada de brigadeiros antes de nos prepararmos para dormir? Sobrou bastante… — sugeriu Ayasaka, apontando para as delícias que ainda esperavam para serem saboreadas.
Todas concordaram, e a noite culminou em mais momentos de doçura e risos. Juntas, elas compartilharam não apenas brigadeiros, mas também uma conexão confortável enquanto se preparavam para dormir juntas, a luz dos cristais mágicos que flutuavam nos candelabros.
— Eu… eu estou feliz de ter vindo para cá… me sinto confortável… como uma casa e família que eu nunca tive… obrigada, meninas…
— …ei… — Meezu indagou.
— O que foi, Meezu? — Tuphi respondeu estressada por ela ter quebrado o silencio de antes de dormir.
— A gente não está esquecendo de algo?
— Como assim?
— Sei lá… acho que estamos esquecendo de algo.
— Dorme ai caramba! — Ayasaka arremessou o travesseiro na cabeça de Meezu.
— Por quê?!?
E assim, a festa do pijama de Ayasaka e suas novas amigas se tornou uma lembrança preciosa, marcando o início de uma amizade que resistiria ao teste do tempo.
— Ué… cadê as meninas? — indagou o jovem Xodik enquanto olhava para os lados e coçava a cabeça com uma roupa bordada com um pequeno dragão no centro — Elas combinaram de se encontrar comigo aqui na praça central… eu fiz até pãozinho cara!

Elas esqueceram de buscar o Sannire, que ficou de pé esperando no meio da praça por cerca de…
Quatro horas.

Picture of Olá, eu sou Flugelu!

Olá, eu sou Flugelu!

Comentem e avaliem o capítulo! Se quiser me apoiar de alguma forma, entre em nosso Discord para conversarmos!

Clique aqui para entrar em nosso Discord ➥