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1
Sannire abriu o quarto em que o homem entregou a chave, dois andares acima da taverna. O quarto tinha cristais de luz azulados que se misturavam com a cor do luar que vazava diante da janela torta ao fundo. Consistia em três pequenas camas de madeira. Havia apenas um detalhe: eram camas de solteiro.
— Como vamos dormir? — Ayasaka comentou, surpresa, enquanto olhava as camas.
— Abraçadinhas. Você e Tuphi. — Beatrice disse com um sorriso enquanto olhava para Ayasaka, que estava completamente vermelha.
— Não te perguntei não!
— Enfim, lar doce lar, bora, vamos entrando — Sannire disse, tirando as botas na porta. As garotas o seguiram para dentro, e Tuphi trancou a porta.
Ayasaka tirou a capa de tecido pesado e a colocou em um cabide no canto da parede, junto com as outras. Após tirar os sapatos de couro por último e colocar Kazewokiru perto da cama dela e de Tuphi, ela lembrou de um detalhe que a incomodava.
— Vocês têm… alguma luva? — Ayasaka perguntou timidamente. Ela queria tocar em Tuphi à noite, mas lembrou do ocorrido.
— Luva? — Beatrice questionou. — Hum… Para quê?
— Minhas mãos… tipo… elas são sensíveis à noite, e eu perco muito calor por elas. — Ayasaka respondeu com um blefe, enquanto Sannire e Beatrice a observavam atentamente.
— Deixa eu ver… — Sannire vasculhou sua bolsa e encontrou um par de luvas de Tuphi. — Aqui, pega aí. — Sannire jogou as luvas para Ayasaka, que distraída acabou sendo acertada na cabeça. Todos riram descontraidamente, inclusive Tuphi.
— Bonitas — Ayasaka observou as luvas enquanto abria e fechava as mãos. Eram luvas de arqueira, de couro marrom, com a boca perto dos pulsos aveludada.
— São luvas de arqueira, Mestre. — Tuphi explicou, sentando-se ao lado de Ayasaka. A garota parecia nem ligar muito em relação a sua presença, já estava mais acostumada.
— Entendi… — Ayasaka disse.
— Que dia cheio — Sannire se jogou na cama na ponta do quarto. — Me diga, Cavaleira, o que está achando destas terras? — Sannire olhou para o lado, cruzou as pernas e apoiou a cabeça nas mãos.
Ayasaka olhou para o chão e depois para Sannire, que a observava atentamente com suas roupas amarrotadas de meias e uma camisa branca e calças pretas por baixo de sua roupa de couro.
— Era o que eu esperava. Uma nova vida. — Ayasaka deu um leve sorriso na direção de Sannire, que retribuiu e olhou para o teto de madeira.
— Você nos deu uma nova esperança. — Sannire comentou, descontraído. Ayasaka ficou surpresa com a sinceridade do garoto.
— Eu concordo. Vou cuidar de você com a minha vida, mesmo você sendo uma pirralha insolente — comentou Beatrice, com um sorriso, soltando seus longos cabelos dourados, sentada em sua cama.
— Ora ora Beato fã número um do Ayasaka-club?!
— Não força a amizade.
— E eu sou seu braço direito, Mestre! — Tuphi acrescentou, batendo no antebraço em uma demonstração de força.
— Fofinja.

(sim, Ayasaka disse fofinja)
Ayasaka deu uma pequena gargalhada com a atitude.
— Obrigada, gente. Espero atingir suas expectativas, junto de Fos, claro. — Ayasaka comentou, com a mão no peito, enquanto todos concordaram.
— Enfim, vamos dormir, que amanhã tem chão — Sannire disse, apagando os cristais com um feitiço quase inaudível.
A noite avançava, e na penumbra do quarto, a luz azulada da janela lançava um brilho suave sobre a cama compartilhada por Ayasaka e Tuphi.
— Vamos deitar, Tuphi. — Ayasaka comentou, deitando-se contra a parede. Tuphi se deitou logo após ela, ao seu lado. Ayasaka se virou para Tuphi, e as duas começaram a se encarar por um tempo.
— B-boa noite. — Ayasaka disse, corando diante do olhar penetrante da garota lobo.
— Boa noite, Mestre. — Tuphi respondeu com um sorriso meigo.
— Posso… te abraçar? — A garota lobo sussurrou para Ayasaka, que apenas devolveu um balançar de cabeça.
Tuphi colocou sua perna esquerda por cima de Ayasaka, aproximando seu corpo do dela. Ayasaka não estava esperando por isso; esperava um abraço com os braços, não com a perna junto.
— Argh… — Ayasaka deixou escapar à medida que Tuphi chegava mais perto dela. Seus bustos se encontraram, e as roupas finas de Tuphi permitiam que Ayasaka sentisse o corpo da garota. Tuphi sorria para ela.
— Eu sou sua, Mestre. — Tuphi respondeu, um pouco corada.
— T-Tuphi… Eu não… — Ayasaka se interrompeu ao olhar para a boca da garota, que sempre era muito convidativa.
— Sabe… Minha raça, como um boa noite, com os mestres… nós meio que… — Tuphi estava tentando dizer algo importante, mas Ayasaka não conseguiu entender o que a garota quis dizer.
— Meio que? — Ayasaka sussurrou de volta, indagando.
Tuphi avançou no rosto de Ayasaka sem falar nada; seus lábios quentes se tocaram de raspão. A garota deu um beijo na maçã do rosto de Ayasaka, pegando um pouco do começo da parte inferior de seu lábio. Ayasaka estava imóvel.
— Deixa. Boa noite, Mestre. — Tuphi comentou enquanto fechava os olhos na frente de Ayasaka. Era possível sentir a respiração da garota.
Ayasaka estava extremamente desorientada. Ela sentiu os lábios macios de Tuphi e estava completamente corada. A garota estava sem reação.
“Isso… Isso não foi um beijo! Foi na bochecha! Ela é uma garota, não posso beijar… uma garota… eu… eu acho.” Ayasaka ficava confusa diante do que sentia por Tuphi. Aquele frio na barriga que Tuphi a causava ia contra tudo que seus pais, de uma família tradicional japonesa, a ensinaram.
Ayasaka estava tentando fechar os olhos, mas estava se forçando. Ela desistiu e agarrou Tuphi pela cintura, timidamente, sentindo o quadril da garota lobo. Tuphi se mexeu levemente, aparentemente já estava dormindo. Ayasaka colocou suas mãos por baixo da camisa de Tuphi, sentindo a pele quente de sua barriga.
— M-mestre? — Tuphi sussurrou em silêncio. Ayasaka não respondeu. Apenas se aproximou do rosto de Tuphi, que estava completamente corada e com vergonha.
Uns momentos se passaram onde as duas ficaram afastadas. Ayasaka pensou que Tuphi havia se revoltado com a atitude dela, mas, após alguns instantes, Ayasaka sentiu uma textura macia acariciar levemente suas coxas. Era a cauda de Tuphi.
Ayasaka deu um leve sorriso para a parede que estava de frente, ficando mais tranquila.
A luz da lua cheia é considerada um momento sagrado, em diversas culturas. Esse é um desses momentos especiais.
Ayasaka passava a mão por baixo da roupa de Tuphi, que sentia a textura forte do couro da luva da garota.
— M-mestre… — Tuphi corava levemente, enquanto sentia o toque de Ayasaka por toda a região de seu quadril.
— Silêncio… Eles não podem ouvir. — Ayasaka sussurrou corada perto de Tuphi, que acenou com a cabeça.
O luar era a única iluminação que guiava os corpos delas. Ayasaka, aos poucos criava coragem para avançar sutilmente, nas curvas da garota lobo.
A cauda de Tuphi estava enrolada na perna de Ayasaka, perto da virilha, completamente arrepiada. Ayasaka estava tentando superar sua vergonha e timidez, porém, não era uma tarefa fácil. Ainda mais com tamanha proximidade. Ela podia sentir o calor de Tuphi na parte superior de suas coxas.
Tuphi timidamente, colocou as mãos sobre o rosto de Ayasaka, que a olhava com desejo e as bochechas rosadas.
— P-pode? — Tuphi perguntou, enquanto olhava Ayasaka nos olhos.
Ayasaka timidamente desviou o olhar, o que não adiantou de muito, pois as duas estavam a uma distância que, até a respiração havia se tornado somente uma.
— Pode. — Ayasaka concordou sussurrando para Tuphi.
A garota lobo avançou em direção ao rosto de Ayasaka, que fechou os olhos com a atitude repentina. Tuphi fez a mesma coisa. Seus lábios, estranhando uns ao outros e hesitando de começo, encostaram-se de leve, fazendo Ayasaka corar ainda mais e dar um leve pulo. Ayasaka criou coragem e tomou a atitude. A garota selou seus lábios aos de Tuphi. Timidamente, as línguas das duas garotas se encontraram dentro de suas bocas e dançaram enquanto Ayasaka segurava firmemente o quadril delicado de Tuphi por baixo de sua roupa, em um claro sinal de nervosismo. Era o primeiro beijo de Ayasaka.
Assim, como uma antiga tradição que se perpetua por gerações, a única testemunha do que aconteceu ali em diante na cama do Albergue Yazuou, foi a lua ametista que cintilava pelo lado de fora da janela assimétrica.

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