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Algo bem óbvio até. Se oferecer alguma coisa de graça, sempre terá alguém que tentará ganhar vantagem. Nem sempre é isso, mas sim achar que é superior por aproveitar isso. Bem, sempre há idiota para tudo.

— Valeu pela carne. Vou aproveitar bem dela. — Um menino e seu grupo caçoam de mim. — Quem seria inteligente o suficiente para dar algo assim de graça?! Tinha que ser um demônio.

O rosto dele é comum. Sua voz é comum. Até sua altura é comum. É como um personagem genérico que aparece ao fundo que ninguém sabe o nome, e nunca saberá. Provavelmente, sua força também é comum. De onde ele tira essa confiança e arrogância?

Procuro ao redor pelo Maksi, porém, não o encontro. Não deve ser obra dele. Então, esse cara é só burro mesmo?

Sigh…

Estou suspirando muito ultimamente. Por que esse pessoal liga para coisas tão fúteis? Mostrar dominância, ser mais forte, ter contatos? Por quê?

Para esse menino genérico, nem preciso chamar o pessoal do Dilliam. Coloco as mãos no bolso e ando até eles. O grupo ainda continua a rir de mim.

Com o dedo apontado para meu rosto torço ele para o lado.

AAAHHHHHHH!

Ouço um som de clack! Logo seguido por um grito.

Os professores têm um meio para curar os alunos, não preciso me preocupar com nada. Além disso, eles são sádicos, eles apoiam isso.

O menino se contorce enquanto segura sua mão. Quase agachado, levanta seu rosto com ódio. Apenas encaro ele sem mexer a cabeça. Coloco minha mão de volta ao bolso e chuto sua cabeça. Ele rola pelo chão.

Seus amigos vêm correndo contra mim. — Vão fazer isso mesmo? — Aponto para aquele pessoal gigantesco do Dilliam e o amigos hesitam e recuam

Ando até o garoto se contorcendo e agacho na frente dele.

— Quem seria inteligente o suficiente para caçoar de alguém milhares de vezes mais forte que uma ralé igual a você?

Dou um chute no abdômen dele e me levanto. Encaro os alunos curiosos e faço um sorriso.

— Eu espero que não haja ninguém que tente me enganar. — Tiro o sorriso e ando até a Demcis.

Ter que fazer isso é um pouco cansativo, mas é necessário. Pareço um demônio, eles não vão me respeitar. E se eles não me respeitarem, é melhor temerem. Para eu poder controlar eles.

— Ele serviu de ótimo exemplo — fala a Demcis.

— Sim, serviu.

O Temmos aparece ao meu lado do nada. Suado e um pouco ofegante. Toda vez que surge, ele está assim…

— Ele achava mesmo, que só por que você perdeu para aquele cara lá, ia conseguir te vencer?

Não sei.

— O outro era um dos mais fortes daqui, se não o mais forte. Você ficou com vantagem contra o outro por um tempo. É bem corajoso esse aluno. Talvez só idiota mesmo m

Depois de dizer isso, ele sai e volta a treinar como se só quisesse fazer um comentário.

Converso um pouco com a Demcis e vou para a clareia treinar sozinho. Pego aquelas duas espadas de madeira e fico em pé com os olhos fechados.

Não sei nenhuma arte de esgrima que use duas espadas. Na verdade, não sei nenhuma arte de esgrima, a não ser aquela ensinada pelos professores.

O Temmos gritaria comigo por tentar usar duas espadas ao mesmo tempo, sendo que ainda pratico com uma espada. É como tentar construir a parte de cima de um prédio, sem nem ter construído a base. Mas, acho que se eu aprendesse a usar, pelo menos um pouco, essas duas espadas, minha habilidade melhoraria. Bem, vou tentar inventar alguns movimentos básicos usando meu pouco conhecimento sobre espadas e o conhecimento de artes marciais.

Tento com o instinto uma base de luta. Um pé atrás e outro na frente, o corpo um pouco na lateral e a mão esquerda mais adiantada que a direita.

É um pouco pesada segurar elas assim. Preciso treinar mais meus braços e antebraços para poder lutar.

Imagino eu mesmo a minha frente e tento pensar como me atacaria. Encontro algumas falhas e as corrijo. Faço simulações e ajeito todas as aberturas.

Pronto. Tenho um modelo para a primeira base. Agora é o golpe… Como eu ataco com as duas mãos? A esquerda, que fica na frente, não serve para dar ataques, porque não tem como conseguir força para isso. Só posso usar a direita para atacar se for assim.

Porém, quando for atacar, o que faço com a espada esquerda, esqueço dela? É bem óbvio que se não posso atacar com ela, tem que servir para a defesa.

Saio da base e me sento no chão com as pernas cruzadas. Direita para o ataque, esquerda para defesa.

Fecho os olhos por alguns minutos e tenho uma idealização.

Não necessariamente a esquerda precisa ser só para a defesa. Se usar um ataque padrão com a direita, posso colocar meu corpo e braço de um jeito que a esquerda fique em posição para um outro ataque seguido.

Me levanto e tento ideias por vários minutos. Suor escorre pelo meu corpo e meu ombro começa a arder de tanto movimentá-lo. Mesmo assim, no final de tudo isso, tenho a imagem de como posso fazer isso.

Bem, é o suficiente por hoje. Ainda tenho que entender a técnica de uma só espada antes focar na de duas. Construir uma base primeiro.

Sentado no chão enquanto recupero um pouco de resistência, olho para frente e vejo um vulto marrom escuro entre as árvores, como uma névoa em formato humanóide. Fico alguns segundos a olhar para ela e saio da clareira.

No campo, faço os treinos instruído pelos professores. Como sempre.

Termino tudo e decido descansar um pouco no quarto, mas chegando ao abrir a porta, vejo que não tem ninguém nele. Dou um passo para dentro, porém, volto e fecho a porta.

Entro na biblioteca e vejo a Hecatis lendo um livro. Ela me ignora, como se não tivesse me visto

Parado na porta, encaro ela. — Tenho uma pergunta.

— Pode falar. — Ela continua a ler.

— Como desperto meu Núcleo de Mana?

A maga folhea seu livros algumas vezes, antes de soltar um suspiro e colocá-lo em cima da mesa.

— Tem dois jeitos. — Ela se vira para mim. — O primeiro e o mais invasivo, é despertar seu Núcleo artificialmente. O segundo é o jeito mais natural e é o que mais acontece. Vou explicar como um Núcleo desperta para não causar confusão.

Ela me explica com poucos detalhes como funciona. Pelo que entendi, é mais ou menos assim; depois de certa quantidade de mana, que o Núcleo acumulou em certo tempo, eple fica maior e adquire um espaço para escrever magias neles. Como também, a mana começa a fluir dele para o corpo e modifica o mesmo, interagindo com a corrente sanguínea, nervos e fibras musculares.

O que mais me impressionou, foi ela saber tanto conhecimento assim para essa época. A maga até ficou preocupada se estava falando muito termos, mas eu disse que estava tudo bem. Acho que ainda subestimo a tecnologia desse mundo. O que acho intrigante é como eles ainda estão em um ambiente medieval com espadas, infraestrutura podre e mal saneamento. É como se fossem avançados intelectualmente, mas esqueceram de avançar as tecnologias. Se isso é possível.

Pensei em uma hipótese que a causa disso é a mana e a magia. Já que na Terra, para comprovar algo e testar, precisaria de equipamentos ao nível. Não dá para descobrir os detalhes da célula sem nem poder olhar para uma, por isso a invenção do microscópio revolucionou essa área. Mas, se tem um poder que permita burlar o trabalho que é descobrir novas tecnologias, não há porque construir tal coisa.

Essa é uma teoria com algumas falhas, mas é o que consegui pensar com as poucas informações que tenho.

— Como expliquei de forma resumida como o Núcleo de Mana desperta, vou falar sobre as duas maneiras de despertar. A primeira, a invasiva, algum Controlador de Mana injeta uma quantidade de mana estrondosa no seu corpo para fazer seu Núcleo despertar. A probabilidade de alguém morrer nesse método é de 90 a 95%. Em situações normais, ninguém usa esse método.

É… acho que não irei usar esse.

— O outro, que é o que a maioria faz, é fazer seu núcleo despertar naturalmente. Como eu disse, depois de alguém ser exposto a certa quantidade de mana por um tempo, o Núcleo é despertado. Então, você conviver em lugares com alta concentração de mana, ou com pessoas que usam mana de mana rotineira, seu despertar pode ser acelerado.

Pelo que ela falou, isso pode demorar algum tempo. Não é algo que eu deva querer de imediato.

— Se você pensar um pouco, você pode pensar que os dois métodos são limitados a uma coisa. Mana. Você tem que se expor a mana de algum jeito.

— Você consegue forçar o despertar do meu núcleo?

— Claro. Mas você vai morrer.

— Entendo.

Eu entro em meus próprios pensamentos e ela volta a ler seu livro.

Depois de analisar a situação e ver que não há um jeito de eu despertar, saio da porta e pego um livro aleatório da estante e me sento na frente dela.

Tento entender as letras, porém, não consigo. É como se estivesse lendo grego. Bem, eu sei grego, mas isso não vem ao caso. Folheio aos poucos como estivesse realmente lendo. É uma língua muito diferente.

Na Terra, devido aos romanos, a maioria dos países usam caracteres latins, ou tinha alguma semelhança com o latim, por causa da grande influência que essa língua teve. Mas, nesse mundo, o latim nunca existiu.

— Eu gostaria de fazer uma proposta.

A maga não tira seus olhos do livro. — Fale.

— Me ensine a ler em troca de algo.

— Não, obrigado.

Não saber ler é um grande empecilho. Não dá para entender o passado deste mundo, nem adquirir conhecimento de maneira eficiente. Além de que, ler era uma das coisas que eu mais fazia…

Assim sendo, preciso convencer ela de alguma forma. Olho para a maga com seus olhos focados no livro, como se não ligasse para mim.

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Agradeçam o: Iamc0903 e o Jotynha, por patrocinarem esses capítulos 😀

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