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Em meio a um ar de expectativa, a U.E.C despertou sob a suavidade do amanhecer. Tons brandos preenchiam os cômodos enquanto os primeiros raios dourados da manhã atravessavam as cortinas abertas, ocasionando uma dança de luz e sombra. O único som que quebrava o silêncio da manhã era o leve zumbido de atividade enquanto a agência se preparava para mais um dia de tarefas e missões.

Descansava tranquilamente em meu quarto, mergulhado em um sono sem sonho. Nenhum desejo de me levantar estava presente. No entanto, minha paz foi abruptamente interrompida quando a porta se abriu e as luzes foram acesas pelo recém-chegado, forçando-me a acordar.

— Bom dia, princesa.

Virando o rosto para tal, embora minha visão estivesse embaçada, percebi imediatamente que era Mikael.

— A cama é boa, né? — Ele riu brevemente. — Levanta daí, temos serviço. Mas antes, preciso te contar sobre algumas coisas.

— Merda… — murmurei, irritado.

Foi difícil a dormência do sono. Aos poucos, o cenário começou a tomar forma, e a preguiça da manhã deu lugar à necessidade urgente de fazer as coisas.

Embora vagarosamente, levantei-me e comecei a me preparar para o que estava prestes a acontecer.

Os agentes que se movimentavam freneticamente de um lado a outro, preparando-se para o que quer que o dia reservasse. Conversas enchiam os corredores, estratégias eram traçadas e dispositivos eram ajustados. Havia uma sensação de expectativa no ar, tornando cada passo importante.

Na Sala de Treinamento, acessada por uma escadaria de metal que levava ao nível inferior, foi onde Mikael me guiou.

A entrada da sala era marcada por uma sólida porta de aço, sinalizando o grau do rigor das atividades que ocorriam lá dentro. Ao abrir a porta, notei que área circundante era meticulosamente organizada, com armários de armas alinhados, sacos de pancadas e monitores exibindo estatísticas e informações vitais.

— Vamos ser breve. — disse ele.

O único som na Sala de Treinamento eram nossos passos quando entramos. Um tapete azul espesso e acolchoado cobria o chão no centro, suavizando os passos e dando um belo contraste com as paredes cinza neutras. 

— Essa será sua primeira missão e, mesmo assim, você não precisa ter domínio completo da energia positiva.

— Como? 

Franzi o cenho, confuso.

— Você deve entender de física, não é?

Levantei meus ombros com um leve balanço de minhas mãos.

— Nunca reprovei, mas entendo. — Virei os olhos para o canto. — Mais ou menos, na verdade.

Mikael olhou-me momentaneamente, planejando suas instruções.

— As emoções humanas geram uma energia que permeia nosso ser. Essa energia, por sua vez, pode ser classificada em dois tipos: positiva e negativa. Vamos começar com a energia positiva.

Balancei a cabeça, buscando compreender as nuances da explicação.

— A energia positiva, relacionada a emoções como amor, alegria e compaixão, funciona de maneira oposta à energia negativa. 

Mikael levantou a mão e seus dedos rastrearam um pequeno objeto de metal em uma das mesas.

Ele emitia uma força obscura tão densa quanto a escuridão, formando uma linha invisível que envolvia o objeto com uma aura estranha.

O corpo era um cilindro de titânio de vinte centímetros de comprimento com uma superfície polida e entalhes desconhecidos.

O cilindro, ao ser puxado para próximo de Mikael, pairava como se estivesse desafiando a gravidade devido a uma curva no espaço causada pela densidade energética produzida pelo desequilíbrio vibracional.

— Ela gera uma força de atração e age como revitalizante, como se estivéssemos envolvidos por uma aura que busca se conectar com outras energias positivas.

Observei ligeiramente intrigado com aquela apresentação.

— Isso explicaria por que experiências felizes atraem mais coisas positivas. — presumi.

Mikael sorriu, satisfeito com a compreensão.

— Já a energia negativa nasce de emoções como a raiva, a tristeza e o medo. Quando esses sentimentos se manifestam, eles criam uma vibração energética que influencia nosso ambiente.

Ele variou o direcionamento de suas polaridades rapidamente. 

Por um breve momento, a sala pareceu tremer.

Com uma virada repentina, o cilindro voou para trás, como se fosse impulsionado por uma rajada invisível. 

Inclinei-me para frente para observar atentamente.

— Essa energia é, por natureza, repulsiva. — acrescentou. — É como se o universo estivesse reagindo a essas emoções, tentando afastar o que as causou.

— Só tem coisa ruim envolvida nisso, né?

— É o que fortalece os Mephistos, por isso que consideramos a energia positiva como parte fundamental para contrabalancear a negatividade deles, além de…

Enquanto falava, Mikael gesticulou um pouco com os dedos, como se estivesse tecendo uma rede invisível de energia.

O cilindro se aproximou de nós com uma facilidade inesperada graças ao seu movimento sutil, que parecia estar seguindo uma diretriz secreta. 

Foi quase instintiva a minha reação. Meus sentidos se aguçaram e eu me vi instintivamente dando um passo para esquerda. 

Com uma elegância incomum, o cilindro prosseguiu em seu caminho exato, cortando a distância entre nós.

— Cacete! Quer me matar, só pode. — disse, assustado.

Mikael observava atentamente os dados estatísticos coletados após a esquiva em uma tela suspensa sobre um suporte de metal no canto da parede.

Cada figura e gráfico representava um dado que demonstrava a complexidade da relação entre força e resposta.

O olhar dele percorreu as intrincadas planilhas e linhas de código que ocupava o monitor. 

Sua atenção se voltou para os números importantes que representavam de forma justa minha partição.

Velocidade do Objeto:

  • Velocidade de aproximação: 200 metros por segundo.

Tempo de Reação:

  • Tempo de percepção inicial: 50 milissegundos.
  • Tempo de resposta física: 70 milissegundos.
  • Total do tempo de reação: 120 milissegundos.

Distância e Proximidade:

  • Distância inicial: 4 metros.
  • Distância final após o desvio bem-sucedido: 10 metros.
  • Aproximação relativa: 3 metros.

Havia um sistema inteligente de sensores de pressão que monitorava cada passo que eu dava no tapete. 

Esses dados eram enviados imediatamente para um console central, onde eram representados graficamente e submetidos a uma análise detalhada por meio de algoritmos sofisticados.

Mikael olhou para mim com um sorriso sutil.

— O que foi? — perguntei, inibido.

— O que reside em você é a antítese da essência dos Mephistos. Um poder tão vasto que dispensaria a necessidade da energia positiva.

O olhar dele permaneceu penetrante, como se ele estivesse tentando entender a magnitude da força que pulsava dentro de mim.

— Com isso cria um equilíbrio peculiar, desencadeando uma dinâmica única. 

Mesmo ao absorver a profundidade da revelação, levantei as sobrancelhas em sinal de perplexidade.

— O que isso significa?

Mikael, com uma expressão concentrada, explicou:

— Enquanto os Mephistos são regidos por forças opostas, uma dualidade que define sua natureza… — Encostou o dedo indicador à minha testa. — O que está dentro de você parece superar essa dualidade, como se representasse um balanço próprio e autossuficiente.

— Então foi isso o que quis dizer com arma poderosa?

Eu o encarei com severidade, meu olhar cheio de perguntas não ditas. 

Ele, por sua vez, conteve um riso que se formou em sua garganta, como se pudesse antecipar as dúvidas que pairavam no ar.

— Vamos para a cozinha, eles estão esperando por nós. Explicarei sobre as energias em um momento mais apropriado, o que eu disse foi apenas o básico. — sugeriu, desviando sua atenção do momento para o objetivo imediato.

Ele abriu o caminho com uma expressão que denotava um conhecimento mais profundo do que suas palavras implicavam, mas as sombras da curiosidade e da aspereza permaneciam entrelaçadas no ar.


À medida que nos dirigíamos para a cozinha, a atmosfera suspensa deu lugar ao senso pragmático. 

O lugar ficava no terceiro andar, próxima à ala oeste do edifício.

O layout da cozinha foi cuidadosamente projetado, com arquibancadas centrais abastecidas com ingredientes frescos, panelas e utensílios.

Ao lado das janelas, mesas e cadeiras convidativas criaram um espaço confortável para os agentes comerem e conversarem durante os intervalos. Era um santuário gourmet dentro da organização, onde o companheirismo se combinava com o sabor de uma culinária deliciosa.

Lewis, Raven e uma garota desfrutavam de um café da manhã excepcional, composto por bagels — pequenos pãezinhos em formato de rosquinhas, frequentemente recheados com cream cheese — e panquecas fumegantes.

— O que estão achando disso tudo? — Mikael perguntou, seus olhos indo de um companheiro para o outro.

— Tá uma delícia!

Sentada relaxadamente em uma das cadeiras, estava uma jovem vibrante e apaixonada.

Seus olhos castanhos profundos irradiavam uma sabedoria que ia além de seus dezesseis anos na agência, desafiando sua juventude com uma presença marcante. Sua pele clara contrastava elegantemente com seu cabelo ondulado, loiro médio, que fluía como cascata. Vestida com seu uniforme da força-tarefa, ela exibia orgulhosamente a insígnia de Agente de Campo Classe Regular, a mesma que Lewis e eu usávamos no peito.

Com olhar mais atento, notei uma uma arma dentro bainha que pendiam em sua cintura.

— Olha só como ele é macio e fofinho! — disse ela, fazendo um gesto suave de afagar o begel como se fosse um animal de estimação.

— Haha, que ótimo! 

Um sorriso amistoso brincava nos lábios de Mikael. 

Ironicamente, ele provou ser um prodígio culinário autodidata. Sua reputação como chef foi muito além de sua profissão de caçador. Qualquer que fosse a hora do dia, suas refeições eram sempre uma profusão de sabores e aromas, como se fossem preparadas por um verdadeiro mestre.

Enquanto a atmosfera era de camaradagem, uma das pessoas à mesa optou apenas por uma xícara de café.

— Você não vai comer nada, Raven?

— Estou de dieta, obrigada. — respondera à pergunta com poucas palavras.

— Decidiu isso de repente?

Houve um sorriso inusitadamente sombrio no canto dos lábios de Raven. Parecia que, dessa vez, era ela quem estava instigando a atmosfera, subvertendo a expectativa geral. 

Era como se ela tivesse criado uma espécie de enigma deliberado, um quebra-cabeça para todos à mesa decifrarem.

— Isso não importa muito, mas parece que você acertou no café da manhã como sempre. 

Me aproximei da mesa para sentir o aroma satisfatório que emanava.

— Uh! 

Mandy grunhiu de surpresa ao me notar, deixando escapar uma mistura de choque e descontentamento.

— Caramba, é ele mesmo. — murmurou.

Raven olhou-me fixamente.

— Ainda não consigo acreditar que você optou por deixá-lo viver, Mikael. Qual foi a razão? — indagou-o, curiosa.

— Bem… — Ele hesitou por um momento, uma expressão pensativa atravessando seu rosto, antes que a resposta emergisse. — Pode ser útil daqui para frente.

— Não acredito que você esteja utilizando ele como uma arma.

O ceticismo estava impregnado na voz de Raven, enquanto suas sobrancelhas arquearam em crítica.

— Não é exatamente isso. 

Sua voz tranquila carregava nuances de explicações que ele sabia que teria que fornecer.

— De qualquer forma, não parece que Nicholas ou Emilly estarão lá, então seremos apenas nós.

Lewis manteve uma expressão tensa, seus olhos oscilando entre nós, como se estivesse procurando algo invisível para os demais.

Um motivo interno o atormentava, mas ele optava por não compartilhar.

— Erm… Esse cara é… sinistro. Longe de mim fazer uma dupla com ele… — murmurou, sua voz um tanto retraída. Ele parecia relutante em ser ouvido.

Mandy, ao contrário, ouviu e riu de forma despreocupada, um gesto casual e charmoso.

— Relaxa, Lewis. Essas são só bobagens da sua cabeça quente. — provocou, com uma diversão perceptível em sua voz.

Ela afagava as palmas das mãos pelos cabelos rubros dele, numa tentativa carinhosa de acalmá-lo.

— Não julgue o livro pela capa. — acrescentou. — Quem sabe ele só seja um pouco excêntrico?

Pelo grau de irritação, seu corpo esquentou e a pele de Mandy ardeu, fazendo com que ela retirasse rapidamente sua mão.

Ai! Tô tentando te ajudar!

Eu havia pego dois begels, minha primeira mordida revelando o talento culinário de Mikael.

— Nossa, isso tá muito bom! 

Raven, no entanto, tinha seus olhos fixos em mim, um olhar que parecia carregar algum significado oculto, algo que eu não conseguia decifrar.

— Soube também que você está cuidando dele ou algo assim. — disse ela, com um tom casual, mas seus olhos transmitiam uma seriedade subjacente. — Deixa eu te dizer uma coisa.

Levantou-se da cadeira com graça, aproximando-se de Mikael. Sua postura exibia a familiaridade que ela sentia, mas o olhar perspicaz revelava uma preocupação genuína, mesmo que ela tivesse que olhar para cima devido à diferença de altura.

— Não podemos ignorar o fato de que nem você nem eu fomos abençoados pela sorte. — Inclinou ligeiramente a cabeça, seus olhos expressando uma mistura de consideração e seriedade. — Você representa uma das maiores ameaças ao mundo, e esse garoto pode muito bem seguir o exemplo.

Mikael cruzou os braços, com um leve sorriso irônico aparecendo em seus lábios.

— É engraçado como a sorte se torna uma questão relativa, não é? Quero dizer, considerando tudo o que aconteceu, a sorte pode ter nos abandonado, mas a capacidade de improvisar certamente não.

Ele suspirou e seu olhar se distanciou por um momento antes de voltar à conversa.

— Às vezes, é preciso tomar decisões difíceis. Fazer escolhas impopulares para o bem maior. Não posso dizer que sempre escolhi o caminho mais fácil, mas, no fim das contas, as decisões que tomamos moldam nosso destino. — Inclinou-se suavemente ao lado dela e acrescentou em um sussurro no seu ouvido: — Estou apenas tentando dar a esse garoto uma chance de fazer o seu.

Mikael apertou levemente o ombro dela enquanto falava, reforçando seus posicionamentos e dando um toque pessoal à conversa. Raven, por sua vez, ouvia atentamente, com uma sobrancelha arqueada e um pequeno sorriso indicando que ela estava ponderando cada palavra dele.

— Então não tem com o qu–

Foi-lhe mostrado uma chave de uma forma quase mágica, um gesto que parecia desafiar a percepção normal. 

Mikael voltou a sua posição anterior e levou um momento para processar, apalpando seus bolsos e percebendo a falta de algo importante.

— Eu dirijo. 

Sua voz carregava um senso de triunfo.

— Me pegou distraído. — admitiu, um esboço de sorriso se formando em seus lábios num leve senso de derrota.

Raven se afastou, caminhando em direção à garagem, e o que se seguiu foi uma mistura de risadas contidas por parte de Lewis, Mandy e eu.

— Que vergonha. — murmurei para eles.

— Né? — Mandy concordou, sua risada contida.

— A Raven é assustadora. — Lewis acrescentou, uma pitada de temor perceptível em sua voz.

Essa cena quebrou o estereótipo esperto que eu tinha a respeito dele.

— Mas aí, tô animadasso!

A empolgação brilhava nos olhos de Lewis, finalmente enfrentando uma missão que lhe proporcionaria uma dose de adrenalina genuína.

— Não viaja, menino. Mata nem uma mosca direito. — zombava com um sorriso nos lábios.

O clima de promessa foi brutalmente quebrado, fazendo-o arder em ódio.

— Na primeira oportunidade, eu juro que vou carbonizar esse seu rostinho, tá me entendendo?

— Nossa, que medo. — retrucou com sarcasmo. — Eu vou parar então.

Esse padrão de provocação e risadas parecia ser um componente central de sua amizade, algo que eu estava começando a entender.

— Sem quebrar a cara do amiguinho. — disse Mikael. — A Raven deve estar lá nos esperando.

 Localizada no porão do prédio, acessível por uma ampla entrada lateral no andar térreo da agência, estava a garagem.

Ao descer, Raven se viu acompanhada por outro funcionário em um espaço amplo e bem iluminado, com piso de concreto polido e colunas de metal que proporcionavam uma estrutura sólida.

A amplitude do espaço revelava a opulência dos agentes da U.E.C., como se estivesse insinuando que o poder e os recursos eram abundantes ali. 

O funcionário que a acompanhava era um Operativo de Logística, o cargo onde supervisionam as operações de transporte, providenciam a distribuição de equipamentos, garantindo que os agentes tenham acesso aos suprimentos necessários para suas missões e asseguram que todos os componentes logísticos estejam prontos para concluir as tarefas com presteza e eficácia.

Ele fez uma pausa, analisando os muitos veículos luxuosos na garagem da U.E.C. A vastidão do espaço parecia sugerir que, ali, o poder e os recursos eram tão vastos quanto a coleção de carros.

— Raven, para sua viagem, sugiro que considere um veículo mais espaçoso e confortável. Talvez um SUV de luxo? — indicou para alguns modelos, tentando oferecer uma opção mais prática.

De olhar resoluto, Raven examinou os veículos sugeridos, mas a expressão em seu rosto era um sinal que indicava que ela já havia se decidido.

— Obrigada pela sugestão, mas vou escolher esse. — Ela apontou diretamente para o Lexus LS 460 L, um sedã elegante que parecia ser sua escolha definitiva.

— Entendo. É uma escolha elegante. No entanto, considerando a distância e a necessidade de conforto prolongado, um SUV ainda pode ser uma opção mais funcional. — continuou, apontando para um SUV de luxo nas proximidades.

Cada veículo era uma manifestação de extravagância, um reflexo da influência financeira que a organização detinha. 

Todavia, Raven, sem perder a confiança, fez um gesto para o veículo, reafirmando sua decisão.

— Estou convencida da minha escolha. O Lexus será perfeito para a viagem. — Se afastou em direção ao carro escolhido, enquanto o operador respeitava sua decisão.

Ela abriu a porta do carro e, antes de entrar, deu uma última olhada no SUV de luxo que o agente havia sido sugerido.

— Tem tudo o que eu preciso. Atenderá perfeitamente às minhas necessidades. — afirmou.

Ao entrar no veículo, acionou o sistema, fazendo com que o motor ronronasse suavemente. Enquanto ajustava o assento e os espelhos, Raven parecia completamente à vontade na luxuosa cabine do Lexus.

O homem, resignado, acenou com a cabeça em sinal de compreensão.

— Se precisar de alguma coisa no caminho, não hesite em entrar em contato conosco. Os veículos têm sistemas de comunicação via satélite para garantir uma cobertura eficaz, especialmente em áreas remotas. Isso facilitará a coordenação entre a equipe e a base operacional durante toda a viagem. — afastou-se e se despediu depois.

A garagem se abria para uma infinidade de vagas de estacionamento, uma extravagância visual da grandeza que os cercava. Foi isso que vi quando entrei na garagem em companhia de Mandy, Lewis e Mikael. Não pude ignorar o cenário icônico que acentuava a eficiência operacional da força-tarefa, bem como a aura de status e influência que a cercava.

— Isso custa muito dinheiro. Como é que vocês têm isso? — perguntei com genuína perplexidade.

Entre os muitos veículos que brilhavam com luxo, havia notado um Rolls Royce. Seu design suntuoso e acabamento requintado não passaram despercebidos, refletindo a excelência da engenharia automotiva.

— Deve valer mais que meu rim.

— Nosso líder comprou. — Mandy respondeu casualmente, se aproximando do veículo com um sorriso nos lábios, enquanto Lewis e Mikael seguiram para o Lexus. — Não se impressione, ainda tem muito mais por aqui.

— Vocês vivem muito bem aqui, hein? — Parei para admirá-lo.

— Bom… — Olhou pensativamente para as esquinas da garagem, como se buscasse encontrar as palavras certas. — Esse dinheiro nem sempre é gasto em coisas superficiais. Grande parte dele é usado para doações, para ajudar os menos afortunados e, na maioria das vezes, para reparar os estragos que causamos.

— Isso deve ser difícil. Com todo esse dinheiro, você poderia comprar praticamente qualquer coisa. 

Mandy soltou um suspiro exasperado. 

— Nem sempre é assim.

Ela lutava constantemente para negar sua necessidade e, ainda assim, carregava algo dentro de si. 

Mesmo em suas tentativas de suprimi-lo, havia um conflito em sua expressão.

Mikael, que estava do lado de fora do carro, percebeu nossa chegada tardia e interveio com seu típico tom provocativo:

— Pare de se jogar nele, Mandy! Não temos tempo a perder com essa sua paquera, você sabe disso!

— O-o quê?! — Mandy gaguejou, seu rosto ficando tão vermelho quanto um tomate maduro. 

Essa reação inesperada deixou-me confuso, mas a risada divertida de Mikael indicava que ele tinha planejado esse momento com malícia.

— Pff! O que foi? Ficou tão vermelhinha do nada. 

Mandy reagiu com agilidade, movendo-se como uma bala para sacar sua lâmina, trazendo o metal brilhante horizontalmente na altura do pescoço de Mikael.

Embora a intenção fosse atacá-lo, ela cessou o movimento da lâmina somente centímetros próximos à pele do pescoço. Ele, no entanto, não se moveu ou fizera algo para evitá-la.

— Às vezes você me irrita.

— Entre no carro logo, precisamos ir antes que nos atrasemos. — repreendeu com um tom provocativo.

— Tsc. 

Mandy resmungou, sua expressão uma mistura de indignação e desconcerto.

Observava a cena, absorvendo cada detalhe com um toque de fascinação. 

A garota que se movia com tanta ferocidade me impressionava, mas também me deixava um tanto atemorizado. 

No entanto, eu não ousava dizer nada; havia algo nessa dinâmica que eu ainda não entendia, e não queria correr o risco de me envolver inadvertidamente.

— Vamos, Krynt. Você também vem. — chamou-me, interrompendo meus pensamentos, trazendo-me de volta à realidade.

— Tá, tá! 

Próxima parada: Hill City.

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Olá, eu sou Nyck!

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