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Capítulo 9 – A capital é gloriosa, deslumbrante, fulgente. A capital tem thermae – parte 3

Após comprar os mimos da Beatrix eu sou liberado de meus deveres e posso voltar para casa agora mesmo. Se eu saísse neste momento chegaria provavelmente no final da tarde, só que escolho não voltar.

 Estou com vontade de passear pela capital e reconhecer mais do momento atual que ela passa, afinal… ela parece estar a guardar e a aguardar surpresas para a minha pessoa.

 — Só… *crunch* hoje eu descobri… *crunch* a existência duma… *crunch* coalizão de nobres…*crunch* e do possível… *crunch* novo herói… *crunch* Qual será a… *crunch* próxima grande surpresa? — ao saborear deliciosos grãos de bicos assados eu acabo por imprimir meu pensamento em falas.

 O senhor dono da barraca até olha para mim, mas nada fala. Deve ter pensado «Que cara sem educação, a falar com a boca cheia». E não posso negar que ele está correto…

 A capital Primus é sem dúvidas alguma um lugar formidável. E eu não digo isso porque há barracas como esta de comidas deliciosas todo onde…

 Outrora uma pequena vila beira-mar e hoje a vanguarda do avanço das criaturas terrenas. O símbolo máximo da superioridade humana. É praticamente um conto épico, mas totalmente verossímil.

 E os detalhes que tal avanço permitiu parir estão em todos os cantos, o simples chão da estrada que eu piso no momento é uma prova disso.

 Momento maravilhas da capital: As estradas por toda a capital são feitas de um tipo de concreto especial desenvolvido no território do Império: cal, cinzas vulcânicas e água marítima.

 Essa mistura toda cria um concreto de força e resistência admiráveis que é utilizado em praticamente todas as construções que aqui se encontram como casas, templos, banhos públicos, aquedutos, cais entre outras cousas.

 Quando menor eu costumava pegar fragmentos desse cimento e inutilmente ateá-los em fogo, a exaustar-me até ao ponto em que meu æther fosse completamente consumido.

 «Esse cimento é indestrutível? Rá! Ele ainda não me conhece…» pensava o ingênuo Aurelius criança.

 Imaginava, eu, que em algum momento eu conseguiria finalmente fundir esse concreto e ter o direito de vangloriar-me ao mundo que eu sou muito mais poderoso que um pedaço mequetrefe de pedra.

 Quando eu conto essa história assim eu me sinto tão ingênuo e idiota, um esforço completamente fútil. Ou talvez não tão inútil assim.

 Com uma brincadeira simples de criança a minha capacidade de reservar a quintessência foi definitivamente elevada. Ao menos algo de bom foi obtido com minha estupidez infanta.

 A segunda maravilha que quero citar é a iluminação das ruas, que agora se encontra desligada, todavia também é outro exemplo tão impressionante quanto.

 Imbuir um elemento a algo, principalmente a objetos pequenos sem nenhuma propriedade inata como uma simples pedra é um treinamento básico todos que possuem capacidade mágica fazem quando crianças.

 «João, visualize o Ignis a sair das pontas de teu dedo e a preencher o cerne desta pedra.», «Maria, imagine a Aqua a ser gerada por tuas mãos e a avolumar totalmente este recipiente». Casos desse tipo, comuns.

 E por que é impressionante se é tão simples? Tu deves estar a perguntar-me, leitor. Pois, se a iluminação fosse algo tão simples assim eu não estaria enamorado dela.

 O grande imbróglio de tal certâmen é que isso só é possível no momento em que nosso æther estabiliza um equilíbrio de fluxo com o material em questão.

 Enquanto houver um fluxo, enquanto continuarmos a despejar algum elemento,o material continuar-se-á a assemelhar-se com o elemento. 

 Logo, a ter-se o fluxo como bloqueado haveria o fato resultante da pedra imbuída com um elemento perdesse lentamente as características elementais e tornasse uma pedra comum novamente.

 E como se foi resolvido esse desafio? De maneira simples, mas de extrema dificuldade de visualização e compreensão para muitos.

 Ao invés de simplesmente imbuir o elemento ao objeto, por que não transformá-lo no elemento em si?

 Não mais uma «Pedra de fogo» ou «Pedra imbuída em fogo», mas sim «Ignis em formato de uma pedra». A contar parece algo tão bobo que te obriga a dizer «Como é que eu nunca pensei nisso antes?!».

 Será que tu consegues compreender o que eu digo no momento? Fielmente espero que consigas, estimo altamente a inteligência de quem me lê.

 Visualizar efeitos que não segue o padrão mágico dotado do começo do mundo é algo de extrema dificuldade, ao menos aos mais comuns.

 Lembro que em minhas brincadeiras de criança com cimento eu acabava várias vezes a criar as mesmas pedras mágicas que hoje em dia são presas em caixotes de vidros e penduradas pelas ruas e estradas da capital.

 Isso quer dizer que eu sou um gênio? Talvez sim, talvez não… Deixemos o tempo responder uma pergunta tão atrevida.

 Depois de tanto explicar a competência de nossa tecnologia, eu me encontro instintivamente na frente dum lugar. Na frente do lugar.

 Porquanto é de praxe deixar a melhor surpresa para o final, faço, então, o mesmo! Entre todas as invenções admiráveis presentes na capital, há a melhor de todas elas. Sim, a melhor de todas elas!

 HAHAHAHA! Isso era tudo parte do meu plano. Caíste como um porco do mato em uma armadilha, todas essas minhas explicações eram apenas o prelúdio para algo muito maior…

 — Sim… muito maior… As thermae! — um rapaz de cultura grita sozinho palavras doces como mel.

 Divinos e magistrais banhos públicos, mas não se engane prontamente pelo nome. Uma therma, ou terma em língua comum,é muito mais do que um simples banho público.

 É o melhor local de confraternização que existe neste mundo, não é à toa existem várias delas por todo o continente.

 Em minha casa, em minha província e em províncias vizinhas também. Mas qual é a graça de frequentar um espaço menor quando eu posso exibir-me para milhares de pessoas na capital?

 Vamos lá, não me olhe com essa cara. Não é como se eu fosse um exibicionista, mas demonstrar a glória de meu corpo construído por meus diários esforços é gratificante.

 A largura de meus bíceps, meus ondulados cabelos negros, a protuberância de meu peitoral, minha perfeitamente hidratada pele, a definição de meu abdômen. Foram todos construídos minuciosamente a fim de que a estética fosse realçada, é gratificante.

 Imagem não é tudo, é claro, mas por que ser feio se eu posso ser lindo? Deuses são estéticos, devo ser eu também.

 E como dito anteriormente, as thermae não são apenas banhos. A parte da palaestra onde é possível exercitar-se e praticar diversos esportes e lutas. Salas quentes e frias para conversarmos e discutirmos sobre tudo que é importante no mundo.

 Dizem que acordos que mudaram a história foram firmados por homens que conversavam em termas e confraternizavam no momento.

 Já aos que apreciam a solitude: há bibliotecas com coleções de livros que plebeus nunca sonhariam em ver em situações normais, apenas nas thermae.

 É um lugar feito para as melhores almas se aprimorarem e demonstrarem seus melhores talentos. E é por isso que sempre a frequento!

 A minha euforia sobre discursar sobre termas vai a diminuir e eu começo a refletir melhor sobre um pequeno detalhe.

 — A pensar bem talvez eu seja um exibicionista. Eu sou um exibicionista? Eu sou realmente um exibicionista…

 Depois de minhas explicações não seria mentira dizer que a capital é a cidade perfeita do paraíso na qual podemos desfrutar de várias tecnologias e benefícios disponíveis a todos. Bom, ao menos os humanos assim o fazem.

 Pois o que as outras raças pensam e fazem não me é de respeito…  

Enfim, depois de contar tantos benefícios de um banho público eu me sinto totalmente no modo de ir até um. Quem não se sentiria propenso de ir para um após tudo que eu falei?!

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Olá, eu sou Abner!

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