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A viagem que, até este momento havia sido puro tédio com um pouco de trabalho chato, se tornou mais problemático com aquela aparição. 

A criatura voava por entre as nuvens e retornava para próximo do avião, como se fosse um caça escolta do um avião que transportava algum conteúdo importante. 

Caramba, e eu pensando que quando acordasse já poderia sair do avião e levantar as mãos para o alto agradecendo por nada ruim ter acontecido… Sinto que existe alguém tentando me ferrar. 

Sem tirar os olhos dos movimentos aleatórios do monstros, Mayck lutava em sua mente para encontrar uma saída ou o que deveria fazer. 

Mas, não importava o quanto pensasse, não havia muito o que fazer estando dentro de um avião. 

Usar alguma habilidade chamaria a atenção, portanto, essa ideia foi descartada. 

Existe a chance de algum dos passageiros estar acordado. Sem contar que, os tripulantes, com certeza, estão bem acordados. 

De fato, seria um problema se eles dormissem. 

Estava aí, então, mais um motivo para o garoto não apelar para suas habilidades que deveriam ser mantidas fora do conhecimento geral. 

Mesmo que fosse para protegê-los. 

Ele decidiu observar mais um pouco. 

Olhou o relógio no celular e ficou seus olhos na criatura por um tempo. 

Durante alguns minutos, a criatura não dava sinais de atacar a aeronave. 

Será que ele realmente está nos escoltando?

Essa teoria absurda estava começando a ser plausível.  

É claro que não. Deve ter algum outro motivo… Será que ele só atacaria se nós visse? Não o avião em si, mas se ele se desse conta de que poderia fazer um belo de um banquete com o que tem aqui dentro, ele iria atacar?

Não importava o tempo que passasse olhando. O Ninkai nunca apresentava um comportamento agressivo. 

Eu posso parar de me preocupar? Não. Eu não posso baixar a guarda… Mas ficar tão cauteloso assim é ruim pro meu coração. 

O Ninkai, que parecia um dragão, voava livremente. Fazia piruetas, mergulhos e, no fim, sempre pairava ao lado da asa do avião. 

Com isso, uma outra ideia começou a surgir. 

E se…

“… ele está sendo controlado por alguém?” Mayck sussurrou para si mesmo. 

Se observado com atenção, qualquer um notaria a forma como ele voava. Parecia um drone ou um avião de brinquedo sendo controlado remotamente. 

Ou até mesmo algo programado para repetir o mesmo processo todas as vezes. 

Mas ele é realista demais para ser um robô. 

Desde o bater de suas asas até os movimentos mais sutis do restante de seu corpo eram tão naturais quanto a luz do dia. 

Acho que vou ficar com dor de cabeça. 

Mayck pôs a mão na testa, como se estivesse checando sua temperatura ou estado mental. 

O que quer que fosse aquela coisa, não parecia que iria atacar o avião. 

Por causa do sono, adormeceu sem perceber. 

Com um pulo rápido em seu assento, o garoto olhou pela janela apenas para ter os raios solares batendo em seu rosto com agressividade, dizendo-lhe para despertar. 

Eu acabei dormindo sem perceber. Onde tá o Ninkai?

Procurando por todo o céu que podia ver de seu lugar, Mayck não o encontrou. Aparentemente, ele saiu de cena no meio tempo em que o garoto dormiu. 

Aaah… o que posso fazer? Acho que daqui a pouco vamos chegar no aeroporto. 

Pegou o celular e checou o horário novamente. Como ele pensou, em pouco tempo o avião começaria o processo de pouso. 

Finalmente, depois de 8 anos, ele voltaria para a terra onde nasceu e foi criado. 

Um lugar cheio de memórias, hein? Embora não sejam as melhores. 

O garoto descansava a cabeça com a bochecha apoiada na mão. 

Ele bocejou levemente. 

Ainda estava um pouco sonolento. 

Algum tempo depois, o avião chegou ao aeroporto. 

Os passageiros respiravam profundamente, depois de passar 24h dentro de um avião, tudo o que eles queriam era respirar o ar puro próximo ao solo. 

Eu quase não sinto as minhas pernas…

Depois de deixar o avião e se acomodar em um banco do aeroporto, Mayck estirou as pernas que estavam formigando. 

Ah, é… eu ainda vou ter que andar até a saída e esperar um táxi. Que vida difícil. 

Relembrando as palavras de seu pai, ele sabia que não deveria esperar que seus avós fossem buscá-lo. Não deveria exigir muito deles por conta da idade. 

Mayck olhou para a multidão ao redor e encontrou alguns rostos que viu no avião. 

Para onde será que eles vão? Seria bem engraçado e estranho se todos fossem para um mesmo lugar. Ah! Agora que eu me lembrei… Onde está a menina? Não posso perdê-la de vista. E também não tenho muito tempo. Se vou resolver isso, tem que ser agora. 

Ele correu os olhos pela multidão e buscou o seu alvo. Estava meio difícil por causa do grande número de pessoas. 

Eles estavam na minha frente quando saímos. O cansaço me fez perder eles. 

O pior seria se ele não os visse logo porque teria que sair do local confortável em que estava para encontrá-los. 

É uma pena, mas… é pelo bem maior. 

Mayck tentou se levantar como um velho senhor com a idade já avançada, colocando as mãos nos joelhos. Mas, quando prestes a sair de seu lugar, uma mulher que ele já viu antes se aproximou dele. 

“Oh, nós estávamos dividindo um local no avião, não é?”

“Ah, você é a moça de antes.”

Ela se sentou ao lado do garoto e começou a puxar assunto. 

“Eu te vi aqui por um bom tempo. Está esperando alguém?”

“Não exatamente. Estou apenas descansando para mais uma longa jornada.”

“Hihihi… Entendo.” Ela deu uma pequena risada cobrindo a boca com os dedos. “Sabe, eu estou aqui a negócios, mas não entendo muito bem o idioma. Você parece ser daqui, não é?”

Com a sua intuição, ela deu seu palpite, porém Mayck acabou ficando cauteloso com ela por sua perspicácia. 

“Hm… Bem, sim. Eu nasci aqui.”

“Então é brasileiro, né? E fala japonês tão bem. É surpreendente. Suponho que você já foi para lá há muito tempo.”

“Sim. Não é nada de mais, mas… poderia me dizer como percebeu que eu sou daqui?”

“Isso é estranho?”

“Não. Como eu disse, não é nada demais. Só fiquei curioso.”

“Bom… quando você entrou aqui, parecia já saber o que estava lendo e fazendo e não pediu informações a ninguém, diferente dos outros que estavam no mesmo voo.”

“Eu poderia apenas saber o idioma.”

“É… bem… sim.” Ela ficou um pouco sem jeito e correu os olhos em várias direções. 

“É brincadeira. Me desculpe por isso. Eu só sou um pouco curioso demais.”

“Tá tudo bem. É natural desconfiar de uma estranha como eu.”

“Então, o que você disse antes, você falou que não entendia bem o idioma, certo? Está tendo problemas com alguma coisa?”

Mudando o tópico, Mayck relaxou no banco e falou educadamente. 

“Sim. É meio vergonhoso dizer isso, mas… eu estou um pouquinho perdida.”

“Um pouquinho? O quanto perdida?”

“Bom… primeiro, eu gostaria de saber qual trem eu devo pegar.”

“Se você me disser para onde vai, eu posso ajudar com isso.”

“…” Ao invés de dar o nome do local que tinha que ir, ela virou a cabeça, evitando contato visual. 

Mayck achou essa reação estranha e logo uma teoria se formou em sua cabeça o fazendo se sentir amargo. 

“Peraí. Não me diga que não sabe para onde vai?”

Levemente, ela balançou a cabeça, confirmando essa afirmação. 

“Você não tem nenhum mapa ou algo que mostre para onde deve ir?”

“Eles me deram um nome, mas eu acabei esquecendo.”

“Como se esqueceu de algo tão importante?”

“Me dói dizer que a culpa é minha.”

Ela se sentia tão culpada que gostaria de enfiar a cabeça em um buraco. Afinal ela era a única culpada. 

“Mas também era uma palavra muito difícil.”

“Aff… então você quer que eu te ajude a descobrir para onde deve ir?”

“Sim…”

Mayck suspirou profundamente enquanto encarava aquele rosto vermelho. 

“Tudo bem. Farei o que puder. Mas, primeiro, meu nome é Mayck Mizuki. E você é?”

“Verdade. Nem me apresentei. Eu sou Nozomi Yamamoto. Trabalho como secretária em uma editora.”

Ao dizer isso, ela tira um pequeno cartão do bolso e entrega ao garoto, que fica intrigado. 

“Tem um cartão da empresa mas não tem o endereço de onde tem que ir…”

“A culpa é minha. Me perdoe, por favor.” Novamente ela cobriu o rosto ao ser lembrada de seu erro. 

“Enfim, é um prazer conhecê-la, Yamamoto-san.”

“Igualmente, Mizuki-kun.” Ela estendeu a mão e os dois se cumprimentaram amigavelmente.

Mayck olhou ao redor mais uma vez. 

No fim, ele acabou não encontrando a garota. 

“Que tal irmos andando? Assim, você me conta mais sobre o local que precisa ir e talvez acabe reconhecendo algo no caminho.”

“É uma boa ideia. Tudo bem, vamos indo.”

Apesar de estar um pouco decepcionado, o garoto fez um esforço para ajudar Nozomi, mesmo que ainda estivesse mantendo sua guarda alta. 

|×××|

Antes de tudo, colocar alguma coisa na barriga era necessário para repor as energias, então a primeira parada foi uma lanchonete. 

Os dois sentaram em uma mesa vazia e esperaram para serem atendidos. 

Nozomi teve um pequeno problema para se decidir, justamente por não conseguir ler corretamente o cardápio. Por isso, Mayck teve que ler para ela tudo o que chamava atenção para ela. 

“Quantas vezes você já veio aqui?” Mayck perguntou, intrigado com a situação de Nozomi. 

“Essa é a segunda vez. Na primeira eu estava acompanhada por uma amiga. Ela sabe falar bem português, então ela me guiou por todos os lugares.”

“Entendi. Mas você não sabe nada de português?”

“Eu sei cumprimentar e português e também alguns palavrões.”

“Você adquiriu um pouco de conhecimento desnecessário. Quem ensinou isso pra você estava de zueira.” O garoto balançou a cabeça levemente. “O lugar pra onde você vai é o mesmo da primeira vez? Se for, talvez seja mais simples.”

“Não. Dessa vez não é o mesmo. Quando eu estava com a minha amiga, ela tinha ido para uma palestra em uma universidade. O que eu preciso fazer é participar de uma reunião com uma editora brasileira.”

“Isso já ajuda. Quer dizer, se você lembrar o nome da editora.”

“E aí que está. Eu não lembro qual editora. Quando me pediram para fazer esse trabalho, eu acabei pesquisando demais e esqueci qual editora eu precisava visitar.”

“Tá falando sério?”

“Sim… infelizmente.”

Um suspiro escapou da boca do garoto. 

“Me desculpe te causar tanto incômodo. Você não precisa se obrigar a me ajudar afinal.”

“Agora que eu sei da sua situação, não posso simplesmente te jogar pra lá.”

“Muito obrigada mesmo.”

Os pedidos foram entregues e eles comeram e saíram da lanchonete depois de pagar a conta. 

O próximo passo era sair do aeroporto, afinal mesmo que procurassem por lá seria apenas perda de tempo. 

O sol já estava forte mesmo sendo antes das 8h da manhã. Várias pessoas transitavam pelas ruas e carros e ônibus iam de uma lado para o outro. 

“Vamos pegar um táxi se irmos até o centro vai ficar mais fácil nos dirigirmos para a editora.”

“Você tem razão. Normalmente, esse tipo de empresa fica mais perto do centro.”

Eles se dirigiram para um táxi parado e Mayck perguntou se ele estava livre ao se aproximarem. Ele recebeu uma resposta positiva e entraram no veículo. 

Depois de quase meia hora, chegaram ao seu destino e continuaram caminhando depois de pagarem a viagem, que não custou muito. 

“Tem várias editoras por aqui”, Mayck afirmou.  “Eu vou dar os nomes dela e você tenta se lembrar qual é. Okay?” 

“Okay.”

Em casa local que eles passavam, o garoto lia os nomes e Nozomi tentava confirmar, porém, mesmo depois de passarem por vários lugares, não chegaram ainda queriam. 

“Eu só quero confirmar, mas… a que horas essa reunião vai acontecer?” Preocupado com os horários, tanto dela quanto dele, Mayck não pôde deixar a questão de lado. 

“Ela vai ocorrer amanhã às 9h da manhã. Então eu vou poder descansar até lá.”

“Bom, ao menos isso você lembra. Mas não adianta muita coisa se você não souber onde fica… Você tem certeza que está na cidade certa?”

“O que quer dizer?”

“Aqui não é o único lugar que tem editoras.”

Ao ouvir as palavras, Nozomi empalideceu. 

“Isso quer dizer que eu vou ter que ir para outros lugares?”

“Aparentemente, sim.”

“Não pode ser…” Querendo chorar, a mulher colocou as mãos na cabeça. 

“Eu gostaria de te ajudar mais, só que eu preciso fazer outra coisa.” Mayck se desculpou. 

“Não, não. Tá tudo bem. Você já me ajudou muito até aqui. Eu, como adulta, deveria estar ajudando você, não o contrário.”

“O que está feito, está feito. Mas, como última ajuda, eu vou te enviar as localizações das editoras, pode ser?” O garoto ofereceu sua última mão amiga. 

“Vai mesmo?! Puxa… nem sei como te agradecer. Muito obrigada, de verdade.”

“Tá tudo bem.”

Mayck tirou seu celular do bolso e trocou contato com Nozomi. 

Após isso, eles se despediram e o garoto seguiu para um táxi, indo para o seu destino final. 

No caminho, ele ia enviando as localizações e informações detalhadas de como chegar em cada local. 

Isso foi trabalhoso… Bom, espero que ela encontre a editora.

Enquanto olhava os carros competindo entre si na avenida, Mayck bocejou e fechou os olhos por algum tempo. 

Ele ainda estava sonolento, mesmo depois de ter tomado o café da manhã. A viagem foi exaustiva.

Acordou com a chegada no seu local de destino. 

Havia um ponto ainda o táxi iria, então Mayck teria que andar o resto do caminho. 

Pegou sua bagagem no porta-malas do veículo e, após pagar a viagem, seguiu lentamente para a casa de seus avós. 

Depois de oito anos… Nesse tempo eu só falei com eles por telefone. Não posso negar que estou um pouco nervoso. 

Depois de uma caminhada de quase dez minutos, ele se encontrou em frente a casa com o número marcado. 

Parece que é aqui. 

Ele encarou os números na parede e os confirmou no celular. 

Eu acho que tenho que tocar a campainha… certo?

Ele se aproximou do portão e estendeu a mão para apertar no botão que avisaria sobre sua chegada, mas foi interrompido no meio do caminho. 

“Precisa de alguma coisa?”

Uma voz feminina soou próximo dele e o fez dar um passo para trás e olhar para a direção de onde vinha. 

“Hm?”

“Espera. Você é Mayck… não é?”

Após se encararem por um pouco de tempo, Mayco reconheceu quem era a garota. 

“Jade?”

“Oh, é você mesmo. Há quanto tempo. Eu sabia que você viria esse ano.”

“Ah… é mesmo?” Mayck sorriu um pouco sem jeito, mas era justificável. 

O que ela tá fazendo aqui? Ela nem devia ter contato com minha avó.

Jade era prima de Mayck por parte da família de sua mãe. Então, após a saída deles do Brasil, as famílias deveriam ter sido separadas, pois não havia nenhuma relação que as mantivessem unidas. 

“A vovó está esperando lá dentro. Ela vai ficar feliz quando te ver.”

“Ah, é claro…” 

Mayck olhou para o lado de Jade e viu uma outra garota. Ela era pequena, aparentando ter entre 7 e 8 anos de idade. 

“E essa é…?”

“Ah, essa é a minha irmã mais nova. Quando você foi embora ela não tinha nascido ainda, não é? Por isso não a conheceu. O nome dela é Lorena.”

“Muito prazer te conhecer, Lorena-ch…” Por causa do costume que adquiriu, Mayck costumava chamar as pessoas com honoríficos. Ao perceber que não estava no Japão e não havia necessidade de usá-los, ele se interrompeu. “Meu nome é Mayck.”

Timidamente, Lorena balançou a cabeça em resposta e desviou o olhar. 

“Desculpa. Ela é bem tímida.”

Ela me lembra alguém… 

A imagem de uma garota passou em sua mente. 

Jade destrancou o portão e convidou o garoto para entrar. 

Ainda não entendi o que ela está fazendo aqui. Eu espero que não tenha ninguém mais além dela daquela família. 

Pessoalmente, Mayck não possuía nenhum ódio da família de sua mãe, mas também preferia estar longe deles o máximo possível. 

Porém, como sempre fez, ele só iria esconder esses sentimentos quando fosse necessário. 

Quando a porta da casa foi aberta, Mayck entrou logo depois de Jade e Lorena. 

“Vó, cheguei. E Mayck também.”

Depois de ouvir o nome do neto, uma senhora de mais de 50 anos saiu de outro cômodo da casa. 

“Olá, meu amor. Há quanto tempo”, ela afirmou com um olhar carinhoso em seu rosto. 

“Bom dia, vó. É bom ver que está bem.” Mayco respondeu com um sorriso. 

“Me dê um abraço”, a avó falou e abriu os braços prontos para receber o neto. 

“Não tem jeito, né?” Apesar de ter ficado um pouco aflito antes de encontrá-la, o garoto se lembrou de sua relação com ela no passado, então conseguiu relaxar um pouco. 

Ele foi até ela e a abraçou cuidadosamente. Depois de vários anos, Mayck estava mais alto que ela. 

“Olha como você cresceu. Eu fico tão feliz em te ver.” No abraço apertado, a senhora não pôde evitar que suas lágrimas descessem por seu rosto. 

“Igualmente, vó.” Apesar de não ter chorado com o reencontro, ele ainda ficou feliz em receber aquele mesmo abraço que o confortou depois que sua irmã se foi. 

Olhando aquela cena, Jade abriu um grande sorriso e cobriu a boca como se também fosse chorar. No canto da sala, um pouco perdida, Lorena apenas observava a situação se desenrolar. 

Eles se afastaram do abraço e Mayck viu um senhor parado de braços cruzados na passagem para outro cômodo da casa. 

“Há quanto tempo, vô”, ele falou. 

“Eu ouvi de seu pai que você estava crescendo bem. Estou orgulhoso de ver como você ficou.”

“Obrigado por isso.” 

O senhor sorriu e caminhou até o garoto, pondo a mão na cabeça dele em seguida e bagunçando seu cabelo. 

Eu gostaria que não fizesse isso….

“Você deve estar com fome. Vamos para a cozinha. Eu preparei algumas coisas. Jade, me ajude a pôr a mesa.”

“Tudo bem, vovó.”

Elas saíram da sala, sendo seguidas pela pequena garota, e deixaram os dois homens sozinhos. 

“E então, o que você tem feito?” Takafumi perguntou. 

“Não tenho feito muita coisa além de estudar, pra falar a verdade. No próximo ano vou para o ensino médio, aí vou ter que me dedicar ainda mais.”

“Eu vejo. Você já tem algum plano para o que vai fazer no futuro? Talvez tenha pensado em ser policial como seu pai?”

“Eu nunca cheguei a considerar, mas não é algo ruim começar a pensar nisso.”

Eles continuaram conversando sobre várias coisas e Takafumi abriu a boca para falar sobre Takashi no passado, até que Tomoko os chamou para o café da manhã. 

Entre mais conversas despretensiosas e histórias engraçadas eles terminaram a refeição. 

Mayck foi instruído, por seus avós, a levar sua mala para o andar de cima, onde eles prepararam um quarto para o garoto. 

Jade foi com ele para lhe mostrar onde ficava. 

“É esse aqui.” Ela girou a maçaneta e abriu a porta. 

O quarto já havia sido limpo com antecedência, então Mayck podia apenas guardar suas coisas lá. 

Mayck começou a retirar suas roupas e outros objetos, separando-os por tipo. 

Enquanto isso, Jade permaneceu escorada na porta de braços cruzados e a cabeça também encostada no batente. 

O garoto começou a ficar incomodado. Principalmente por causa do silêncio. 

Então Jade resolveu abrir a boca. 

“Sabe, você mudou bastante.”

“O que isso significa?”

“Comparado com antigamente, você falava bem menos. Não, bem menos é eufemismo. Você não falava nada quando não era necessário. Diferente de agora.”

“Eu não diria que isso mudou. Era necessário falar e agora também”, ele disse sem olhar para ela. 

“Você poderia apenas me ignorar como sempre fez. Por que se dar ao trabalho de me responder?”

“Você fica fazendo perguntas. Se eu não responder você vai ficar com ideias problemáticas e eu não quero isso.”

“Ideias problemáticas? Como o quê? Pensar que você odeia a mim e à minha família?”

“Exatamente.”

Mayck pegou as camisetas dobradas e colocou-as em uma gaveta, depois voltou até a cama e pegou as cuecas que estavam empilhadas na mala. 

“Não tem como você não nos odiar. Nós nos afastamos de você sem nem saber o motivo. Fomos influenciados pelos adultos e apenas fizemos o que nos mandaram.”

“Se eu ficasse preocupado com isso durante oito anos, eu estava ferrado. Você sabe que eu não odeio vocês, mas também sabe que isso não significa que eu tenho algum sentimento bom em relação a sua família.”

“Você ao menos sabe o por quê isso aconteceu?…”

“Eu não me importo. O que me interessa nesse momento é você. O que está fazendo na casa dos meus avós? Vocês não têm nenhuma ligação a não ser por mim, certo?”

“Existem vários motivos para isso…”

“Ah, é mesmo? Algum tipo de chantagem?”

“Do que está falando?”

“Não interessa. Apenas esqueça.” 

Mayck estava de costas, então não viu as ações da garota, que havia se aproximado dele com o rosto vermelho e lágrimas escorrendo. 

“Você sempre foi tão sem coração assim?”

“Hã?” Mayck se virou e encontrou a garota chorando. “porque você…?”

“Eu fiquei preocupada esse tempo todo. Quando te vi hoje mais cedo, fiquei tão feliz… mas tive que me conter, porque não sabia como você estava, mas parece que, agora que está falando, ficou pior do que antes.”

Mayck se levantou e ficou de pé em frente a garota com uma sobrancelha franzida, não entendendo o que a garota estava falando. 

“Do que você tá falando?”

“Não interessa. Não é assim que as coisas são pra você? Não se incomode com isso. Se preocupe apenas com si mesmo como sempre fez.”

Após cuspir essas palavras, Jade deixou o quarto correndo. 

O garoto não sabia como reagir. Ele não fazia ideia do que estava acontecendo.

No entanto, continuou a guardar suas coisas.

Ele saiu do quarto e encontrou sua avó no corredor. 

“Hm? Mayck, o que foi que aconteceu? Jade passou por mim rapidamente e não falou nada.”

“Eu acho… que nós tivemos uma pequena discussão…” Nem ele conseguia explicar aquilo. 

“Bem, apenas me diga o que aconteceu depois. Eu tenho algumas coisas para fazer. Por que não descansa um pouco? Depois você pode sair e visitar a cidade.”

“Vou fazer isso. Obrigado, vó”, ele agradeceu e voltou para o quarto e Tomoko retornou para o andar de baixo. 

Estando sozinho, finalmente, Mayck começou a explorar o quarto, em busca de algo para entreter. 

Passou um tempo procurando, até que encontrou um livro em cima do guarda roupa. Ele estava velho e empoeirado e a capa havia sido corroída pelo tempo, entretanto, ainda era possível lê-lo. 

O garoto se deitou na cama e folheou o velho livro, mastigando as palavras escritas de forma culta. 

O livro estava bem interessante para ele. Era um romance realista, sobre um homem que abandonou o que sua mãe queria para ele após se apaixonar por uma mulher. 

Mayck acabou levando horas lendo o livro e, quando se deu conta, já passava das 15h. 

E agora? Traiu ou não? 

Mayck ficou remoendo essa questão depois de terminar o livro.

Tomoko chamou o garoto para almoçar. Diferente do café da manhã, o clima na mesa estava mais pesado. Mayck e Jade não se falavam e nem se olhavam e isso preocupou os dois idosos. 

Após o almoço eles se separaram e Mayck ajudou a lavar a louça. Jade recebeu permissão para descansar e saiu para passear com Lorena. 

Depois de limparem tudo, os três que ficaram na casa se juntaram na sala. 

“Então, pode nos dizer o que aconteceu?” Tomoko perguntou. 

“Bem… Nós chegamos no quarto e depois que ela abriu a porta eu fui guardar as minhas coisas. Enquanto eu fazia isso ela me falou que eu havia mudado e falamos um pouco sobre isso, mas logo o assunto caminhou para um lado diferente e ela começou a chorar dizendo que depois de se preocupar tanto comigo, eu era frio demais com ela.”

“E você não sabe o porquê?”

“Pra falar a verdade, não.”

Tomoko e Takafumi se entreolharam e pareciam ter concordado com algo. Em seguida, o senhor abriu a boca. 

“Sabe, Mayck, depois que você foi embora todos nós ficamos mal. Foi realmente triste o que aconteceu com Alana e sabíamos que você seria o mais afetado, mas não de tal maneira.”

“Hã? Como assim?”

“Seu pai nos contou que você se fechou para todo mundo”, Tomoko completou. “Por causa da morte dela, você acabou ficando com depressão e não fazia mais nada além de seguir uma rotina feito um robô. Por isso, Takashi decidiu que ir embora daqui seria o melhor.”

“Isso mesmo. Os seus primos não faziam ideia da gravidade da situação na época, mas, conforme eles cresciam, entenderam o quão ruim você estava. Por isso eles viviam preocupados com você por não receberem nenhuma notícia.”

Mayck ficou perplexo. Ele sabia que tinha se fechado e tudo mais, mas não sabia que a situação era em uma escala tão grande. 

“Quando recebemos notícias de Takashi dizendo que você estava bem e saudável, todos ficaram contentes e ansiosos para o dia em que você nos visitasse.”

“Entendi. Então foi isso.”

“Eles se afastaram de você, por pensarem que seria bom você ter um tempo para respirar. Já que você sempre foi quieto, talvez não ficasse confortável com tantas pessoas em cima de você.”

Eles estavam pensando em mim o tempo todo? Cara… eu fui mesmo muito egoísta.

“Então, o que queremos dizer, é que você não precisa guardar rancor deles.”

“Eu entendo. Obrigado, vó e vô. Quando ela voltar eu vou pedir desculpas da forma correta.”

“Assim é melhor. Mas não exagere nas palavras”, Takafumi alertou. 

“Pode deixar.”

Acabando a conversa eles sorriram um para o outro. 

“Então, agora que isso está resolvido, porque vocês não dão um passeio juntos?” Tomoko sugeriu. 

“Eu acho uma boa ideia. E você?”

“Bom, por mim tudo bem.”

“Ótimo. Então vamos lá.”

Takafumi saiu animadamente e Mayck o seguiu. O idoso pegou uma bola de futebol e os dois seguiram para um campo que havia por perto, onde disputaram uma pequena partida. 

“Ei, ei. Brincadeiras a parte, você não está um pouco longe para jogar futebol?”

Se preocupando com a idade de seu avô, Mayck perguntou se ele ficaria bem. 

“Não se preocupe com isso. Apesar da idade, meus ossos são de ferro. Está pronto?”

Se posicionando no gol, Mayck esperava por um chute. 

“Eu estou pronto. Quando você quiser, é só chutar.”

“Muito bem. Então, aí vai.”

Ele recuou alguns passos e tentou correr para a bola. 

Ele vai mesmo ficar bem?

Mayck se perguntou vendo as pernas trêmulas do senhor. 

Ao chegar na bola, Takafumi a acertou com o pé. O chute passou pelo espaço entre eles como uma bala, deixando Mayck sem reação. 

“O quê…!”

“Hahaha. Não me subestime, garoto. Eu ainda possuo a vitalidade e força de quando era jovem.”

Agora que eu paro pra pensar… ele já serviu ao exército. 

Mayck observava o seu avô dando gargalhadas orgulhosas de si. 

“Está preparado para mais um?”

“Aah, que seja. Venha com tudo.” 

Pela primeira vez em muito tempo, ele estava disposto a não se conter em uma disputa. 

Depois de mais meia hora, a partida foi finalizada com Takafumi possuindo 15 gols a mais que o garoto. 

“Parece que a vitória é minha”, o senhor falou ainda com bastante energia. 

Por outro lado, Mayck estava completamente desgastado. 

“Cada chute parecia uma bomba.” Ele se lembrava daquela memória amarga e encarava a palma das mãos que estavam vermelhas. 

“Bem, te falta muito anos para me acompanhar perfeitamente. Mas. Não posso dizer que me surpreendi com a velocidade em que reagiu aos meus chutes.”

“Embora a maior parte deles tenham passado pela minha mão como se não fosse nada…”

“Haha. Não se preocupe com isso. Olha, que tal comprarmos um sorvete?” Ele ofertou, apontando para uma sorveteria. “Você gosta, não é?”

“Eu aceito. Obrigado.”

Compraram sorvete e se sentaram em uma praça para descansarem um pouco. 

Mayck escolheu um picolé de côco, que era seu sabor preferido. Takafumi escolheu chocolate. 

“Quantos anos fazem que a gente não vem aqui? Acho que a última vez foi no aniversário de 9 anos da Alana.” O avô olhou para as pessoas que passavam e se lembrou. 

“Sim…”

“Espero que não tenha problema em falar dela.”

“Tá tudo bem. Não é como se eu fosse ficar triste toda vez que ela for o assunto.”

Ao ouvir aquelas palavras, Takafumi sorriu levemente.

“… Você ficou forte. É muito bom ouvir isso.”

“Mas, vô, eu queria perguntar uma coisa.”

“O que é?”

“Por que Jade está com vocês?”

“Ah, isso. É claro que você ia perguntar. Afinal, não temos nenhuma ligação com a família da sua mãe que não seja você.”

Mayck assentiu e Takafumi continuou. 

“Depois que vocês se foram, Tomoko acabou ficando um pouco pra baixo, então Irene teve a ideia de nos visitar regularmente e, por um período de tempo, cada um dos filhos dela vêm passar o tempo com a gente.”

“Entendi. Então é a vez de Jade.”

“Mas vou te dar um conselho: não dê em cima da sua prima.”

“Eu nunca pensei nisso.”

“Hahaha. É brincadeira. Mas, quando eles ouvirem que você voltou, eles virão fazer uma visita, todos juntos.”

Eles? Está falando da família da minha mãe?

Continuaram jogando papo fora por um tempo, mas logo decidiram que era hora de voltar. 

Os dois estavam exaustos quando chegaram em casa. 

Tomoko os mandou tomar banho imediatamente e Takafumi deixou que Mayck o fizesse primeiro. 

Hora do banho, momento das reflexões.

A água quente do chuveiro caindo sobre seu corpo, trouxe à tona algumas recordações. 

Depois do banho, veio o jantar e, logo em seguida, era a hora de dormir. 

Estando no quarto escuro, Mayck encarava o teto. A situação no momento ainda não estava marcada em sua pele. Ele não sentia como se realmente estivesse de volta ao seu país de origem e na casa de seus avós. 

Hoje o dia foi um pouco exaustivo. Ainda estou me sentindo estranho. Não acredito que atravesse o oceano e, olhando para trás, parece que foi questão de minutos. É a mesma sensação de quando eu me mudei. 

Ele sentia-se um pouco deslocado, mas fazia o possível para relaxar. 

Por um momento lembrou-se que ainda não tinha falado com Jade desde que brigaram mais cedo. 

Eu acho que posso resolver isso amanhã. Falando nisso, o que será que aconteceu com a garota do avião?

Mesmo não sendo algo mais tão importante, ele acabou pensando nisso. 

Mesmo cansado, Mayck ainda não sentiu sono e acabou sendo tentado a ir até a cozinha beber um pouco de água. 

Saiu do quarto tomando cuidado para não fazer barulho e andou lentamente para camuflar seus passos. 

Passou pelas escadas e chegou à cozinha. 

Espero que minha vó não se importe se eu mexer na geladeira. 

Ao abrir a porta do eletrodoméstico, reclamou da luz que ofuscou a cozinha. 

Olhou dentro dela e encontrou uma garrafa com água. 

Foi até o escorredor de louças em cima da pia e pegou um copo, voltou para a geladeira em seguida, e o encheu com água o suficiente para satisfazer sua sede. 

Antes de tomar o líquido, pôs a garrafa em seu lugar original e levou o copo à boca. 

“Acordado a essa hora?” 

Mayck se assustou com a chegada repentina de Jade e por pouco não se engasgou com a água. 

“É você”, ele falou com a mão no peito, aliviando o susto que tomou. 

“Parece decepcionado.”

“Apenas me assustei. E o que você faz acordada a essa hora?”

Os dois possuíam motivos para perguntarem isso, já que o relógio marcava 2:40 da manhã. 

“Eu precisei usar o banheiro”, Jade respondeu sem muitos detalhes.

“Hmm… Eu só vim tomar um pouco de água. Não precisa pensar que vou aprontar alguma coisa.”

“Eu não falei nada sobre isso.” 

Fazendo o mesmo que o garoto, Jade pegou a garrafa na geladeira e encheu um copo. 

Mayck bebeu sua água e colocou o copo na pia, com a boca dele para baixo. 

“Escuta. Eu queria pedir desculpas por antes. Foi bem rude da minha parte falar aquilo pra você.” Depois de pensar um pouco, o garoto finalmente abriu a boca. 

“Tá tudo bem. Se você reconhece seu erro, não precisa se preocupar.”

Era difícil, mas ele teve que aceitar a verdade. 

“Para falar a verdade, eu estava com um pouco de medo. Não sabia como agir com você se ainda estivesse me ignorando e estava sendo boazinha apenas por meus avós estarem presentes.”

“Você? Com medo? Que coisa estranha. Mas, sendo sincera, mesmo depois que comecei a entender sua situação, eu não tive coragem para te mandar uma mensagem. Então é meio que minha culpa você se sentir assim”, ela afirmou do fundo de seu coração. 

Eles estavam se falando sem se olharem nos olhos. 

Jade fechou a geladeira depois de tomar a água e guardar a garrafa e caminhou até a escada. Seu quarto era ao lado do de Mayck. 

“Bem, nós podemos começar de novo amanhã, então, boa noite.”

“Boa noite.” 

Mayck a viu sumir na escuridão. 

Pelo menos mais alguma coisa havia sido resolvida, então poderia dormir em paz aquela noite. 

Se pôs a andar e subiu de volta para o seu quarto. 

Quando tocou na maçaneta, ouviu alguns sons estranhos vindo de um certo cômodo da casa que ele não havia conhecido ainda. 

“O que será isso?” Ele indagou para si mesmo em voz baixa. 

Fitou o corredor para o cômodo e prestou bastante atenção no som. Se concentrou tanto, que até prendeu a sua respiração. 

Era o som como de folhas de papel quando eram jogadas com força no ar, mas também parecia algo um pouco mais pesado que papel. 

Será que é um lençol? Mas eu não lembro de ter visto um varal na varanda. E não parece que minha vó lavou roupas hoje. 

A porta para a parte da casa estava semi aberta, por onde passava um fraco feixe de luz vindo dos postes de iluminação. 

Tentado pela curiosidade, Mayck se afastou da porta e, vagarosamente, caminhou até aquele local. 

Embora um pouco hesitante em entrar ele já tinha se decidido, no entanto, resolveu ouvir mais um pouco. 

O som se distanciava e se aproximava em curtos períodos de tempo. Como se estivesse fazendo grandes círculos, onde ia para longe mas voltava em seguida. 

Depois de uma longa inspiração, ele empurrou a porta, revelando uma pequena varanda coberta, com janelas de vidro de correr. 

Mayck andou até elas e as abriu, porém, no momento após realizar esta ação, uma forte ventania entrou pelas janelas e fez com que a porta se fechasse e o garoto cobrisse o rosto involuntariamente. 

“Mas o quê…” 

Quando conseguiu abrir os olhos, uma enorme figura passou em frente, quase raspando suas enormes asas na casa. 

Ele fazia movimentos circulares indo até o alto e voltando como se estivesse efetuando acrobacias no ar. 

“É um Ninkai.”

Não havia motivos para duvidar de tal existência e pensar no que ela seria. 

Só havia uma espécie de criatura que se assemelha a tanto a animais já conhecidos, como também a criaturas fictícias e seres com formas bizarras. 

Não pode ser. Porque tem um justamente aqui? 

Mesmo fazendo essa pergunta, ele sabia a resposta. Desde a explosão do cristal no Japão, os Ninkais ficaram livres para irem onde bem entendessem. E, depois de alguns meses, não era estranho eles terem se espalhado pelo mundo todo. 

Era uma vaga lembrança, mas Mayck pensou que ele se parecia com o Ninkai que viu do avião. 

Será que isso é possível? Não. Se eu pensar assim, então é como se alguém tivesse controlado ele e o trazido aqui de propósito.

Ele queria não pensar que houvesse alguém capaz de controlar os monstros. 

Isso não importa agora. Eu posso lidar com essa questão depois. O mais importante agora, é que não posso deixar essa coisa por aí. 

O garoto respirou fundo e se concentrou no que deveria fazer. 

Não posso lutar com ele daqui. Então…

Mayck se apoiou na janela e saltou por ela, pousando no chão sem muitos problemas, afinal a casa só tinha dois andares. 

“Primeiro eu preciso atrair ele. Preciso levá-lo para um bom lugar.”

Não tinha como uma batalha contra um Ninkai ser sigilosa. Principalmente no meio de várias casas. 

Mayck estendeu a mão e fez sua espada surgir em um passe de mágica. Tirou-a da bainha e se posicionou. 

Quando a bainha caiu de suas mãos, ela desapareceu instantaneamente. 

O garoto esperou que o Ninkai descesse outra vez e, quando isso aconteceu, desferiu um corte rápido, que atingiu a cauda dele, mas não gravemente, o perturbando. 

Consegui a atenção dele. 

O monstro saiu de sua trajetória circular e deu meia volta, indo atrás de Mayck que começou a correr para uma local mais aberto. 

Eu vou acabar com isso rapidamente. Ainda é madrugada, então é provável que as pessoas estejam dormindo. 

Ele correu até o local que determinou perfeito e parou, no meio da rua. Era o local mais aberto que encontrou, longe dos fios de energia e das casas: uma avenida. 

Com a parada repentina do garoto, o Ninkai acabou o ultrapassando e foi obrigado a voltar. 

Como se também quisesse terminar com aquilo rapidamente, o monstro subiu bem alto e desceu como um míssil em direção à Mayck, mantendo a boca aberta para abocanhá-lo. 

Por sua vez, Mayck levantou a mão para cima enquanto encarava a criatura e um círculo azul surgiu acima dele, carregando uma esfera. 

Aquela habilidade fazia um barulho muito alto de eletricidade sendo juntada um único ponto, portanto, o garoto optou por fazê-la disparar rapidamente. 

Agora.

Um laser de plasma foi disparado, dando início a uma forte ventania e um som estrondoso. 

O monstro foi atingido em cheio e, após o laser se dissipar, deixando algumas faíscas elétricas fugirem para a atmosfera, não havia sobrado absolutamente nada de seu corpo. 

Caramba…

“Essa coisa é perigosa”, Mayck afirmou depois de ver o resultado de sua habilidade. 

É melhor eu voltar. Isso foi chamativo até demais. 

Ele estava prestes a sair, mas notou que uma sombra, em cima de um telhado, estava o observando, saindo logo depois de perceber que foi vista. 

Devo seguí-la? Não, não tenho tempo para isso.  

Mayck retornou para casa, vendo que não teria mais nenhum dia de paz em sua viagem. 

Ele usou um impulso de eletricidade e entrou pela janela, depois de calcular a distância e a força que seria necessária para o salto. 

Ele alongou os braços, deu um longo bocejo e voltou para o quarto. 

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