Edward:
— Ainda está fugindo do que fez? – Dante me perguntou.
Novamente minhas mão estavam cobertas de sangue e a espada dele estava fincada em sua barriga.
— Eu… eu não queria, você-
— Não, você não queria e mesmo assim…
— Edwe…
!
Ao invés de Dante estar na minha frente, era Igor, a espada estava em seu peito.
— Igor!
Eu acordei.
— Arf, arf, arf.
Estava no mesmo quarto em que eu dormi, Igor estava dormindo do meu lado na cama e Izabella estava deitada no chão.
A luz do sol da manhã entrava pela fresta da janela iluminando o quarto, eu me levantei e desci para o primeiro andar da casa, o velho que nos hospedou estava ao lado da mulher.
— Acredito que você não dormiu bem. – Ele disse.
— …
— Pesadelos não é? A noite inteira.
— Eu já estou acostumado com pesadelos. – Eu disse enquanto ia para a porta da frente.
— Não como esses… eles te consomem pouco a pouco, até você perceber que você só está vivo porque “ele” quer.
— É seguro sair de dia, eu presumo.
— É, apenas não saia da cidade.
— As pessoas que estavam comigo ainda estão dormindo, se eles perguntarem diga para eles me encontrarem no monumento dos três arautos.
— Eu não me importaria se vocês quisessem passar mais alguns dias aqui, a minha esposa e eu agradeceríamos a companhia.
— Não quero abusar da hospitalidade… – Eu saí da casa.
Não me importo com futilidades humanas, se ele quer desabafar sobre a situação, se ele procura um alívio, ele definitivamente não achou a pessoa certa para isso.
As pessoas andavam nas ruas em passos apressados e mal olhavam para o caminho em sua frente, as crianças andavam de mão dadas aos seus pais segurados pelas mãos, não havia comércio aberto, não havia guardas pelas ruas, mesmo elas estando relativamente movimentada, estavam desconfortavelmente silenciosas e apenas os passos das pessoas preenchiam o silêncio.
Enquanto eu andava, ficava cada vez mais evidente os problemas que a presença do selo estava afetando o lugar drasticamente, todos os humanos sem exceção tinham grandes olheiras nos olhos, estavam visivelmente mal alimentados e tinha um medo em seus olhares que chegava a contagiar, o fato de essa ser uma cidade do quarto círculo, apenas piorava a situação, dificilmente o reino irá mandar ajuda e nem mesmo a morte é uma opção viável, eles só ficariam na mesma situação da mulher daquele homem.
Salve-os
Eu não tenho nada a ver com esses humanos, eu não tenho que fazer nada.
Mate o selo, e os liberte
O que eu vou fazer, eu vou fazer por mim e não por eles.
— Aí! – Uma garota pequena esbarrou em mim – Desculpa, foi sem querer.
— Você está sozinha? – Todas as crianças que andavam pelas ruas estavam acompanhadas do pai ou da mãe, mas essa não.
— Não, meu pai está em casa, eu estou voltando, eu estava procurando ajuda porque o papai está preso, mas ninguém quis me ajudar.
— Onde é a sua casa? – Eu perguntei.
Ela apontou para uma casa que estava com a porta aberta.
— Posso ajudar? – Eu perguntei para a garotinha… por quê?
— Sério?!
— Sim.
Eu não me importo com ela, então por que eu estou a ajudando?
A mesma coisa aconteceu quando eu encontrei a elfa, Dante está me influenciando tanto assim?
Ela pegou a minha mão e me puxou até a casa dela, era uma casa pequena e simples, tinha dois andares, uma sala de estar pequena com uma lareira com um sofá que ficava na frente dela e uma cozinha com um fogão de pedra simples.
— Ele está lá em cima!
Ela largou a minha mão e subiu correndo as escadas, eu a segui e entrei no quarto que ela tinha entrado
Dentro dele, havia um homem pendurado pelo pescoço por uma corda, ele balançava levemente no ar, abaixo dele havia uma cama de casal e deitada nela, uma mulher pálida de cabelos bagunçados e olhar vazio.
— Quando eu acordei e entrei no quarto do papai ele estava lá em cima, eu tentei acordar a mamãe para me ajudar a tirar ele, mas ela não está acordando.
Eu me aproximei da mulher que estava em cima da cama e ela estava com os olhos abertos na direção do homem, mas não reagia e um leve gemido saía da boca dela.
— Há quanto tempo a sua mãe está “dormindo”?
— Já faz um tempão! O papai falou que a mamãe está bastante cansada, por isso está dormindo tanto.
Não é a sua obrigação salvá-los?
