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— Errado! Faça mais uma vez — disse Liang, com uma forte batida de seu bastão na perna esquerda de Alex.

O frescor da manhã passava suavemente pelo corpo do jovem, trazendo calafrios ao tocar o suor em seu corpo. Cada manhã começava antes do alvorecer, com meditação e exercícios de respiração, seguidos de práticas de movimentos que enfatizavam o equilíbrio, a agilidade e a precisão. Mestre Liang era um instrutor rigoroso, mas justo, sempre atento aos limites e à evolução de seus alunos.

Cada sessão de treinamento era intensa, exigindo não apenas fisicalidade mas também uma conexão espiritual e mental, algo que Alex nunca havia experimentado em seus treinamentos anteriores.

— Cada golpe deve ser como a batida de um coração: necessário, preciso, vital — instruiu Liang, enquanto corrigia a postura de Alex durante um exercício. — Sinta o movimento fluir de dentro para fora, como a água que flui de uma fonte.

“A luta é ganha ou perdida muito antes de os punhos se encontrarem. É na quietude da mente que as batalhas são resolvidas”, pensou o jovem, lembrando das instruções dadas dezenas de vezes enquanto girava o corpo para tentar mais uma vez o movimento ensinado.

— Errado! — um novo golpe o atingiu, a reclamação do velho homem surgindo em seus ouvidos como um martelo. — Você é uma decepção, saia da minha frente por hoje.

Com um suspiro pesado, Alex saiu da sala, sendo inesperadamente recebido por seu amigo e companheiro de treino, Wei. Wei era um jovem monge de personalidade vibrante e apaixonado pelo aprendizado, seu corpo era magro e seu cabelo um castanho acinzentado. Os dois iniciaram juntos o treino sob a orientação do Mestre Liang, mas a base do monge era muito mais sólida do que a do caçador, fazendo-o avançar muito mais rápido nos últimos dois meses.

— Bom dia, Alex! Como foi o treino de hoje? — Wei perguntou, sorrindo.

— Você sabe… ele não está facilitando — respondeu Alex, sua falta de entusiasmo era evidente.

— Essa semana estou muito atarefado com o trabalho, mas se quiser podemos treinar um pouco durante minha folga. Bom, estou atrasado para o treino, nos esbarramos por aí em breve! 

Com um aceno de despedida, Alex seguiu seu caminho. Ele notou a boa intenção de Wei, mas sabia que um treino ou outro a mais não seria o suficiente para uma melhora significativa. 

“Parece que chegou a hora de ver a Ana”, refletiu ele, com um olhar cansado.

Com um novo brilho nos olhos, Alex seguiu em direção ao campo de treinamento. Ele sabia que a líder de seu grupo conseguiria ajudar, mas não se sentia bem sendo tão dependente.


O campo de treinamento dos soldados estava em plena atividade quando ele chegou, com Ana supervisionando uma sessão de combate.

Júlia estava entre os soldados, sua energia aparentemente infinita apesar do ritmo extenuante. Alex sorriu ao vê-la em ação. Quando ela o notou, acenou alegremente, e ele devolveu o gesto com um sorriso caloroso.

— Ei, Ruiva! — Alex chamou, usando um apelido carinhoso.

Júlia riu ao ouvir o apelido e acenou para Alex, chamando-o para se juntar a ela.

— Alex! O que traz você aqui? Não conseguiu mais aguentar o treino dos monges?

— Algo assim, o Mestre Liang está sendo um pouco… difícil — Alex admitiu, sua voz refletindo a frustração do dia. — Vim ver se Ana pode me ajudar.

Ana, que estava ajustando a postura de um dos soldados, ouviu a conversa e se aproximou.

— Olha só quem decidiu aparecer… eu ouvi bem? Um dos meus cavaleiros chamando um treino de um bando de monges de “Difícil”? — a mercenária repetiu, levantando uma sobrancelha. — O que tem aprendido? 

— Bem, meu treino ultimamente foca em técnicas da filosofia budista, algo assim.

Alex assumiu uma postura de combate e começou a fazer os movimentos que havia praticado, cada golpe refletindo a combinação do treinamento intenso, mas ainda com falhas. Ana observou atentamente, seus olhos críticos, mas amigáveis, analisando cada movimento com precisão.

— Eu vejo o problema — Ana disse, interrompendo-o após alguns minutos. — Seu estilo de luta ainda está preso nas velhas formas. É Vajramushti, certo? 

— Sim, isso mesmo.

— Se encaixa bem com você, mas precisa se libertar mais, tem que se alinhar com a fluidez de seu próprio estilo. Veja, o fluxo deve ser assim…

Ana mudou sua postura relaxada para uma posição de combate, os olhos intensos, focados. Com um movimento fluido, ela se lançou em uma sequência de golpes rápidos.

— Olhe, Alex, — disse ela, ao mudar lentamente seus movimentos. — Você deve deixar o golpe fluir a partir do centro do seu corpo.

Ela continuou a demonstrar, enfatizando a importância da fluidez. Ana girou, esquivando-se de um golpe imaginário, antes de lançar um ataque preciso. Seus pés mal se moviam, mas sempre mantinham uma posição prática para o próximo movimento.

— Sinta o ritmo, a batida — ela instruiu, sua voz se tornando quase musical. — Cada movimento deve ser necessário, preciso, vital. Isso é Vajramushti, a herança de Shiva, o caminho do rei.

Alex assistiu fascinado enquanto Ana seguia a sequência de movimentos que mesclava defesa e ataque com uma fluidez quase poética. O poder dos golpes era evidente, mas havia uma elegância e um controle que os diferenciava do que ele estava aprendendo.

Em meio a demonstração, Alex fez sua própria tentativa. Os movimentos que aprendeu do velho monge vieram a sua mente, assim como os movimentos que via Ana fazer ao seu lado, mas tentou aplicá-los sem tirar a liberdade de seu corpo seguir seus próprios instintos.

Vendo que o jovem caçador havia entendido o que ela queria transmitir, Ana parou, passando a corrigir a postura de Alex com toques firmes e direções claras. Com cada ajuste, o garoto sentiu uma nova perspectiva se abrindo, seu corpo se movendo de forma mais fluida e eficiente.

— Melhor — Ana comentou, assentindo com aprovação. — Continue praticando assim.

Eles treinaram juntos por um tempo, e a melhoria de Alex foi notável. Ele sorriu, sentindo um peso ser retirado de seus ombros.

— Obrigado, Ana. Eu precisava disso.

— De nada, Alex. Lembre-se que, se quiser, pode passar a treinar conosco, não precisa voltar lá.

— Eu preciso seguir meu próprio caminho, mas manterei isso em mente.

De repente, antes que a mercenária pudesse responder, Pedro chegou ao campo de treino. Ele avaliou de longe o progresso dos soldados sob a tutela de Ana, seu olhar sério suavizando-se em aprovação.

— Impressionante — Pedro disse, após um momento. — O progresso de todos aqui é notável. Estou satisfeito com seu trabalho.

— Pedro, bem vindo. Infelizmente não é um sucesso completo, poucos aguentaram — respondeu Ana, com um meio sorriso — Aqueles que ficaram apresentaram uma clara melhora não apenas em força, mas em resistência, agilidade e, acima de tudo, em espírito. Falta experiência real e caça para que seus limites de mana sejam nivelados, mas já são mais do que o suficiente para evitar conflitos na cidade.

Se despedindo de Júlia e Alex, a rainha de prata conduziu o homem pelo campo, mostrando os soldados treinando intensamente. O grupo de indisciplinados que antes dependiam apenas da mana agora estavam com músculos tonificados e executavam exercícios com precisão e disciplina. 

— Agora realmente parecem um exército. Eu não vou negar, estava meio cético com os boatos que circulavam, mas você fez um trabalho incrível por aqui.

— Não era uma promessa vazia, eu disse que formaria elites, é isso que estou fazendo. Mas isso é só o começo, a recuperação dos músculos é absurda quando voltam a ativar mana no fim do treino, o crescimento nos próximos meses será tremendo — Ana respondeu, com uma sutil gargalhada, seus olhos não deixando dúvidas sobre suas palavras.

“Parece que contratá-la foi a escolha certa”, pensou Pedro, feliz com o novo ponto de segurança que Leviathan teria em um mundo que entrava cada vez mais em caos.


Os céus estavam claros, com um forte azul vibrante, quando grandes aviões começaram a aparecer em uma parte isolada do corpo da grande baleia branca. A chegada de tais aeronaves não era tão comum, principalmente depois da comunicação ser cortada, mas não era nada tão estranho que chamasse a atenção dos habitantes da enorme cidade livre.

— Finalmente, de volta ao céu! — gritou um homem alto e musculoso, com uma barba espessa e um complexo olho robótico, enquanto descia do primeiro avião. Ao seu lado, um companheiro mais baixo e magro olhava ao redor, os olhos brilhando de excitação.

— Vamos fazer isso rápido, eles não vão saber o que os atingiu — o segundo murmurou, puxando uma adaga. Ele olhou para seu capitão com um sorriso predatório.

— Calma, já chegamos tão longe. Vamos apenas acampar até a hora certa — o homem barbudo respondeu, seu olhar afiado percorrendo a paisagem de Leviathan.

Ao longe, outras aeronaves começaram a pousar. Quando as rampas dos aviões se abriram, centenas de pessoas, todas vestidas com roupas de couro e ostentando armas de fogo exóticas, desceram em uníssono.

— Quantos são, afinal? — perguntou um terceiro homem, um jovem com um sorriso estranhamente tímido, olhando para os companheiros ao seu redor.

— O suficiente para levar essa cidade, se tudo correr como planejado — respondeu o capitão do olho robótico, observando seu grupo. — Não estraguem tudo, se conquistarmos mais do que as outras tripulações, seremos recompensados além da nossa imaginação.

Os piratas se dispersaram pela área, misturando-se com os habitantes locais. Enquanto se espalhavam, seus olhares mal escondiam a excitação pelo que estava por vir.

“Vamos ver o que esses filhos do céu têm para nos oferecer”, pensou o líder, um sorriso sombrio surgindo em seu rosto enquanto ele se dirigia para o centro da cidade, seus olhos cintilavam com um misto de ambição e intriga.


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