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“O que você está dizendo?” Trayan falou, sem entender o que se passava na cabeça do rapaz.

Fernando virou de costas, então andou alguns passos para a esquerda e olhou para todas as mais de trinta pessoas ali. Esses homens e mulheres eram aqueles que faziam o Batalhão Zero funcionar, se ele quisesse que o Batalhão estivesse verdadeiramente sob seu controle, precisava mostrar do que era capaz.

“Vamos lançar um ataque rápido e direto em direção ao grupo menor, com sete Ciclopes. Após os exterminarmos e irmos analisar a situação da vila Rosina, seguiremos em frente, em direção a Garância.” O jovem pálido disse, de forma calma.

Devido a velocidade rápida de avanço do Batalhão Zero, graças a Unidade de Logística, eles poderiam compensar o tempo e retornar a rota original, chegando no ponto de encontro no tempo determinado.

As pessoas tinham expressões complexas ao ouvir o plano do seu Tenente, mesmo aqueles que o seguiam a mais tempo não eram diferentes.

“Mas se fizermos isso, se deixarmos essa ameaça para trás, não teremos problemas? Nossas ordens são de abrir um caminho seguro para as tropas que vem depois.” Noah falou, com alguma relutância

Fernando o observou com olhos calmos.

“Não tem problema, pois, em primeiro lugar, não precisamos nem enfrentar o grupo menor.” O jovem Tenente disse. Logo, alguns membros entenderam o que seu líder queria dizer. “Além do mais, nosso Batalhão tem sido usado de bucha de canhão desde que saímos de Belai. Por que devemos arriscar mais?” falou, com uma expressão fria. “Eu não estou interessado em gastar tropas e recursos com lutas desnecessárias, nem toda batalha precisa ser travada. Nós temos poucos homens e uma força limitada, então vamos usar o cérebro. Não esqueçam, atrás de nós existe um exército de mais de 40.000 homens, com Capitães, Majores e Generais. Se eles precisarem de um Batalhão liderado por um mero Tenente para vencer cada luta até Garância, então já perdemos essa guerra.”

As palavras fortes do rapaz fizeram com que todos ficassem sem saber o que responder. Mesmo que sua lógica fosse, de certa forma, antiética e até egoísta, parecia haver razão.

A verdade, é que Fernando não estava interessado em ser usado como peão pelos Generais e pelo alto comando dos Leões Dourados, sejam eles da facção de Wayne ou de Dimas. 

Se a Legião estivesse realmente preocupada em vencer a guerra contra os Orcs, já teriam feito uma mobilização massiva, no lugar de tramarem uns contra os outros a todo momento. Sendo assim, ele não via motivos para se ater lealmente a pessoas que não estavam preocupadas com sua vida.

Depois de um longo silêncio, Gabriel falou.

“Mesmo se considerarmos atacar apenas o grupo menor, é questão de tempo até que o grupo maior nos perceba.”

Muitos concordaram com isso, o maior problema é que a passagem para a vila Rosina estava bloqueada pelos setes Ciclopes, e pelos rastros, o grupo maior não deveria estar muito longe. Assim que mobilizassem o Batalhão com centenas de homens, iriam atrair sua atenção.

Fernando ainda mantinha uma expressão calma, então varreu com seu olhar sobre todos ali. O que ele aprendeu, observando o ataque tático ao acampamento Orc, é que em determinadas situações, um grupo de elite era muito mais efetivo que um ataque em larga escala.

“É por isso que não iremos mover todo o Batalhão de uma vez, apenas aqueles que eu convoquei aqui e agora.”

Trayan, Lenny, Noah e mesmo Gabriel ficaram surpresos com a ousadia das palavras de seu Tenente. Enfrentar sete Ciclopes com trinta pessoas não parecia sensato.

“Isso… não é demais para nós?” Um Cabo perguntou, com algum medo em sua voz.

“Manteremos quatro dos Ciclopes ocupados, enquanto o restante irá abater os outros. Quanto àqueles que farão esse papel… serei eu, o Subtenente Ilgner, a Subtenente Theodora e o Sargento Tom. Estão de acordo?” perguntou, olhando para os três.

“Sim, senhor!” A mulher e os dois homens responderam em uníssono, fazendo a saudação militar. Todos os três já estavam acostumados às ideias malucas de seu líder.

Dentre os três, apenas Tom parecia hesitante. Se ele desse o azar de seu oponente ser de nível Tenente, ele conseguiria sobreviver? 

Essa dúvida pairou em sua mente por um breve momento, mas logo sumiu. Vendo o voto de confiança que seu líder estava dando-lhe, imediatamente entendeu suas intenções.

Nos últimos tempos, muitos vinham questionando a posição de Tom como Sargento. Diferente de Argos, que era extremamente expressivo e articulava várias coisas nos bastidores, ou de Damon, com sua vasta experiência na Unidade de Logística, ele era simplesmente muito inexperiente. 

Além do mais, diferente do velho homem, que não era oficialmente um Sargento do Batalhão, cuidando apenas dos assuntos de logística, Tom era um em pleno direito, e isso fazia com que seu salário saísse dos bolsos do próprio jovem Tenente, já que o mesmo só podia ter um Sargento sob ele pela Legião, sendo Argos aquele que originalmente estava na folha de pagamento.

Theodora também pareceu notar a indecisão do rapaz, então quando seus olhares se cruzaram, sorriu de forma confiante para ele. Na visão dela, Tom não era menos capaz que ela própria.

A Medusa sabia que apesar de hesitar em alguns momentos, ele não fraquejava nas horas críticas. Seja na batalha pela retomada de Belai, ou no conflito contra a Guilda Fúria, Tom desempenhou papéis fundamentais para a vitória deles.

No fim, com tudo acertado e com apenas Fernando, Theodora, Ilgner e Tom tomando os papéis mais arriscados, ninguém mais ousou criticar seu plano de ataque. Sejam os membros antigos ou os novos.

O pequeno grupo logo fez seus preparativos e avançou, deixando para trás os soldados rasos. A força geral de muitos deles, mesmo não tendo uma patente de comando, era bem alta, com vários podendo assumir o papel de Cabo ou cargos maiores. Além disso, com o velho Wedsnagauer lá, ele não estava preocupado caso algum imprevisto ocorresse. Mesmo que o Mestre de Runas mantivesse seu envolvimento mínimo nos combates, Fernando havia notado que sua força não era simples.

Com a ajuda dos batedores, que não tiraram os olhos das criaturas, não demorou muito para eles chegassem até os Ciclopes.

Escondendo-se entre as sombras da folhagem e usando as árvores como refúgio, logo o pequeno grupo tinha visão das criaturas. Muitos que estavam os vendo pela primeira vez não puderam evitar de respirar fundo, enquanto sentiram um calafrio na espinha.

Os monstruosos seres tinham cerca de cinco metros de altura, com poderosos braços e pernas, assim como um grande olho em suas faces, maior que um punho. Haviam alguns levemente maiores e outros mais robustos. Não importa o quanto olhassem, muitos ainda sentiram que era loucura atacá-los com tão poucos membros.

Os Ciclopes não mais estavam brincando com os Orcs vivos, nesse ponto, todos já estavam mortos, com pedaços de seus corpos espalhados por todos os lados. Dois deles estavam até mesmo se enfrentando, lutando por uma das carcaças ainda intactas.

“T-tenente, não é melhor n-” Um Cabo, tremendo de medo, estava prestes a dizer algo, quando foi interrompido por Fernando.

“Vamos começar!” disse, saindo de trás da árvore e caminhando em direção aos inimigos. Logo atrás dele, estavam Ilgner, Theodora e Tom, que o seguiram de perto.

Com um sinal de mão, Noah deu a volta usando vegetação alta para se camuflar, levando alguns membros consigo. Enquanto Kelly, Archie, Trayan e Gabriel se moveram em direção a diferentes pontos ao redor com o seu pessoal.

“Que tal começarmos com uma saudação, docinho?” Theodora falou, de forma provocadora, em direção a Tom.

O rapaz ficou levemente vermelho, mas assentiu. 

Um homem e uma mulher, ambos levantaram a mão ao mesmo tempo, enquanto andavam. Logo, uma grande Bola de Fogo, com mais de um metro de diâmetro, surgiu na palma de cada um deles.

Swish! Swish! Boom! Boom!

“Wargh!” Urros de dor soaram, quando os Ciclopes foram atingidos em cheio por uma poderosa explosão. Chamas voando para todo lado.

Alguns dos membros mais novos, que não viram antes as técnicas de Theodora e Tom, ficaram chocados com a poderosa explosão de chamas, afinal, o que usaram até então nas batalhas dos últimos dias eram ataques moderados. Vendo seu poder real nesse momento, não puderam deixar de ficar admirados.

Nesse ponto, os quatro humanos que haviam saído da mata foram avistados pelo grupo de Ciclopes. Mesmo que a visão das criaturas fosse deficiente para longe, com os quatro chamando tanta atenção, era impossível não notá-los.

Sem dizer uma palavra sequer, Fernando, Ilgner, Theodora e Tom começaram a correr em direção aos inimigos. Quatro humanos, atacando sem medo um grupo de sete Ciclopes.

Mesmo Trayan e alguns dos que se juntaram ao Batalhão em Belai ficaram espantados com essa cena. Apesar de terem lutado pelo Batalhão Zero contra a Guilda Fúria e enfrentar alguns monstros e Orcs, lutar contra esses seres era completamente diferente.

“O maior é meu!” Ilgner gritou, em meio a gargalhadas, fazendo jus a seu título de Titã Louco.

Fernando não disse nada, mas um leve sorriso levantou-se no canto de sua boca ao ver a empolgação do bárbaro loiro, e, então, percebeu que em algum momento, ele próprio pareceu ficar empolgado também e até se coçando para lutar, o que o deixou preocupado.

Será que eu tô ficando igual a esses caras? perguntou-se, lembrando de como todo Usuário de Habilidades que conheceu parecia ser um maníaco por lutas. Como Raul, Ilgner, Heitor, Lenny e, até mesmo, Ferman.

Boom! Boom!

Tanto Fernando quanto Ilgner usaram suas Habilidades de Movimento, cada um chegando rapidamente à frente de uma das criaturas.

Bang!

“Worgh!”

Um dos Ciclopes foi acertado violentamente em seu joelho pelo machado lábris do bárbaro, no entanto, mesmo com o impacto considerável, devido ao seu tamanho enorme, o efeito foi menos efetivo do que deveria ser.

Fernando chegou logo em seguida ao seu alvo, entretanto, diferente do oponente de Ilgner, a criatura à sua frente estava em alerta.

Swish!

Sua grande mão passou voando acima de sua cabeça, numa tentativa de agarrá-lo, mas com sua velocidade, a criatura errou por uma larga margem.

Vendo o grande tamanho daquela coisa ao se aproximar, o jovem Tenente respirou fundo, era muito mais aterrador de perto! A criatura parecia ter três vezes a sua altura. Apesar disso, não sentia-se nervoso ou com medo.

Tom e Theodora chegaram logo depois. Cada um atacou um dos Ciclopes com algumas Bolas de Fogo e começaram a correr para áreas diferentes logo em seguida, dividindo as criaturas.

Merda! Merda, tô ferrado! Eles acham que eu sou mais saboroso ou o quê? Tom gritou internamente, ao olhar para trás e ver de relance três dos monstros em seu encalço.

Fernando e Theodora haviam atraído um cada, enquanto Ilgner atraiu dois.

As criaturas eram grandes, desajeitadas e não muito inteligentes, então perseguiram os humanos que entraram em sua linha de visão primeiro, por azar, Tom acabou sendo visado por três delas.

Vendo que tudo estava indo de acordo com o plano do seu líder e a atenção das coisas havia sido totalmente tomada pelos quatro, todos ao redor se prepararam para a investida.

“Atacar!” Noah gritou, saindo da mata. Atrás dele, alguns dos membros centrais do Batalhão Zero seguiram de perto.

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