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BOOM!

O gigantesco corpo do Ciclope caiu para frente. Em suas costas, Fernando puxou suas pernas para trás, evitando que fossem esmagadas, enquanto sua espada, na mão direita, estava cravada na nuca da criatura.

Sentado no pescoço da coisa, seu olhar estava afiado ao observar se havia alguma reação. Somente quando o Ciclope permaneceu imóvel é que seu corpo amoleceu e deu um suspiro de alívio.

“Droga…” disse, sentindo todos os seus músculos gritando de dor e cansaço.

Desde o início da luta, ele já não estava em seu melhor momento. Após partir de Belai, mal conseguiu descansar das diversas batalhas uma após a outra, enfrentando vários Orcs, monstros e Criaturas das Trevas. Isso havia cobrado um preço alto de seu corpo.

Agora, teve que se segurar em sua espada, enquanto era sacudido para todos os lados, usando todas as suas forças, e isso havia drenado muito da sua energia. Se ele não fosse um Usuário de Habilidades, já teria desmaiado de tão exausto que estava.

Maldito livro! pensou, lembrando-se das informações que leu.

Com base no livro, deduziu que não seria difícil lidar com algo desse nível, mas o Ciclope se mostrou ser mais problemático do que o relatado. Naquele ponto, Fernando decidiu que não confiaria mais cegamente em tudo que lia.

Levantando-se, ainda sob o corpo da criatura, olhou para suas mãos, armadura e corpo, estava completamente encharcado de um sangue vermelho brilhante.

Quando isso acabar vou precisar de um banho… pensou, ao sentir o forte e enjoativo cheiro de ferro.

Mas logo balançou a cabeça, não era o momento de se preocupar com isso. Uma a uma, puxou suas espadas cravadas no corpo da criatura, então pegou a corrente caída não muito longe dali, enrolando-a no braço. Feito isso, olhou para longe.

De um lado, Ilgner e um dos Ciclopes estavam trocando golpes. Diferente dele próprio, que precisava desviar, o bárbaro loiro não parecia preocupado em tomar golpes diretos, usando seus próprios ataques para compensar a investida da criatura com uma expressão assustadoramente animada. Além do mais, o oponente que ele estava enfrentando parecia ter uma força acima da média.

Fernando ficou impressionado, ele achou que sua força estava melhorando aos trancos e barrancos, mas o sujeito também não parecia estar ficando para trás.

Pensando a respeito, franziu a testa.

Pode ser que… Há algum tempo, ele vinha elaborando algumas teorias em relação ao mana da Pedra e da espada Formek, assim como a Aptidão Absoluta e as Veias de Mana Artificiais.

Apesar da curiosidade, deixou o assunto para outra hora, olhando para o lado de Theodora. 

A Medusa se movia com agilidade, ocasionalmente cortando as pernas do Ciclope e usando magias de fogo para atrapalhá-lo e fazê-lo andar em zigue-zague.

Percebendo que a situação estava sob controle nesses dois pontos, voltou sua atenção para os últimos.

O grupo de Trayan e Noah, que estavam relativamente distantes, estavam cada um cercando uma das criaturas. 

Não muito longe, Tom estava lutando contra outra, usando suas magias de fogo para atraí-lo para longe, evitando assim que o Ciclope acabasse atrapalhando os dois grupos.

E por último, o grupo de Kelly estava perseguindo um Ciclope mais gordo que fugia, e apesar de cambalear, este continuava caminhando para longe.

Vendo isso, Fernando estreitou os olhos, a criatura estava seguindo na direção que o grupo maior foi avistado. Se ela os atraísse, toda a situação fugiria de seu controle.

“Vamos começar por você.” disse, com uma voz fria. Isso, somado a seu rosto e armadura tingidos de sangue, causariam medo em qualquer um que o visse.

“Já falei para parar de correr, seu fodido!” Lance gritou, cortando a perna do gigantesco Ciclope, que continuava fugindo, ignorando-o. Logo o ferimento infligido fechou-se.

Magnus avançou com sua espada, mas também não teve sucesso em causar grandes danos. 

Um par de Cabos arqueiros, que seguia logo atrás, também mantinham-se atacando. No entanto, as flechas comuns pareciam ser inúteis, já que se fixariam na carne, que logo era curada, fazendo as costas e pernas da coisa parecerem um porco espinho.

Não muito atrás, Kelly acompanhava de perto numa corrida rápida e constante. Com seu arco tensionado, mirava na criatura.

Swish!

Uma flecha foi disparada, mas como se tivesse sentido que havia algo de errado, o Ciclope rapidamente protegeu a parte de trás da cabeça.

Bam!

Quando a flecha acertou a mão da coisa, todo seu corpo tremeu de um jeito estranho. Tropeçando e cambaleando, bateu fortemente contra uma árvore, arrancando parte do tronco. Mesmo com o choque, conseguiu se manter de pé e continuar a correr para longe.

Vendo que o resultado do seu ataque foi pouco eficaz, Kelly não ficou surpresa. Desde Vento Amarelo, ela vinha treinando e tentando melhorar sua força, e graças a isso, descobriu algumas coisas.

Sua magia parecia ser mais efetiva se ricocheteasse em algo duro que estivesse em contato com seu inimigo, como um escudo, arma ou outra coisa que facilitasse a transmissão de vibração para o corpo. Caso contrário, mesmo que acertasse a carne do oponente, os efeitos seriam bem reduzidos.

“Esse Ciclope está estranho, ele não para por nada, não importa o que façamos!” Magnus gritou, usando sua arma para cortar a coisa novamente.

“Eu acho que já sei o que está acontecendo!” Lance falou, com um rosto sério.

O jovem e os dois arqueiros o olharam com surpresa.

“Ele tá fugindo da sua cara feia, é a única explicação!”

“…”

Os três ficaram sem palavras ao verem que mesmo nessa situação o sujeito continuava implicando com o jovem Cabo.

Enquanto o grupo continuava tentando parar a criatura, um dos arqueiros ficou levemente impaciente. Por hora, estavam numa área com menos árvores, mas a coisa estava se encaminhando para a mata mais densa.

“Talvez devêssemos deixar essa coisa ir embora e focar nas outras, isso parece perda de tempo.”

Tzum!

No entanto, assim que disse isso, um vulto negro passou por ele, ultrapassando todos e parando no caminho do grande Ciclope. Era o Fernando!

“Não importa o que aconteça, essa coisa deve morrer aqui!” gritou, de forma severa.

Kelly, Lance, Magnus e os dois arqueiros tinham rostos surpresos ao verem isso. Não só pela ordem estranha de seu jovem comandante, como também pela aparência bizarra do mesmo. Seu rosto estava tingido de sangue, assim como sua armadura. Até mesmo seus olhos estavam vermelhos, como se estivessem irritados. Ele passava uma sensação de brutalidade.

Não esperando pela resposta do grupo, Fernando desenrolou a corrente de seu braço, então, girando-a, preparou-se para a chegada da criatura.

O gigantesco e gordo Ciclope notou esse novo humano que havia surgido em seu caminho. Seu grande olho mostrou algum medo e pavor, mas ao mesmo tempo havia alguma raiva e fúria.

Como se quisesse esmagá-lo, a criatura aumentou sua velocidade, correndo em sua direção.

O rapaz pálido, esperando por isso, jogou-se para o lado, lançando a corrente que se enrolou na canela da criatura. Então, usando a poderosa força de seu corpo, com veias saltando, puxou com violência.

BOOOM! Crack! Crack!

O ser gigantesco despencou numa velocidade absurda, caindo em uma pequena árvore, derrubando-a.

Respirando pesadamente, Fernando continuava segurando a corrente.

No momento em que puxou a criatura, o jovem Tenente sentiu como se seus braços fossem se rasgar, o fazendo se arrepender do modo que usou para parar a criatura.

Sentindo o Ciclope se mexer, o rapaz pálido ‘despertou’ de seu breve descanso, segurando a arma com uma das mãos com firmeza. “Use isso!” gritou, tirando e jogando a outra corrente em direção a Magnus, que a pegou com um olhar confuso, sem entender. 

O jovem Tenente começou a puxar fortemente a arma presa ao tornozelo da coisa, para impedi-la de se levantar. “Rápido, eu não vou aguentar muito! Prendam ele e ataquem a nuca!”

Apesar de já ter partilhado com os outros a informação sobre o ponto fraco da criatura antes da batalha, enfatizou isso novamente.

“Wagh!” O Ciclope gritou, usando seus dois braços para levantar seu gigantesco corpo ao mesmo tempo que tentava puxar seu membro inferior preso.

Toda vez que a criatura puxava fortemente sua perna, Fernando sentia todo seu corpo estalar, como se estivesse prestes a rasgar-se. A dor e o cansaço só aumentavam e seu rosto ficou mais vermelho.

Quase não suportando mais, usou Magia de Cura e focou nas suas Habilidades de Auto-Regeneração e Fúria, para fazer com que seu corpo suportasse o estresse extremo.

Vendo tudo aquilo, o olhar de Lance ficou sério.  

Apesar de ser apenas um Cabo, com seus 15 pontos de Físico, obtidos ao consumir Poções Fauser, sua força base não era pior que um Sargento forte ou um Subtenente fraco.

“Dá uma pausa aí, caolho!” Lance gritou e saltou sem hesitar após passar pelo jovem Tenente, indo em direção as costas da criatura, apunhalando com sua espada na área da coluna da coisa, fazendo-a gritar e, mesmo que por um breve momento, perder a força em seus membros, desabando novamente.

Magnus, que estava com a estranha corrente que o Tenente lhe deu, ficou paralizado, sem saber o que fazer. Então, sem pensar muito, correu para frente e guardou sua espada. Após isso, girou a corrente na mão esquerda.

Slash!

Wahh!” O Ciclope gritou, quando o ferro frio da corrente estalou, atingindo sua boca, cortando-a.

O Cabo Magnus tinha um rosto perplexo. Inicialmente, ele pretendia copiar Fernando e fazer com que a arma se enrolasse na cabeça da criatura para puxá-la para baixo, mas acabou acertando o rosto da mesma.

Olhando para a corrente em suas mãos, uma ideia veio à sua mente.

“Se te derem um limão, faça uma limonada…” falou consigo mesmo.

Slash! Slash!

Como um louco, começou a balançar a arma e acertar o rosto do Ciclope, que lutava para voltar a se levantar. Apesar de não ser afiada como a sua espada, a corrente causava mais estragos na pele da criatura, fazendo com que ficasse mais irritada e desnorteada.

“Wargh!!!!”

Irritado e confuso, o Ciclope choramingou, então apoiou-se num dos seus braços, deixando o outro livre.

Vendo isso, Magnus parou de atacar e se distanciou.

Lance, em cima das costas da criatura, estava lutando para tirar a espada cravada em sua coluna. O ferimento já havia regenerado em volta, deixando a espada ainda mais presa.

“Merda, merda, essa porcaria!” falou irritado, enquanto olhava para seu braço esquerdo, que era de uma cor azul escura metálica.

Mesmo que sua prótese tivesse lhe ajudado muito no passado, o Físico da mesma era de apenas 11 pontos, enquanto o restante de seu corpo já havia atingido 15. Aquilo que outrora foi sua força, havia se tornado sua maior fraqueza.

“Cuidado!” Um dos Cabos arqueiros gritou em direção a Lance.

O mesmo só teve tempo de ver uma gigantesca mão vindo em sua direção, quando instintivamente levantou sua prótese metálica para se proteger, que comumente usava como escudo.

“Não!”

Fernando, que estava com todo seu rosto vermelho como um pimentão, lutando para manter a coisa no lugar, ficou surpreso ao ouvir os gritos. Quando olhou para cima, seu coração parou por um momento, ao ver Lance sendo pego pela grande mão.

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Olá, eu sou Glauber1907!

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