Selecione o tipo de erro abaixo

No frio da madrugada, Amiah e Theo criaram uma fogueira ao saírem da fenda que estavam. Enquanto Theo descansou enquanto seu mento afinou gravetos, formando flechas para um arco artesanal. Quando o primeiro raio de sol iluminou a floresta, o mentor apagou a fogueira e reuniu todas as flechas em um só lugar.

— Acorda, princesa — chamou Amiah, cutucando Theo.

Resmungando e coçando os olhos, Theo levantou-se do chão úmido com esforço. Descendo a mão em cima de uma das flechas, ele questionou à Amiah:

— Para que são?

— Qual sua última missão? — retrucou o mentor.

— Hum… — resmungou tentando se lembrar. Theo realmente precisou se esforçar para lembrar. Sua mente iluminou como uma noite limpa. — Ah! Caçar bestas voadoras.

Amiah se levantou batendo as roupas, um pequeno rastro de poeira se espalhou.

— Procurei a adaga que lhe entreguei, mas você perdeu ou quebrou. Então, para caçar aves, não há nada melhor, para pessoas fracas, do que um arco e flecha.

A cada palavra que Amiah proferiu, o orgulho de Theo foi atingido por agulhas imaginárias.

— Há quanto tempo você usa o atributo de vento?

— Vento? Há cinco anos. Com oito comecei a usar o de fogo, porém não me acostumei e desisti.

— E quanto à manipulação de energia mental?

— Tá falando dos Wicca, né? Já tentei com uma besta de grau dez, mas aparentemente ela não me aceitou.

“Estranho… Wiccas não rejeitam sem motivos. Será que… tendo a Fênix na mesma casa, os outros não vão aceitar compartilhar território…”

“No que ele está pensando?’’ Theo pensou enquanto olhava a expressão inquieta de Amiah.

— Certo. Treinaremos sua mira. Se necessário, use o vento para dar mais pressão.

Theo pegou o arco e uma flecha antes de ficar em pé. Colocando uma flecha no arco, respirou fundo buscando um alvo.

— Acerte aquela árvore maior — Amiah apontou para uma árvore gigante e de tronco grosso.

A flecha foi disparada. Sem usar nenhum atributo, a flecha desviou alguns graus para a esquerda e acertou uma pedra no chão. Theo estalou a língua desapontado com o fracasso.

— Não se preocupe. Para tudo tem uma primeira vez. — Amiah entregou outra flecha para Theo. — Novamente.

Respirando profundamente, Theo se concentrou no alvo. 

Uma brisa forte correu o ambiente. Fechando os olhos, Theo anulou qualquer som ou sensação da sua mente: sentindo apenas a brisa e a árvore na sua frente. Quando o vento cessou, ele atirou no mesmo instante. 

Novamente foi um movimento falho.

— Talvez não seja sua especialidade.

— Tsk.

☽✪☾

Eles caminhavam na floresta, agora numa região mais verdejante e viva. Seguiam uma trilha de barro entre as árvores afastadas que deixam a floresta exposta, porém ofuscada por uma névoa fraca de chuva. De longe, observaram uma caçada selvagem: um falcão cortou o ar, descendo do céu e rasgando as folhas para envolver suas garras em um réptil no chão.

Lutando contra seu caçador, o réptil se contorceu para fugir, tentando lutar de todas as formas. Foi em vão. Poucos segundos de combate duraram até que a ave enfim matasse sua presa e começasse sua refeição.

— Aquele é um kynigos anemus. Pode ser confundido com um falcão, mas dá para diferenciá-los pela crista verde. É uma das espécies que conseguem chegar mais próximo da camada de ozônio sem sofrer nenhum dano — explicou Amiah.

— Tenho que matá-lo e consumir o núcleo? — indagou Theo.

— Exatamente.

Dando um tapa no próprio olho e deslizando a mão pelo rosto, Theo soltou fracos resmungos de cansaço e desconfiança, mesmo assim ele empunhou o arco. 

Se concentrando profundamente, ele disparou novamente. Mas, desta vez, Theo mira em outro alvo: numa pedra ao lado do pássaro.

A flecha transformou a pedra em fragmentos, chamando instantaneamente a atenção do animal para o garoto. 

Com uma investida brusca, o kynigos anemus avançou contra Theo, que, para desviar, inclinou seu corpo para trás. Apontando seus dedos para a floresta, ele disparou uma rajada de vento que interessou a ave mais do que seu caçador.

Investindo até o projetil, a ave cortou o feitiço.

“Sabia!” pensou Theo. “O nome Vento de caça não é à toa. Ele sempre caçará qualquer ser que possua o atributo vento. Isso é para se mostrar superior a todos quanto a este elemento?…”

Theo disparou novamente, desta vez para o leste. A ave rasgou o vento na direção do feitiço, e assim que chegou a parte do feitiço de vento, Theo atirou uma flecha imbuída no elemento. 

Kynigos se perdeu, estando em fogo cruzado, não conseguiu decidir para qual feitiço atacar. Parado no ar e perdido, a flecha atingiu diretamente as costas da ave, que caiu no chão já sem vida.

— Parabéns — disse Amiah, em tom sarcástico. — Conseguir confundir ele, foi uma boa estratégia.

Amiah conduz Theo até o corpo do animal. Tirando a flecha do cadáver, apontou para a crista verde cintilante na testa do animal.

— Toque nela — ordenou. — e absorva a energia dele.

“Fala como se fosse fácil absorver energia assim do nada…”

E foi mais fácil do que Amiah explicou.

Ao tocar na crista do kynigos, uma aura verde começou a vazar pela mão de Theo. Lentamente a aura foi entrando pela pele: como se não fosse parte da matéria. 

Logo sentiu a energia se movendo até o seu plexo solar. Expirando, um vento frio e refrescante fugiu de sua boca.

— Viu só? É mais fácil do que você pensa.

— Estou me sentindo leve… — murmurou Theo.

— Claro. Acabou de receber uma abundância de energia atmosférica nas veias.

Theo processou as palavras, e os fatos caíram sobre suas costas.

— Essa é a mana? — indagou Theo.

— Sim. Porém, provavelmente refinada e fundida com as moléculas do anemo.

“Essa sensação… é similar ao Weltna de Egon…” ponderou Theo, ainda recebendo a sensação da energia em suas veias.

— Não desfrute demais da sensação boa. Pode se tornar um vício.

— É puro.

— Sim. Me entregue seu diário.

Theo tirou o caderno da mochila e o entregou para Amiah, que logo começou a folhear. Chegando no limite do conteúdo, o mentor fechou o diário.

“Dez animais. Ele já concluiu a missão.”

— Vem, vamos regressar para o ponto de encontro. É o segundo dia, já devem ter voltado para as carruagens.

☽✪☾

— Sir Paul. Onde colocamos o corpo deste animal? — indagou um dos cocheiros.

Paul olhou para o lado e viu alguns homens arrastando o cadáver do sirius que Antony e Ivan mataram. Ivan congelou o corpo para que ficasse conservado, mas devido ao calor, o efeito já estava acabando.

— Coloquem na mala da carruagem.

Fechando os olhos, Paul se concentrou na floresta.

“Theo e Amiah estão voltando… O restante está perto de uma fonte externa de energia…” As sobrancelhas de Paul franziram. “Um cristal arcano…”

— Sir Paul, não está…

— Fiquem vigiando as carruagens — ordenou Paul acendendo um cigarro. — Se Amiah chegar antes de mim, fale para onde fui.

— E para onde você… Ei!

Paul já tinha entrado da floresta.

“Moleques idiotas… vão acabar arrumando uma briga que não vão conseguir ganhar.” pensou Paul, caminhando na floresta.

Picture of Olá, eu sou Mirius!

Olá, eu sou Mirius!

Comentem e avaliem o capítulo! Se quiser me apoiar de alguma forma, entre em nosso Discord para conversarmos!

Clique aqui para entrar em nosso Discord ➥