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— Fronteira leste, Fhuan Zei —

Trinta minutos depois

O campo de batalha estava vermelho carmesim, sendo iluminado pelo fogo. Soldados passavam pelo campo queimado, carregando corpos ou protegendo pessoas que tentavam passar da fronteira.
— Liam — chamou James. — Tenho um plano. Li Minghua disse para você que teríamos que matar as almas antes dos corpos, correto?
— Sim.
— Posso testar algo novo… Recentemente descobri que consigo afetar na causalidade de uma alma. Por exemplo, posso deixá-lo em desvantagem e afetar sua causalidade para que você fique na vantagem.
— Oh… Você evoluiu, não é? Consegue usar isso no monstro?
— Tenho que tentar, não prometo nada.
— É um avanço. Li Minghua, para onde vamos?
Liam, James e um esquadrão do general Li Minghua estavam em uma ruína das muralhas, onde ainda é o limite do que pode ser considerado seguro. Além daquele ponto, era um campo de morte e dor ser precedentes.
— Apenas aponte o norte — continuou Liam.
— Estamos com um certo problema… — disse Li. — Não estamos conseguindo salvar mais ninguém da fronteira. Os soldados de Mikoto estão fazendo de tudo para matar até os inocentes.
— Não estou aqui pelos inocentes. Abrirei caminho, vocês farão o resto.
— Ele é difícil, não? — Li Minghua cochichou para James.
— Difícil é pouco… Mas, ele tem razão. Liam é a nossa brecha para ajudar os soldados no caminho.
— São onis! — exclamou um soldado, correndo do campo de batalha. — Mikoto enviou onis para…
Uma lança atravessa o crânio do soldado, tirando sua vida subitamente. O cadáver do soldado acaba deslizando pelo cabo da arma até encostar no chão.
Um enorme monstro, de pele vermelha e contendo quatro braços, saiu de uma fumaça densa, no topo de um morro barrento.
Os olhos de Li Minghua se encheram de ódio.
— Ei, James. Oni é quando um guerreiro forte e maléfico volta à vida, né? — indagou Liam, com um sorriso sádico.
— Sim. Droga. Liam, espera!…
Liam não esperou. Ao ouvir a confirmação de que aquilo em sua frente era realmente um demônio, um ser infernal, o general não hesitou em desembainhar sua espada, não há que ganhou de presente do general Li, e avançar contra o demônio.
O que deveria assustar todos presentes no lugar, para Liam, foi um impulso. Os monstros que ele tanto ouviu falar, vindo de outro império, de outro mundo, pareciam dar a Liam um motivo para lutar. Mas quando ele desferiu o primeiro ataque… Notou que não passavam de contos culturais.
Avançando ferozmente contra o demônio e, acompanhando o monstro em uma percepção temporal lenta, Liam desfere um único golpe. Esse único golpe foi o suficiente para cortar o demônio ao meio. Sua espada deslizou pela carne do demônio como uma faca num bife. Os ossos daquele monstruoso ser superior, não pareciam nada além de gravetos a serem cortados por um machete.

Aquela facilidade imensa o desapontou. Mesmo desapontado, Liam utilizou o monte onde o oni estava como torre de vigia. No topo, ele notou a presença de muitos outros onis espalhados pelo campo de batalha.
Em suas costas surgiu outro oni, mais forte, mais rápido e de uma cor amarelada. Porém, Li Minghua surgiu exclamando: — Estilo Yan Wang; Panduan!
O oni foi cortado ao meio, e, posteriormente, o corpo do oni emanou uma aura negra. Em poucos instantes, essa aura negra tomou a forma de uma mão gigante que esmagou o demônio vivo.
— Não seja imprudente! — exclamou Li Minghua.
— Relaxa — retrucou Liam.
— Não! Estou alertando, general! Esse não é o seu território! Você não é invencível aqui!
— Pediram a minha força — encarou Liam. — Estou aqui somente para isso. Repreenda-me novamente e não terei dificuldade em transformar aquele bosque que chamam de império, em pó.
Li Minghua engole em seco, ao mesmo tempo que encara Liam com desdém e o deixa fugir.

— Foi mal. Meu temperamento muda quando me dão ordens. Só sigam minhas brechas, é somente isso que tem de fazer.
Liam disparou como um raio de luz meio ao caos da guerra. Com um único e fraco golpe, ele matou oni por oni. Demônio por demônio caiam ali, como se fossem nada para ele, e deuses para os demais. O general apenas corre entre os combatentes, como um vulto instantâneo cortando o ar, matando cada demônio sem remorso.

Que tipo de emoção você sente quando está lutando? — Liam recordou-se da indagação de Li Minghua. — Amor? Ansiedade? Insanidade?

Ao se posicionar diante do oni que parecia o mais poderoso de todos, ele refletiu, “O que eu realmente sinto…”

Liam ajustou a postura, esticou as pernas e desferiu um corte único de baixo para cima, deixando um rastro dourado no ar, cortando o vento e se espalhando pela paisagem.

“É um vazio.”

— Sinto como se estivesse me tornando um fanático por lutas… — Liam resmungou enquanto guardava sua espada.

Enquanto os soldados conversavam no idioma de Zhuang, Liam percebeu um tumulto se formando. Após limpar um pouco do sangue demoníaco de seu rosto, ele tentou entender o que estava acontecendo. Não muito longe, soldados tentavam escoltar prisioneiros de Mikoto. Crianças, mulheres, idosos e homens com correntes amarradas nos pés estavam sendo atacados impiedosamente pelos soldados de Mikoto, que lançavam bolas de fogo, impossibilitando o resgate dos civis.

“Acho que soldados desse nível não serão úteis para nenhum império…” Liam ponderou enquanto dava um passo em direção ao conflito.

Porém, um terremoto sacudiu a região. A três quilômetros de distância, uma mão gigante emergiu do solo, rachando a terra e criando várias ravinas no campo de batalha.

Uma figura grotesca surgia no ar, com mais de trinta metros de altura, as pernas cruzadas, flutuando a vinte metros do solo. Possuía quatro braços enormes e um tipo de auréola branca flutuava sobre sua cabeça, iluminando seu corpo carmesim. Um dos “Kishin no Kozui,” havia finalmente surgido.

Todos paralisaram, até mesmo os soldados de Mikoto. Os olhos dos soldados perderam a cor, o medo os tomou. Um ser superior, algo que um dia já foi humano, mas agora consegue trazer o inferno para o mundo. Uma verdadeira divindade havia se manifestado no campo de guerra.

Os únicos não afetados pelo terror psicológico causado pelo demônio colossal foram Liam e James, já que a maldição de Morgana os protege disso.

— Liam… — chamou James, indo até o general. — Essa coisa… realmente existe?

— Aparentemente… — murmurou Liam, vislumbrando aquela criatura.

— Essa existência é tão… magnifica.

— Acorda. Isso não é Deus. É apenas a falha humana por pensar que pode imitar Deus. Se não és perfeito, podemos matar. Recupere os soldados de Zhuang e proteja os civis — ordenou Liam. — Irei dar conta disso.

— Tem certeza que pode?

Liam encarou James, com uma expressão genuinamente serena.

— Não posso ser considerado o mais forte humano se demônios me assustarem.

— Isso ainda é devido ao reconhecimento do seu pai?…

— Mexa-se, tenente. Faça seu trabalho.

— Sim… senhor! — retrucou James, engolindo em seco.

O tenente James corre pelo campo de batalha em direção ao conflito. Tocando o polegar no dedo médio, James recita seu feitiço: — Schatten der Vergangenheit, erwecke die Toten!

Partículas douradas saem dos cadáveres ao alcance de James. Essas partículas criam uma forma humanoide que acompanha o tenente pelo campo de batalha; as almas dos mortos agora fazem parte do arsenal de James.

— Aniki, okite! — exclamou uma voz fraca e dolorosa. A voz de uma criança estava abafada e sofrida, como se estivesse sob escombros. Liam tentou encontrar a fonte daquela voz, mas não conseguiu daquele ponto.

Saltando de um barranco e olhando para trás, Liam se depara com duas crianças. Uma delas, a mais velha, estava desacordada. A mais nova, que clamava por seu irmão, estava coberta de lama e feridas profundas.

Oi, Melina! — exclamou Liam, com apenas quatro anos. Ele segurava sua irmã mais nova nos braços, segundos antes dela partir. — Eu sou teu irmão mais velho, Liam. Você já consegue falar? — Essa memória surgiu na mente dele como um holofote. — De qualquer forma, saiba que nós te amamos. Logo estaremos todos juntos e poderemos sorrir.

A memória de sua irmã inundou sua mente como uma onda intensa.

— Mason!? — Li Minghua exclamou.

— Estou aqui embaixo — retrucou Liam.

O general Li Minghua saltou do barranco a dez metros de Liam. Mesmo perplexo com o demônio distante, Li engoliu o medo e se aproximou do general de Egon.

— Leve as crianças — disse Liam. — Ajude James a retirar todos do campo de batalha. Vou ganhar tempo para vocês.

— Isso é um sacrifício… — murmurou com remoço, olhando o colosso.

— O que houve para me subestimarem tanto?

— Só… use a espada.

Liam assentiu com a cabeça e virou-se para o Kishin. Desembainhando a espada de Egon, Liam deu um passo em direção ao demônio. No entanto, a criança menor agarrou sua perna.

Olhando para a criança, o general gritou: — Tire-a daqui!
— Onegai, watashi no haha o tasukete kudasai! — exclamou a criança, lacrimejando e com fraqueza nas pernas.
— O quê? — murmurou Liam.
— Tem alguém perdido no campo de batalha… — esclareceu Li Minghua.
— Leve as crianças e volte para salvá-lo, então!
O colosso de Kishin, que mais tarde seria nomeado de “Kishin no Raito”, acumulou energia na auréola em sua cabeça. A luz emanada iluminou quilômetros.
— É impossível! Assim que eu chegar a um lugar seguro, o campo de batalha já terá sido transformado no inferno!
“Que droga!” reclamou Liam.
Fazendo a criança soltar sua perna, o general saltou quase cinquenta metros para cima. Analisando o campo, Liam notou Li Minghua voltando com as crianças e James guiando os soldados.
Uma névoa roxa escapou de seus olhos, revelando a Liam todos os seres vivos num raio de seis quilômetros. Mais de vinte presenças estavam no mesmo lugar: dezoito eram soldados de Mikoto, com toda certeza, mas apenas duas pareciam ser inocentes. Mesmo que não soubesse realmente a quem a criança se referiu, com certeza eram aqueles dois: uma mulher segurando um recém-nascido em seus braços.

Olhando uma última vez pela região, Liam caiu na direção daquelas pessoas, Liam caiu na frente da mulher.
Olhando os arredores, muitos dos soldados de Mikoto também eram crianças que nada podiam fazer. As divindades que eram proclamadas como “heróis” pelo império deles, na verdade, não passavam de demônios.
Batendo palmas com força, Liam chamou a atenção de todas as crianças. Os olhares deles se voltaram para o general, que, por sua vez, apontou para o chão atrás dele.
A mensagem foi entendida pelos soldados: fiquem atrás de mim, ficarão seguros. Para aqueles que já estavam encarando a morte, Liam não representava perigo para eles. Por fim, todos os soldados se reuniram, junto com a mulher e seu bebê.
O feixe de luz do Kishin implodiu, forçando uma gota de suor a escorrer pelo rosto de Liam. Em poucos instantes ele desapareceu, mas durou tão pouco que pareceu um piscar de olhos. O raio de luz foi lançado em um diâmetro de mais de cinco quilômetros, enquanto o som da explosão demorou para acompanhar.
— Que merda… Esse sentimento de medo é o que faz a vida ter valor? — resmungou Liam, temendo não conseguir salvar as vidas que protege agora.
O feixe de luz foi disparado como uma enorme espada em direção ao centro do campo. Durou dois segundos para o som alcançar o feixe de luz e uma enorme explosão se alastrar pelo poder do demônio, que transformou tudo no próprio “inferno”.
A radiação se propagou pela atmosfera, afetando até mesmo aqueles que estavam nos pontos mais seguros. O calor distorceu a visão de qualquer um, chegando, em alguns lugares, a mais de duzentos graus.
No entanto, graças a um escudo de energia criado por Liam para proteger a si e aos outros, esse calor não os afetou. O único problema foi que Liam teve que usar seu corpo como barreira para criar o escudo, sendo atingido em cheio pelo ataque do demônio.
Parado em pé, Liam continuou tentando expulsar a radiação e o calor das proximidades. Até que, de repente, uma mancha branca surgiu na frente de Liam.
— Hm? — resmungou Liam. — As almas de James? Ele está vindo?
A alma assentiu que sim.
— Ótimo. Há mais de vocês? Por aqui ou a caminho?
Ela fez um sinal de dois com os dedos após assentir que sim novamente. Liam interpretou como: “há mais de nós vindo a caminho”.
— Certo. Levem essas pessoas em segurança até o império Xin — ordenou Liam.
A alma adentrou no escudo de Liam e pegou uma criança nos braços. Mais almas surgiram no mesmo lugar para carregar os demais. O general teve que, pela primeira vez, esforçar-se para manter seu feitiço ativo. Quando todas as almas saíram do lugar, Liam não mediu esforços para desativar o escudo e aumentar sua presença, alertando ao demônio que ele ainda estava vivo.
Caminhando pelo fogo, Liam estava apenas a algumas centenas de metros do Kishin. Pegando na sua roupa, que agora estava totalmente rasgada, o general Mason exclamou para o demônio:
— Isso é tudo? Um ataque desse nível só conseguiu transformar minha roupa humana em trapos? — Puxando uma parte de sua camisa, que se rasgou e caiu ao chão com um toque, Liam continuou: — Superestimei muito você após aquele golpe. Não és nenhuma divindade, é somente uma fraude.
Liam continuou andando em direção ao monstro, sem pensar nas consequências. Desembainhando, finalmente, a espada que Li Minghua lhe deu, Liam olhou para o Kishin.
“Pode ser que eu tenha uma resposta melhor para a sua pergunta após essa luta, Li Minghua”, pensou ele, com um sorriso no rosto. Com a lâmina dos céus em mãos, Liam atirou-se contra o Kishin.

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Olá, eu sou Mirius!

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