O Lendário mosqueteiro confunde a todos!
— Porque mosqueteiros mirins, como vocês, estão caminhando em Fosigua, como se fosse o Éden!? — grita o lutador aos dois soldados, e logo depois, aponta para os yetis — Era para eles terem me encontrado, não vocês!
— … Do que ele está falando? — sussurra em uníssono os mosqueteiros feridos, ainda sem entenderem.
Então os yetis finalmente assimilaram a presença do kyapen.
— Olha, é o intrometido, irmão! Veio para ser devorado também.
— Como ele apareceu tão rápido…
Renāto vira para os yetis, com cara de decepcionado.
— Não se mexam e fiquem calados. Eu volto em um instante.
Então ele se levanta, fazendo um breve alongamento.
— Me desculpem pelo imprevisto, senhores. Esses jovens irresponsáveis não irão lhes incomodar mais. Eu tinha toda uma estratégia para usar em vocês, mas pelo visto vou ter que improvisar.
— Está zombando de nós, bem-vestido? Não vamos te perder de vista, dessa vez.
— Prepare-se para virar patê!
Os yetis partem em direção à Renāto, carregando suas clavas de osso nas mãos. Eles aplicam com um golpe sincronizado de cima para baixo em Renāto. Porém, o mosqueteiro intercepta os ossos, cada um com uma mão diferente, como se aquelas clavas gigantes não fossem nada. Enquanto faz isso, o kyapen resmunga consigo mesmo.
— Não era para ser assim. O que faço agora? Bem, aquele jab mágico ainda não está pronto. O rasteiro precisa de energização do azul puro. A agulha vou usar no torneio… Ah, já sei!
Então de repente, uma aura que emana um forte vapor, no qual metade é vermelho e metade é azul, começa a fluir do corpo de Renāto. Ele fecha seus olhos como sinal de concentração e o nervosismo de antes, se transforma em calma. Os yetis continuam a forçar suas clavas nele, mas sem sucesso.
— Olha, guri! Tem algo acontecendo com Renāto! — Exclama Lup.
Telly começa a encarar o lutador de forma contemplativa, e ele logo assimila o que está acontecendo com o kyapen.
— Então essa é a verdadeira Dentō…
[Dentō: A Nejireta da tradição. Está presente em todos os moradores de Araukaria, mas poucos a dominam por completo.]
Enquanto os mosqueteiros observavam a grandeza da Dentō, Renāto concentra a aura de seus punhos nas bases dos ossos, perfurando cada osso e os prendendo em suas mãos. Ele puxa os ossos das mãos dos Yetis e pega impulso para trás, preparando um ataque.
— Não estou entendendo nada, Irmão! Como ele fez isso?
— Esse Azulzinho é diferente dos outros bem-vestidos. Hora de usar o bafo gélido!
Então, os dois yetis abrem suas bocas e soltam uma rajada de gelo em direção ao mosqueteiro. Renāto usa os ossos como se fossem pernas de pau e os ossos absorvem todo gelo, como se a magia que emana neles atraísse todo o poder elemental.
— Belas clavas, senhores — ironiza Renāto, de cabeça pra baixo e apoiado nos ossos — Minha vez de usá-las!
O mosqueteiro pega impulso e é lançado para o ar, como se estivesse em uma competição de salto com vara, em direção aos gigantes. No ar, ele posiciona os ossos na vertical e aplica um golpe duplo na lateral da cabeça dos dois yetis, soltando toda a energia acumulada nas clavas. Os yetis se colidem e caem desmaiados com o poderoso golpe.
Os olhos dos dois jovens mosqueteiros, brilham ao ver o que Renāto acabara de fazer.
— Não esperava menos de um mosqueteiro lendário, guri!
— Impressionante… Faz tempo que não o vejo lutando dessa forma. Na verdade, acho que nunca o vi lutando dessa forma.
Renāto retira os ossos dos punhos e os articula, como se estivesse checando se está tudo bem com eles.
— A Dentō não precisa ser usada somente para atingir alguém diretamente — ressalta Renāto aos dois — Golpes assim são bem previsíveis. Ela também serve para usar a força de seu oponente, contra ele mesmo. Guarde essa lição com vocês.
— Obrigado por nos salvar, mestre.
— Acho que se não fosse o senhor…
— Podem me agradecer depois — diz o kyapen, olhando para os yetis caídos — Agora, se não se importam, quero que cada um de vocês arraste um yeti e siga-me.
Quem sabe assim não melhorem sua Dentō.
Lup e Telly se olham, ainda feridos pelo impacto causado pelos gigantes. Eles se levantam com muito esforço, cambaleando e apoiando um no outro.
— Mas senhor — balbucia Lup — Acho que não estamos em condições de…
Então, de repente, ele e Telly desmaiam. Renāto suspira, coloca os dois por debaixo dos braços, e segue uma trilha desenhada.
— Droga. Logo hoje que eu queria uma carne de yeti fresca. Espero que dê para voltar e salvar alguma coisa ainda.
Se afastando do local, é observado no fundo, os yetis ainda caídos, e os ossos gigantes com um buraco na ponta, saindo um vapor bicolor nos buracos em que Renāto encaixou seus punhos.
A verdadeira força de um mosqueteiro!