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“O conhecimento dos antigos é uma lâmina afiada, pronta para cortar a escuridão da ignorância. Todo guerreiro deve empunhar sua rede com sabedoria.”
O Livro das Marés, Manuscrito IV.


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No coração desse intrigante cenário de rivalidades e conspirações, a Biblioteca das Marés permanecia como um local sagrado, apesar de estar sob o controle e administração do poderoso Clã Dragões de Sangue. 

Dentro de suas paredes silenciosas, segredos ancestrais eram preservados com zelo, incluindo as misteriosas técnicas secretas que todos acreditavam estar ocultas dos olhos curiosos dos outros clãs.

Nesse tranquilo refúgio de conhecimento, onde até mesmo os pergaminhos pareciam sussurrar segredos e as prateleiras se estendiam como um tapete mágico de sabedoria, Harley Ginsu se aprofundava em suas leituras. 

A vida havia arrancado tudo dele, lançando-o em um novo clã. Ele que desde da infância sempre olhava para o horizonte, antecipando os momentos em que poderia, como os pássaros, voar sobre terras desconhecidas, sentir novas carícias do vento e desvendar os mistérios deste vasto universo. 

Algum dia, perguntava-se ele novamente, conheceria cada canto deste mundo? No entanto, assim como em todas as outras vezes em que se permitia sonhar com esperanças vãs, a dura realidade retornava, pesada, e o desânimo o envolvia. 

Do seu lar original, um ciclo infindável de treinamento, avaliação e punição, fora arrastado para um lugar onde sua existência era mera formalidade, como os móveis que decoravam o ambiente, sua importância limitada à satisfação de alguma necessidade, pronto para ser descartado a qualquer momento. 

O tempo tinha passado e a solidão do passado continuava neste novo cenário, com construções e pessoas diferentes, mas nestes tempo preso sem grandes em outro clã, seu olhar tinha lhe ensinado a conviver e não se fazer notar como antes fazia apenas com os bichos e as coisas da natureza a volta de suas grades. 

Hoje estava na biblioteca, mas amanhã poderia estar varrendo o pátio ou removendo excrementos. A expectativa de explorar o mundo, de descobrir suas vastas extensões e infinitas peculiaridades, era constantemente sufocada por amarras invisíveis que o mantinham aprisionado em uma existência monótona. Restavam-lhe apenas os livros para trazer um lampejo de cor a essa vida sem vida.

Agora, ele explorava os pergaminhos antigos como um arqueólogo em busca de tesouros enterrados. Cada folha de papel amarelada era uma ilha em um vasto oceano de conhecimento, cada palavra escrita podia esconder uma surpresa ou revelar um segredo perigoso. Era um mergulho profundo em um mar de sabedoria. Era tudo que lhe restava. Era tudo de precioso que ele tinha. 

Cerca de 8 anos antes, seu pai, que era o patriarca de seu povo, havia desaparecido misteriosamente, deixando um vácuo de liderança no Clã da Adaga Arcana. 

Esse tumultuado acontecimento resultou na redistribuição: de bens, conquistas e membros entre os outros quatro clãs, destroçando o destino do Clã da Adaga Arcana em um fim sombrio. 

Nesse período turbulento, ele e seu quase desconhecido irmão mais velho, potenciais herdeiros do legado de seu pai desaparecido, foram separados. Cada um seguiu seu próprio caminho, com Harley sendo cooptado para um destino único e desafiador.

O jovem Ginsu era de estatura média, com aproximadamente 1,70 metros de altura. Seu corpo era esguio, ágil e flexível, resultado de inúmeras horas dedicadas ao treinamento rigoroso nas mais diferentes disciplinas que lhe tornaram um grande guerreiro e um possível líder. 

Ele vestia um traje que lembrava as lendas de seu clã de origem, que afirmavam que seu fundador era um grande mago. Assim, naquele momento, o jovem estava usando uma túnica mais curta que mais parecia um blusão e uma calça preta flexível que lhe diferenciava das vestimentas de todos daquele novo clã. 

Um detalhe notável que ele optará também era o uso de um cordão preto, utilizado para ajustá-la à cintura, em vez de uma faixa ou cinto utilizados por todos à sua volta. 

Essa escolha representava sua firme decisão de manter a tradição de seu antigo clã, recusando-se a adotar ou se submeter a novas tradições das artes marciais, especialmente após as humilhações que havia sofrido. Era a maneira de afirmar sua identidade e lealdade aos princípios de seu passado, mesmo após sua admissão em outro clã.

Essa escolha representava sua firme decisão de manter a tradição de seu antigo clã e os seus sonhos de desbravar o mundo intacto.

Era a maneira de afirmar sua identidade e lealdade aos princípios de seu passado, mesmo após seu asilo em outro clã. Era uma maneira sutil, mas significativa, de preservar sua herança enquanto se adaptava a um novo lar.

No entanto, o que mais chamava a atenção em Harley era a mochila marrom que ele carregava nas costas, sempre presente. Era uma mochila grande e robusta, feita de couro resistente, repleta de correias e compartimentos. 

Essa mochila era sua fiel companheira, abrigando não apenas seus pertences, mas também segredos e mistérios que ele havia acumulado ao longo de sua jornada. Cada item eram como fragmentos de sua própria história, lembranças de seu passado e vislumbres do futuro incerto que ele a cada novo dia parecia estar distante. 

Na quietude dos corredores da Biblioteca das Marés, Harley mergulhava em uma jornada solitária, carregando não apenas o legado de seu clã, mas também a chama ardente de um destino ainda por desvendar. Em meio às estantes imponentes e aos volumes antigos, ele repetia para si mesmo, uma e outra vez, a determinação de não permitir que seus sonhos sucumbissem ao esquecimento.

Na Biblioteca, Harley mergulhava nos manuscritos raros, testemunhas silenciosas de aventuras e mundos surpreendentes. Cada página amarelada pelo tempo exalava um aroma envelhecido, misturando-se ao cheiro adocicado de naftalina, evocando uma sensação de familiaridade e novidade ao mesmo tempo. 

Para ele, esses textos eram como guias sábios, compartilhando suas histórias mesmo quando não eram invocados, oferecendo um vislumbre do desconhecido em um momento em que a liberdade de explorar o mundo parecia cada vez mais distante.

Dentre todas as páginas, nenhuma lhe parecia tão apropriada quanto os versos do livro cômico do Mestre Wukong, pois a profundidade de suas palavras escondida entre o riso fácil abriam as vezes vislumbre do mundo em que Harley estava sendo privado de conhecer.  

E mais, quando ele se deparava com aqueles enigmas e adivinhas, onde em muitas partes encontrava escrito: “O universo é múltiplo é tão sinuoso quanto uma serpente, e minha sabedoria se enrosca, como uma serpente, ao buscar compreender a seu tamanho.”

E também quando lia: “Busque os ventos divinos que com a força de mil tempestades vos impulsionará, fazendo de você merecedor da recompensa que sua grandeza merece.” 

Eram palavras que, embora incompreensíveis, ecoavam como encantamentos ancestrais, delineando os contornos dos profundos segredos que o seu desejo por conhecer novos mundos guardava. 

Mesmo diante da perspectiva de uma fuga iminente, Harley sentia-se impelido a desvendar esses mistérios, destinado a uma busca incessante pela grandiosidade que aguardava além dos limites de sua existência confinada. 

Harley olhava para aquele espaço familiar e sentia uma mistura de nostalgia e inquietação. Ele havia vivenciado tudo o que aquele lugar tinha a oferecer. Cada canto daquelas instalações carregava memórias de sua intensa jornada de autodescoberta e crescimento. 

Ele podia ver mentalmente as pessoas vivendo suas vidas cotidianas: treinando, conversando, lendo. Momentos simples, mas fundamentais, que haviam contribuído para sua transformação.

Ele lembrou-se de Thalassa, cujo apoio foi crucial para sua evolução. Com a ajuda dela, ele conseguiu domar a fera interior que o dominava, aprendendo a se comportar de maneira mais humana. Thalassa havia sido sua guia, ensinando-lhe as regras implícitas do contato humano, algo que ele sabia que teria que refinar pelo resto de sua vida.

Seu progresso foi notável. Sua expressão indiferente, que antes afastava as pessoas, agora era apenas um pequeno obstáculo comparado ao seu olhar agressivo e aos comportamentos animalescos de outrora. 

Ele havia aprendido a esconder a fera que habitava dentro de si de tal forma que as pessoas ao seu redor não se sentiam mais ameaçadas. Sentia-se finalmente aceito como um membro mais baixo do clã, mas também percebia que esse clã, que antes fora um refúgio e um campo de aprendizado, começava a se tornar uma nova prisão.

Essa nova consciência trazia consigo uma sensação opressiva de confinamento. O novo clã que de certa forma o escravizara também não era muito diferente da antiga cela em que ele morava antes. 

A cela em que se encontrava agora era apenas um pouco mais espaçosa, mas ainda assim machucava sua alma e testava sua determinação a cada momento. No entanto, para Harley, o importante sempre foram os ganhos e não o processo ou as condições impostas. O ambiente que antes fora um solo fértil para seu crescimento agora parecia apertar-se ao seu redor, sufocando-o lentamente.

Na mudança de cativeiro, o jovem Ginsu não teve escolha, nem decisão; apenas teve que sobreviver novamente. A percepção de que não havia mais nada a aprender ali era cada vez mais clara. 

Seu espírito inquieto, que foi obrigado a encontrar propósito naquele espaço, agora ansiava desesperadamente por novas experiências e desafios. A sede por conhecimento e aventura estava renascendo com força total dentro dele, impulsionando-o para além dos limites conhecidos.

Ele sentia o chamado do desconhecido, uma necessidade visceral de explorar, de descobrir o que mais o mundo tinha a oferecer. O desejo de romper as barreiras, de arrancar as grades invisíveis que o mantinham ali, crescia a cada dia. 

Harley sabia que não poderia mais ignorar essa urgência. Ele estava pronto para enfrentar novos horizontes, para desafiar a si mesmo em terras desconhecidas, e encontrar novas maneiras de evoluir e crescer.

Entendendo que havia chegado a um ponto crucial em sua jornada, Harley já tinha percebido a muito tempo atrás que, antes de seguir em frente para novos horizontes de aprendizado e aventura, ele precisava elaborar um plano sólido e identificar oportunidades promissoras. E era nisso que ele agora passava boa parte do seu tempo pensando e elaborando.

O jovem, que suspirava diante de tanta reflexão, tinha apenas 17 anos. Enquanto organizava os pergaminhos e manuscritos, ele sabia que em breve não poderia mais contar com todo aquele conhecimento à sua disposição. Precisava, portanto, mergulhar de volta nos ensinamentos diretos e indiretos contidos naquela vasta biblioteca. 

Hoje, à sua frente, estavam manuscritos com as biografias de inúmeros lutadores históricos que atravessaram os limites do corpo, do espaço e do tempo, tornando-se lendas. 

Harley sabia que sua ansiedade e desejo por mudança eram atenuados por suas buscas incessantes por mais conhecimento, seja sobre estratégias de guerra ou sobre novas técnicas que pudessem ser combinadas ou desenvolvidas para torná-lo um guerreiro mais habilidoso.

Diante da escassez de informações sobre magia ou grandes magos, ele havia dedicado seu tempo à pesquisa de artefatos e à produção de armas. Essa busca era igualmente fascinante, pois oferecia a ele uma oportunidade de descobrir novos poderes e habilidades que poderiam ser fundamentais em sua jornada. 

Os pergaminhos que lia eram recheados de descrições detalhadas de batalhas épicas, armas encantadas e guerreiros que se tornaram lendas por sua coragem e destreza. Cada página virada era um passo a mais em sua própria transformação.

Harley sentia-se como um alquimista do conhecimento, combinando antigas sabedorias com suas próprias experiências. Ele compreendia que, para superar os desafios à sua frente, precisaria de uma fusão de força bruta e mente afiada. Estudava táticas de combate com a mesma paixão com que pesquisava a criação de artefatos, sempre em busca de um novo ângulo, uma nova vantagem. 

A biblioteca era seu santuário e seu campo de treinamento mental, onde preparava-se para enfrentar um mundo repleto de perigos e incertezas. Cada fragmento de sabedoria que assimilava era mais uma arma em seu arsenal crescente, pronto para ser utilizado na contínua batalha por sobrevivência e liberdade.

E mesmo o clã lhe tratando como uma sombra passiva sem qualquer habilidade marcial, o jovem Ginsu continuava buscando algo mais profundo, algo que talvez nem mesmo o Mestre Wukong pudesse explicar.

Quando Harley não estava ocupado com suas múltiplas tarefas serviçais no clã, ele dedicava horas à leitura. As palavras desses pergaminhos o envolviam como um feitiço, fazendo-o questionar os ensinamentos fundamentais que seu pai lhe transmitira. 

O jovem na solidão da biblioteca refletiu: 

“Por que sua família nunca compartilhou as técnicas místicas e poderosas que ele encontrara algumas referências em suas leituras? Por que havia esse segredo tão profundo guardado por tanto tempo? E, mais importante, onde ele poderia encontrar esse conhecimento oculto que tanto ansiava descobrir?”

Harley debatia consigo mesmo, incapaz de chegar a um consenso sobre a verdade por trás das técnicas supremas e das artes mágicas: ‘Será que a magia é real, ou são apenas mitos inventados para inspirar ou amedrontar?’

Cada vez que lia sobre habilidades lendárias e feitiços poderosos, uma dúvida surgia em sua mente: “Se a magia era real, por que sua família nunca lhe falou sobre isso? Por que mantiveram-no na ignorância, enquanto o mundo estava repleto de histórias de guerreiros que dominaram forças além da compreensão humana?”

O silêncio de sua família sobre esses assuntos parecia mais um muro intransponível do que uma simples omissão.

Essa reflexão sobre a existência ou não da magia era como uma faca de dois gumes. Por um lado, a ideia de que tais poderes pudessem ser reais inflamava sua curiosidade e determinação. Por outro, a possibilidade de serem apenas lendas criava uma sensação de frustração e dúvida. 

Harley sentia-se preso entre duas realidades: uma onde a magia era possível e ele poderia descobrir e dominar esses segredos, e outra onde sua busca não passava de uma perseguição vã, uma ilusão sem substância.

Ele ansiava por encontrar uma resposta definitiva para as perguntas: “Onde poderia desvendar esses segredos ocultos? Seria em algum grimório perdido, em ruínas ancestrais, ou nas palavras de um mestre recluso?” 

Cada possibilidade alimentava sua sede por conhecimento, sua vontade de transcender os limites do comum e alcançar o extraordinário. O jovem Ginsu sabia que, para alcançar esse nível de compreensão, precisaria sair de sua zona de conforto, superar as prisões em que tinha sido deixado desafiando-se além dos horizontes conhecidos.

 e, talvez, descobrir verdades que sua família e tantos outros preferiram esconder.

A busca por poder, por força e por esse conhecimento oculto tornava-se mais do que uma simples curiosidade; era uma missão pessoal, um desafio que ele se impôs para provar a si mesmo que as lendas poderiam ser mais do que simples histórias. 

Ele queria acreditar que a magia existia, que os guerreiros lendários que lia nos manuscritos não eram apenas fruto da imaginação, mas sim figuras que haviam dominado forças além da compreensão humana. 

E, com essa crença, Harley refletia que talvez todo esse conhecimento fossem segredos que deveriam ser conquistados por merecimento, ou quem sabe, por sorte ao cair no colo por intenção do destino. 

Contudo, nenhuma história ou ilusão poderia diminuir a dor avassaladora do presente, e assim, o seu passado sombrio continuava a assombrá-lo implacavelmente. Por mais que se esforçasse para não ser consumido pelas lembranças dolorosas, focando-se no autoaperfeiçoamento e no estudo incansável, ainda assim Harley era atormentado pelos horrores infligidos pelo Clã Dragões de Sangue.

Recordações torturantes assaltavam sua mente sem piedade, como flashes de um pesadelo interminável. Lembrava-se vividamente do momento humilhante em que rasgaram suas roupas diante de uma multidão insensível, expondo sua vulnerabilidade ao escárnio público. 

Sentia novamente a dor lancinante quando seus gritos de agonia eram abafados pelo estrondo das batidas de panela, como se cada golpe fosse uma sinfonia macabra, uma trilha sonora grotesca para os atos brutais de submissão impostos a ele.

A sensação de impotência e desamparo que experimentara nas mãos cruéis de seus algozes ainda ecoava em sua alma, uma cicatriz emocional que se recusava a cicatrizar. 

A cada respiração, a sombra do passado pairava sobre ele, envolvendo-o em um véu de angústia e desespero. Por mais que tentasse enterrar essas lembranças sob camadas de determinação e autocontrole, elas emergiam para atiçar a fera que a muito custo ele tinha trancafiado dentro de si.  

Apesar de todos os seus esforços para controlar sua raiva e todo o ódio, Harley sabia que a fera que existia dentro dele nunca poderia ser domesticada e jamais desapareceria ou seria completamente dominada. E enquanto lutava para acalmar-se, ele sabia que a batalha contra os demônios de sua própria mente seria uma jornada longa e árdua. 

Sem um plano ou objetivo definido além de descobrir o tamanho do mundo, ele adiava sua partida, suportando as humilhações que, quando confrontadas ou defendidas, resultavam em punições ainda mais severas e restrições adicionais.

Harley compreendia que, se continuasse a resistir, logo seria aprisionado de maneira literal novamente, e seus sonhos de escapar e explorar o mundo seriam desfeitos. Eles, por sua vez, alimentavam a ilusão de que, ao adotá-lo, teriam acesso às poderosas e secretas técnicas do Clã da Adaga Arcana, transmissíveis apenas por descendência e nunca registradas. 

Essa linhagem misteriosa era dita capaz de romper os véus da realidade e transpor vastas distâncias em questão de milissegundos, algo que o jovem jamais testemunhara e cuja veracidade lhe escapava.

No entanto, depois de passar por um período de intensa dor e humilhação, o jovem escolheu sofrer em silêncio, recusando-se a revelar qualquer pista sobre seu clã. 

Como toda escolha tem suas consequências, Harley acabou mergulhando em um estado catatônico por um período indeterminado, resultado das brutalidades infligidas durante os interrogatórios e torturas diárias. Essa condição fez com que seu clã concluísse que ele não tinha mais utilidade, transformando-o em um fardo dispendioso e sem valor. 


Enquanto Harley organizava os pergaminhos e manuscritos, ele sentia a presença constante de Thalassa. A garota era uma jovem com 15 anos de idade, além de beleza singular e cativante. Seus cabelos escuros, que muitas vezes caíam em cachos rebeldes, adicionavam um toque de bagunça charmosa ao seu visual. 

Ela não se importava em manter seu cabelo perfeitamente penteado, preferindo deixá-lo livre e natural. Seus olhos eram profundos e expressivos, com a cor de safira, revelando uma alma curiosa e cheia de vida. 

A garota gostava de brincar com todos ao seu redor, muitas vezes piscava de maneira brincalhona e lançava olhares furtivos que eram cheios de malícia e diversão. 

Quanto ao vestuário, ela combinava o estilo prático dos praticantes de artes marciais com toques de ousadia. Usava uma túnica leve e fluida que permitia movimentos ágeis e, ao mesmo tempo, realçava sua figura esbelta. 

Seus sapatos eram tão leves quanto plumas, conferindo-lhe uma vantagem extraordinária em combates ágeis. Além disso, Thalassa possuía uma espada de lâmina longa e curvada, que descansava ao seu lado. Suas pulseiras de jade eram emblemas de sua destreza inigualável.

Com o tempo e com o mesmo gosto exótico por pergaminhos do Mestre Wukong, Harley e Thalassa acabaram se aproximando. 

Eles acabaram compartilhando uma conexão silenciosa, mergulhando nas profundezas do saber enquanto o mundo exterior continuava seu curso, como se estivessem em um mundo paralelo onde só a busca pelos segredos de manuscritos obscuros importava e o tempo e o espaço eram apenas observadores sem muita importância.

Passou-se um ano desde que o jovem Ginsu começara a trabalhar na biblioteca, mas sua nova jornada depois da cura do catatonismo estava apenas começando. 

Ele era cada vez mais esquecido, e em sua nova rotina com menor contato com os membros do seu novo clã, ele se perguntava se as respostas que procurava estavam nas prateleiras empoeiradas ou se teria que trilhar um caminho próprio para descobrir a verdade sobre os segredos e beleza que o mundo continha. 

A biblioteca, por fim, tornou-se tanto seu refúgio quanto sua prisão, pois a presença de Thalassa o fazia adiar seus sonhos de fuga, ansiando por aqueles raros momentos de tranquilidade e compartilhamento que jamais conhecera. 

De treinos árduos, rotina impiedosa e solidão, o jovem nunca experimentara verdadeira camaradagem ou a sensação de bem-estar ao lado de outro ser. Sua vida até então fora marcada por desafios, superações e competições incessantes. Pela primeira vez, mesmo em circunstâncias tão adversas, ele começava a vislumbrar a possibilidade de uma existência mais serena.

Harley não conseguia deixar de ponderar sobre sua indecisão entre permanecer na biblioteca ou aventurar-se a descobrir o que o vasto mundo lhe reservava. Sua vida agora se desenrolava como um suspense constante, onde ele, o protagonista desajeitado e relutante, lutava para encontrar seu lugar em um cenário repleto de personagens peculiares, capazes de causar-lhe tanto alegrias quanto dores. 

Contudo, ele estava decidido a transformar sua trajetória em uma epopeia, e aquela biblioteca representava o ponto de partida de sua grande aventura, o início de sua jornada em busca de conhecimento, poder e redenção.

ANEXO:

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Picture of Olá, eu sou Val Ferri Sant. Ana!

Olá, eu sou Val Ferri Sant. Ana!

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