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Capítulo 06 – Corrida Mortal II

“A verdadeira vitória não é conquistada pela força bruta, mas pela superação de obstáculos. A força de vontade é o guia no caminho da vitória.”
O Código do Guerreiro Solitário, Verso 27.


Harley continuava a avançar a toda velocidade pelas trilhas sinuosas da Floresta de Espinhos. A cada passo ampliava-se a batalha contra os espinhos, que pareciam mover-se com uma inteligência própria, uma entidade viva tentando frustrar seu progresso. 

O sol, após o breve eclipse, despontava entre as copas das árvores, lançando luz sobre a paisagem. Os raios solares faziam brilhar os espinhos afiados, não deixando de criar em sua mente, uma miragem de lâminas douradas. 

Enquanto corria, o jovem foi subitamente distraído por uma série de estampidos no céu. Ele conhecia bem esses sons: eram os fogos de artifício que marcavam a chegada dos competidores ao outro lado da floresta. Quatro explosões distintas iluminaram o céu, e Harley sentiu um aperto no peito. Quatro vagas já haviam sido preenchidas. 

A competição estava se intensificando rapidamente a cada segundo. E o quinto estampido ecoou, cortando o ar com um clarão brilhante. Mais um competidor cruzara a linha, reivindicando sua vaga entre os Kamikazes. 

Ele estava focado em sua corrida, sua mente um turbilhão de pensamentos e estratégias. O jovem precisava de um plano. Foi então que, ao virar uma curva apertada na trilha, avistou um grupo de cinco competidores à sua frente. 

Os seus concorrentes avançavam em uma formação cerrada na trilha apertada, usando sua vantagem numérica como uma parede impenetrável contra outros corredores. O grupo agia de forma coordenada, impiedosamente jogando adversários nos espinhos ou batendo neles com armas improvisadas. Não havia misericórdia, apenas brutalidade.

Harley ficou atrás deles, observando o caos que se desenrolava à sua frente. A cada novo desafiante que tentava passar pelo grupo, era rapidamente subjugado e arremessado para fora do caminho, o som de carne encontrando espinhos ressoando pela floresta. Ele sabia que não podia se dar ao luxo de se envolver naquele caos; que precisava pensar em um modo de ultrapassar o grupo sem se tornar uma vítima.

De repente, um dos competidores do grupo empurrou violentamente um adversário em direção a um penhasco que margeava a trilha. Harley observou, paralisado, enquanto o corpo do corredor se precipitava no vazio, chocando-se brutalmente contra as rochas lá embaixo. A paisagem abaixo foi pintada de vermelho escuro, uma lembrança sinistra do que acontecia com os que eram fracos.

As palavras dos organizadores da corrida ecoaram na sua mente. Eles haviam sido claros antes do início da competição: não era proibido matar ou mutilar apenas. A única regra era vencer, passar a linha de chegada a qualquer custo. Armas perfurantes ou cortantes estavam fora de questão, mas qualquer outra coisa era permitida — bastões, paus, pedras, paralelepípedos, lajotas e barras de ferro. 

Repentinamente, mais dois estampidos clarearam o céu diminuindo mais duas vagas e aumentando o foco de todos os competidores restantes. 

O grupo de competidores continuava sua marcha implacável através da floresta, e Harley os seguiu à distância, ainda analisando suas opções. Sabia que só restavam cinco vagas para os doze finalistas se tornarem Kamikazes, e o tempo estava correndo contra si. Continuar atrás do grupo não era uma opção viável se quisesse garantir sua vaga. Precisava de uma nova estratégia, algo inesperado que lhe desse a vantagem.

Então, o jovem notou que a trilha à frente começava a se alargar, criando um espaço onde os espinhos eram menos densos, um raro respiro na sufocante vegetação. Ele viu essa oportunidade como sua chance de ultrapassar o grupo sem se envolver em uma luta tola que poderia custar tempo e diminuir ainda mais as chances de conseguir uma vaga. 

Com um olhar determinado, Harley abriu um dos compartimentos em sua mochila. Dentro dela, havia inúmeras penas macias, que ele usava para improvisar um travesseiro durante os curtos momentos de descanso. 

Com um movimento ágil, ele tirou as penas e as lançou ao ar, criando uma nuvem de plumas brancas que rapidamente se espalhou pela trilha. A visão foi instantaneamente obscurecida, e a floresta mergulhou em uma estranha confusão.

O grupo de competidores foi pego de surpresa, tateando cegamente enquanto tentavam limpar as penas de seus rostos e roupas. Harley aproveitou o momento de distração para acelerar, passando por eles com agilidade. 

Apenas um dos competidores teve reflexos rápidos o suficiente para reagir, balançando um bastão que acertou o seu braço com força. A dor explodiu em seu braço, mas ele não parou; ao contrário, usou a dor como um impulso, empurrando-se ainda mais rápido.

Um vergão profundo e inchado começou a se formar onde o bastão havia acertado, mas Harley ignorou a dor. Ele sabia que parar agora poderia significar o fim. Cada passo era crucial, cada respiração uma luta para manter a vantagem que havia conseguido. Ele tinha que continuar correndo.

No entanto, não demorou muito para que Harley percebesse que o grupo estava recuperando terreno. Ele podia ouvir os gritos de raiva dos competidores atrás dele, o som de seus pés esmagando a vegetação sob seus calçados. 

Sua estratégia havia funcionado, mas apenas por um momento. Ele precisava de um novo plano, algo que mantivesse o grupo longe e garantisse sua vaga entre os finalistas.

— Filho da puta! O maldito perdeu o medo da morte! — gritou o jovem mais forte do grupo, sua voz carregada de fúria.

— É melhor você parar e se render agora, porque de qualquer forma vamos te alcançar, e aí as coisas vão ficar bem piores! — ameaçou outro adversário.

— Esse rato não vai escapar! Ele vai aprender que trapaças sujas têm um preço alto! — bradou o líder do grupo, sua ira se intensificando com cada palavra.

O jovem sentiu o peso da perseguição. O grupo estava implacável, movido por um desejo forte de vingança. Cada passo que ele dava era uma batalha contra o cansaço, cada salto e desvio uma luta para manter a distância que havia conquistado. A floresta ao seu redor parecia se fechar ainda mais, os espinhos como dentes de um predador faminto.

Com sua resistência começando a diminuir, Harley sabia que não poderia manter aquele ritmo por muito mais tempo. Sua respiração estava pesada, seus músculos começavam a protestar contra o esforço contínuo. 

Precisava pensar rápido. Então, ele avistou uma trilha menor e quase imperceptível que se desviava para a direita. Era estreita e parecia ser pouco utilizada, quase escondida pela vegetação.

Sem hesitar, Harley se lançou pela trilha menor, desviando-se do caminho principal. O grupo, inicialmente confuso com sua mudança repentina de direção, demorou alguns segundos para perceber sua manobra. Esse momento foi tudo o que o jovem precisava para aumentar a distância entre eles.

A nova trilha era traiçoeira, cheia de curvas apertadas e subidas íngremes. O terreno era irregular, coberto de raízes e pedras soltas que ameaçavam torcer seus tornozelos a cada passo. Mas ele não diminuiu a velocidade. Aproveitando o terreno a seu favor, saltava sobre obstáculos com a mesma agilidade que o fazia lembrar de seus treinos na infância, naquele mesmo lugar.

Atrás, Harley podia ouvir o som do grupo tentando segui-lo, mas os gritos e xingamentos indicavam que estavam tendo dificuldade em manter o ritmo. Sorriu para si mesmo, com a confiança renovada. 

Mais à frente, a trilha começou a descer abruptamente, levando a um riacho que serpenteava pela floresta. O jovem ouviu o som da água corrente antes de vê-la, e sua mente rapidamente formulou um plano.

Lembrou-se de uma técnica que havia aprendido anos antes, um truque para atravessar correntes rápidas sem ser arrastado. Diminuiu a velocidade, avaliando o fluxo da água e procurando o melhor ponto para atravessar.

Com um salto calculado, entrou na água, deixando-se ser levado pela corrente por alguns metros antes de se agarrar a uma rocha escorregadia no meio do riacho. Usando sua força para se impulsionar para cima, pulou para o outro lado, aterrissando com um baque leve na margem oposta.

A estratégia havia funcionado. O grupo ainda estava lutando para descer o declive e atravessar o riacho. Harley, agora com uma vantagem clara, voltou a correr, seus passos mais confiantes. 

Mesmo após tanto tempo longe e com as novas trilhas e vegetações, criadas tanto pela regeneração natural quanto pela intervenção humana, ele ainda sentia a familiaridade do lugar, o que lhe conferia uma vantagem que deixava a vitória ao seu alcance.

ANEXO:

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Olá, eu sou Val Ferri Sant. Ana!

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