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“No abismo temporal, estratégias são tecidas com os fios do passado, presente e futuro, onde cada movimento é crucial.”

Misteriosos inscritos no templo da Adaga Arcana. Sem autor identificável.


Harley-Sergio-e-Isabella

Um clarão súbito iluminou o cenário ao redor da batalha contra o dragão, cegando todos momentaneamente em um momento tão decisivo. Todos, desde das criaturas misteriosas, magos e até o dragão, agora, se esforçava para se ajustar à nova composição perceptiva do local.  

O mago Malachias percebia a complexidade dos poderes temporais ao seu redor, mas, ao mesmo tempo, questionava a confiabilidade dos seus aliados. Cedir, com sua habilidade de reviver o mesmo dia várias vezes, e Astrid, com suas visões do futuro, eram peças fundamentais, mas também eram peças voláteis. 

A incerteza sobre suas verdadeiras intenções pairava como uma sombra sobre a estratégia do mago. Mesmo ciente de que Cedir e Astrid podiam estar cientes de suas ações, ele não hesitou em formular um ataque calculado. 

Nesse momento, o jogo tornou-se consideravelmente mais desafiador para Malachias, que tentava antecipar-se aos intrincados poderes de manipulação temporal dos outros dois magos. 

A batalha assumia uma dimensão única, onde cada movimento era uma tentativa de desvendar os segredos dos aliados, ao mesmo tempo em que manipulava e aprisionava uma horda de criaturas misteriosas e se defendia do dragão enfurecido.

Aproveitando a distração inesperada do súbito clarão, o jovem mago iniciou seu ataque com determinação, visando criar uma situação difícil de escapar, mesmo para alguém tão escorregadio e astuto quanto Cedir. 

Agora, nesse momento crucial, Malachias avança em direção aos dois magos. Seus olhos brilham com uma determinação sombria enquanto ele esmaga o medalhão que pendia de seu pescoço. 

O “Sopro de Dragão”, seu artefato de poder incomensurável, havia se esgotado, restando apenas mais um uso antes de desfazer-se. O impacto foi imediato, pois o poder do artefato manifestou-se na forma de três sombras demoníacas que surgiram atrás de Astrid, Cedir e de Sergio.

Harley, observando atentamente, relembrava que esse poder era semelhante ao que Sergio havia utilizado no cerco para eliminar Lysandra. Uma inquietante pergunta ecoava em sua mente: seria o mesmo artefato que Malachias estava utilizando o mesmo que Sergio usaria no futuro? 

Ele agora sentia que o enigma se tornava mais intricado a cada revelação, sentindo-se enredado na intricada teia temporal que conectava passado, presente e futuro.

Do outro lado do campo de batalha, Astrid, parecia preocupada demonstrando uma vulnerabilidade inusitada. O mago Malachias, no entanto, parecia indiferente às aflições da vidente. 

Em seus pensamentos, ele acreditava que Sergio podia ser o mais perigoso dos jovens e um aliado em potencial de Astrid, alguém capaz de estragar seus planos no futuro. Essa suspeita levava o mesmo a prevenir-se contra futuras surpresas, mesmo que isso significasse colocar em risco a vida dos outros magos.

Conforme previsto, Cedir, valendo-se de seus múltiplos artefatos e habilidades temporais, conseguiu mapear os possíveis ataques e antecipar-se, escapando apenas com um pequeno arranhão no braço esquerdo. No entanto, Astrid e Sergio não foram tão afortunados, enfrentando as lâminas de sombras demoníacas que perfuraram seus corpos. 

Este doloroso resultado evidenciava que, por mais que o conhecimento temporal fosse uma vantagem, a velocidade emergia como um contraponto crucial. Estar preparado era uma coisa, mas ter a habilidade necessária para executar contramedidas ou defesas eficazes era outra.

Malachias percebeu que o fator tempo era crucial na batalha. Quanto mais tempo concedesse aos seus adversários, mais informações e contramedidas seriam elaboradas por eles. Determinado a anular qualquer vantagem que pudessem obter, ele decidiu que seu ataque contra Cedir seria definitivo e constante, sem pausas que pudessem permitir estratégias reativas dos oponentes.


Um clarão súbito iluminou o cenário ao redor de Harley, cegando momentaneamente em um momento tão decisivo. O jovem, agora, se esforçava para se ajustar à nova composição perceptiva do local. Perplexo, questionava o que teria acontecido. Seu punhal teria, de alguma forma, salvado-o da morte iminente? Ou teria emergido em alguma realidade, sua consciência agora ancorada à lâmina negra que sempre o acompanhara?

Uma onda de felicidade banhou Harley ao constatar que não mais estava preso no limbo de sofrimento como morto. A alegria se intensificava ao constatar que nenhum dano físico o acometera durante essa experiência peculiar. Independente da explicação por trás desse fenômeno, a dádiva de corrigir um erro, o benefício de forjar uma nova escolha e a gloriosa oportunidade de moldar um novo destino ou trajetória eram extasiantes. 

Essa sensação única contrastava com todas as perdas irreparáveis e as consequências inalteráveis que ele havia enfrentado no passado, onde nunca pôde refazer suas escolhas ou ter uma segunda chance. Era um vislumbre de redenção e renovação, uma chance rara de traçar um caminho diferente e, quem sabe, transformar a trama de sua própria existência.

Ele, Sergio e Isabela permaneciam paralisados, como que congelados no tempo, enquanto as criaturas misteriosas, os dragões e os magos pareciam manter-se nas mesmas posições que ocupavam antes da experiência no mundo dos mortos. 

Uma sensação de deslocamento pairava no ar, deixando Harley inquieto com a incerteza do que aquilo significava. O que teria acontecido exatamente? Estaria diante de uma segunda chance? A morte poderia não ser o fim? Poderia a morte ser outra dimensão? 

O entendimento sobre o conceito de dimensão foi transmitido ainda na infância do jovem por seu clã da Adaga Arcana, mas por muito tempo parecia uma definição abstrata, sem conexão clara com sua experiência. 

Antes, sua compreensão limitava-se aos aspectos de tempo e espaço, enquanto a ideia de dimensão parecia algo distante, assemelhando-se a um outro mundo. Contudo, com a recente possibilidade em sua cabeça estabelecendo a hipótese de que a morte poderia ser considerada uma nova dimensão, o conceito começava a tomar forma em sua mente. 

Harley contemplava a ideia de que a morte poderia ser uma dimensão, assim como o tempo. Tentava entender essa concepção, pensando que dimensões eram como diferentes aspectos ou camadas da realidade. Ele imaginava as dimensões como planos de existência distintos, como mundos diferentes e cada um com suas próprias características e leis. 

Se o tempo era uma dimensão que abrangia o passado, presente e futuro, a morte poderia ser uma outra dimensão que transcende a vida física. Era como se essas dimensões coexistissem e se entrelaçassem, formando uma teia complexa que influenciava a experiência humana de maneiras ainda não totalmente compreendidas. 

Essa nova perspectiva desafiava as noções tradicionais sobre a morte, transformando-a em algo mais dinâmico e interligado ao tecido do universo.

— Não liberte os jovens da paralisia! — o apelo de Astrid reverberou pelo campo tumultuado, carregando consigo a urgência da maga em manter os três jovens imobilizados.

Antecipando a já conhecida movimentação de Malachias no campo de batalha, Astrid não conseguiu conter o grito de advertência ao prever as consequências nefastas que a libertação dos jovens acarretaria. 

Por um breve instante, ele pareceu hesitar diante da ordem direta da maga. No entanto, ao refletir sobre a situação, concluiu que ter menos inimigos desconhecidos espalhados pelo tabuleiro constituía, de fato, uma vantagem estratégica inegável.

Malachias não estava inclinado a acatar integralmente a sugestão de Astrid. Sua companheira não inspirava confiança, e as relações passadas entre eles apenas acentuaram a crescente desconfiança que se instaurou. 

Determinado a não permitir que a maga antecipasse seus movimentos e conhecimentos, o mago sombrio resistiu à ideia de seguir as instruções de sua companheira de forma precisa. 

Depois de um breve momento de hesitação, Malachias decidiu não liberar imediatamente os jovens da paralisia. Contudo, astuto e calculista, ele planejou agir estrategicamente. Aguardaria o momento certo, quando Astrid estivesse distraída ou mais envolvida na batalha, para libertar Harley e Isabella. 

Essa escolha poderia criar um novo vetor de consequências, um elemento surpresa que tinha a possibilidade de não ser prontamente previsto pelas habilidades de previsão de futuro dela.

O jovem mago reconhecia a necessidade de confundir o futuro com escolhas aleatórias e menos previsíveis. No entanto, a complexidade residia no fato de que, se as visões de Astrid estivessem ancoradas nele como vetor inicial, isso o colocaria em desvantagem. No entanto, essa confirmação também poderia ser transformada em uma vantagem estratégica.

Ao compreender que suas ações eram um ponto focal nas previsões de Astrid, Malachias poderia ter a oportunidade de explorar essa vulnerabilidade. Ele planejava confundir o curso das previsões da maga com escolhas cada vez menos óbvias e afastadas de suas decisões habituais. Além disso, a velocidade e a quantidade de decisões tomadas seriam usadas para ampliar a confusão nas possibilidades de futuro.

Ciente das limitações de Astrid, Malachias se empenharia em superar rapidamente essas barreiras, sobrecarregando-a com uma variedade cada vez maior de possibilidades. 

Seu alvo era atingir o ponto em que as ações da maga se tornassem menos decisivas e mais hesitantes, sinalizando que o futuro se tornava crescentemente imprevisível. Nesse momento, ele ganharia uma vantagem significativa, transformando-se em uma variável randômica no intricado tabuleiro do destino.


Já Harley, diante do grito incisivo de Astrid, sentiu como se uma ruptura no déjà-vu ocorresse em sua percepção. Em suas recordações, não havia rastro dessa fala específica. A sensação de familiaridade, normalmente consistente em suas experiências passadas, se desfez nesse momento crucial.

A sequência de eventos que se desenrolou a partir dali divergiu do curso esperado pelo jovem. Nos recônditos de sua memória, Malachias liberava eles, desencadeando uma cadeia de ações que o levava a investir furiosamente contra Sergio. O ódio tomava conta de seus sentidos, eclipsando a racionalidade e relegando a batalha e os inimigos circundantes a um segundo plano insignificante.

Esse desvio nas lembranças de Harley provocou uma sensação desconcertante, como se uma nova trajetória se abrisse diante dele. As palavras de Astrid funcionaram como uma fenda na realidade preestabelecida, introduzindo uma narrativa alternativa que desafiava as expectativas do jovem.

Perdido em meio à turbulência emocional, ele tentou reconciliar a disparidade entre suas memórias e a realidade que se desdobrava diante de seus olhos. A incerteza do momento presente ecoava nas entranhas de sua consciência, enquanto o descompasso entre o passado previsto e o presente desconhecido se manifestava como uma perturbadora dissonância. 

O que estava por vir, agora, permanecia envolto em um véu de incerteza, desafiando as próprias fundações da narrativa que Harley havia antecipado.

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Olá, eu sou Val Ferri Sant. Ana!

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