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O destino dos guerreiros é traçado não só pelo aço de suas adagas, mas pela clareza de seus propósitos e pela firmeza de suas decisões.” 

O Código do Guerreiro Solitário, Verso 9.


Um clarão súbito iluminou o cenário ao redor de Harley, cegando momentaneamente em um momento tão decisivo. O jovem, agora, se esforçava para se ajustar à nova composição perceptiva do local. 

Harley permanecia imóvel, sua atenção dividida entre Isabella e Sergio, dois extremos que moldavam sua existência. As entranhas do subsolo se iluminavam com uma tonalidade peculiar, tingidas pelo resplendor deixado pela imponente abertura causada pelo dragão. 

Um silêncio expectante pairava no ambiente subterrâneo, aguardando ansiosamente os desdobramentos iminentes, tanto das ações majestosas do dragão quanto da libertação das criaturas misteriosas, que agora se viam livres da paralisia imposta anteriormente pelo mago Malachias.

Enquanto permanecia paralisado, Harley sentia uma onda de ódio intenso crescer dentro de si ao encarar Sergio, que compartilhava a mesma condição imobilizadora. Tudo ao seu redor parecia convergir para esse momento, antecipando as próximas ações que, movidas por um ódio avassalador, prometiam ser as mais sombrias em relação ao jovem líder do clã Dragões de Sangue. 

O ressentimento fervia dentro dele, obscurecendo temporariamente qualquer racionalidade, e ele sabia que as consequências desse turbilhão emocional poderiam ser profundas e irreversíveis.

A sensação de déjà-vu envolveu Harley, com recordações de eventos que ainda não deveriam ter acontecido se desenrolando diante de seus olhos. Aquelas imagens, que deveriam pertencer ao futuro, tornavam-se cada vez mais nítidas e íntimas, como se as fronteiras entre o presente e o que ainda estava por vir se confundissem. 

Tudo parecia algo já vivido e experimentado, como se o tempo estivesse dançando em um compasso não linear, revelando-lhe fragmentos de uma narrativa que transcendia as limitações temporais.

Mais uma vez, Harley revivia o momento em que Malachias dissipava a paralisia que envolvia tanto ele quanto Sergio. Os dois, imersos em um ódio mútuo avassalador, perdiam a percepção do mundo ao seu redor, entregando-se a uma batalha intensa que culminaria inevitavelmente na morte de ambos.

Ao experimentar recordações do futuro, que deveriam ser alternativas, mas também eram lembranças de momentos já experimentados e vividos, ele sentiu a urgência de controlar sua raiva. Era claro para ele que repetir os mesmos atos só o levaria à morte inevitável. 

A intensidade de sua raiva pelo jovem líder do Clã Dragões de Sangue não poderia ser suprimida, aplacada ou diminuída, mas Harley percebeu que seus próximos passos e ações poderiam ser diferentes. Enquanto permanecesse vivo, a possibilidade de cobrar e acertar as contas crescentes com Sergio existiria. E seria cobrada com sangue. Muito sangue.

O jovem ponderou, entre as sombras de suas próprias reflexões, que o punhal negro que empunhava talvez fosse a chave para todo o enigma que se desenrolava à sua volta. 

Ele se perguntava se, de alguma forma, sua adaga negra havia internalizado a energia dos magos ao seu redor, e se tornando o fio condutor entre os eventos que se desdobravam, uma ponte entre passado, presente e as múltiplas possibilidades do futuro.

A urgência do momento impunha a necessidade de uma escolha imediata. Harley reconhecia que, para se libertar do ciclo previsível do destino, era crucial explorar e experimentar novas abordagens e tomar novas decisões.

Sua mente fervilhava de perguntas, mas a determinação em seus olhos refletia a disposição de mudar o seu destino, o seu futuro e escapar dos braços da morte. 


Astrid, anteriormente paralisada e cercada por uma aura de energia, dissipou instantaneamente essa energia e o brilho ao seu redor, lançando um clarão súbito que iluminou o cenário para todos os presentes na batalha. Esse momento crucial cegou momentaneamente a todos, que agora se esforçavam para se ajustar à nova composição perceptiva do local.

Harley, ao perceber novamente o clarão que inundava o cenário, compreendeu que o jogo agora era para valer. A sensação de não estar mais em uma mera representação ou possibilidade de futuro o envolvia. 

A realidade finalmente tinha alcançado a todos na batalha com seus muitos participantes e interesses, assemelhando-se mais a um intricado jogo estratégico de destinos entrelaçados.

PRIMEIRA AÇÃO NO TEMPO

— Não liberte os jovens da paralisia! — o apelo de Astrid reverberou pelo campo tumultuado, carregando consigo a urgência da maga em manter os três jovens imobilizados.

Antecipando a já conhecida movimentação de Malachias no campo de batalha, Astrid não conseguiu conter o grito de advertência ao prever as consequências nefastas que a libertação dos jovens acarretaria. 

Malachias, indiferente ao apelo urgente da sua companheira maga, agiu de maneira oposta às suas instruções. Em um gesto imperceptível, ele liberou a paralisia que aprisionava os três jovens, permitindo-lhes recuperar a mobilidade. 

Simultaneamente, o mago reconfigurou a estrutura do cubo mágico que aprisionava o dragão, abrindo uma passagem na direção do local onde Cedir estava posicionado. 

Ao desfazer uma das paredes, não se limitou a dissipá-la, mas habilmente deslocou a energia moldada, erigindo uma nova barreira que o protegia contra possíveis ataques dos agora libertos Sergio, Isabela e Harley.

Astrid, mesmo sendo uma maga perspicaz, não percebeu de imediato as intrincadas ações de Malachias. 

SEGUNDA AÇÃO NO TEMPO

— Converta toda a massa de energia à sua frente, o dragão está prestes a atacar! — orientou Cedir de longe, suas palavras carregadas de um conhecimento obtido por reviver o mesmo dia várias vezes, permitindo-lhe aprender e criar estratégias mais adequadas.

Consciente de que a tarefa de enfrentar o dragão recaía inteiramente sobre seus ombros por causa dos seus poderes, Malachias assumiu inicialmente a responsabilidade. Enquanto isso, Cedir, observando de longe e a maga, por sua vez, permanecia imóvel, mas atenta à ameaça iminente do dragão.

Em decorrência de um sinal previamente estabelecido entre Astrid e Cedir, uma ação coordenada e ágil foi desencadeada, assemelhando-se a um movimento estratégico em um intrincado jogo onde cada participante buscava posicionar suas peças de maneira a garantir a vitória.

Ao captar a indicação de Astrid, Cedir canalizou rapidamente uma energia misteriosa e negra de um de seus anéis, moldando-a em um raio direcionado e preciso. 

A substância dessa energia assemelhava-se a um ébano fluídico, serpenteando e pulsando com uma intensidade sombria. Entretanto, ao invés de se unir aos esforços para conter a fera alada que agora representava uma ameaça iminente a todos, o ataque traiçoeiro tinha como alvo Malachias.

Malachias por sua vez, em resposta à investida de Cedir, moldou rapidamente uma barreira improvisada, uma defesa formada mais pela urgência do momento do que pela perfeição estética. Era uma manifestação bruta e apressada de energia moldada, uma muralha que surgia como uma reação instintiva ao ataque iminente.

O impacto da energia negra ao encontrar a barreira improvisada resultou na anulação do ataque, mas não sem custos. A barreira absorveu parte da energia, provocando uma diminuição no poder e tamanho do subsequente “Sopro de Dragão”.

Enquanto isso, Isabella, hábil na leitura do campo de batalha, escolheu estrategicamente um flanco e, aproveitando o caos reinante, desferiu um ataque devastador. Uma chuva de adagas voadoras, afiadas como lâminas da mais pura obsidiana, cortava o ar em direção a Malachias. 

Contudo, a investida encontrou uma barreira invisível, a mesma que o jovem mago habilmente erguera anteriormente. As adagas ricocheteavam, inofensivas contra a defesa prévia.

Simultaneamente, Astrid lançou-se contra Malachias com um ataque invisível, uma força semelhante a um vento que se materializava apenas na sua interação com o mago sombrio. Essa corrente etérea parecia ser composta por uma essência impalpável, impossível de ser discernida pelos sentidos convencionais.

Seu ataque invisível cortou o espaço, desconsiderando a barreira recém-criada de Malachias como se esta fosse transparente. O mago sombrio, mesmo preparado, foi atingido com força e lançado a uma distância considerável, colidindo pesadamente com o solo.

TERCEIRA AÇÃO NO TEMPO

Com a libertação da paralisia, Harley agiu com agilidade. Percebendo a presença iminente de Sergio, ele deslocou a mochila de suas costas e a arremessou na direção do adversário. 

O jovem líder do clã Dragões de Sangue, astuto e ciente das artimanhas que permeavam o campo de batalha, reconheceu o potencial da ação de seu inimigo e recuou com cautela, mantendo uma distância segura da mochila em pleno voo.

No entanto, para a surpresa de Sergio, a mochila revelou-se um blefe, uma estratégia ardilosa de Harley para conter seu avanço. Ao tocar o solo, a mochila não exibiu nenhum artefato letal ou ameaçador. 

Em vez disso, continha apenas mantimentos, provisões para a sobrevivência já que o tempo escasso não permitira a aquisição ou criação de novos artefatos, armas ou dispositivos tecnológicos.

A movimentação do jovem continuou, não mais preocupado em confrontar Sergio diretamente, mas sim em buscar um local estratégico e seguro para seus próximos passos. 

Ele se deslocou habilmente pelo campo de batalha, distanciando-se dos participantes da luta e buscando uma posição que oferecesse vantagens táticas para suas ações subsequentes.

QUARTA AÇÃO NO TEMPO

Malachias, anteriormente tinha convertido uma parte de sua energia em um tubo fluido, habilmente direcionando a horda para longe do epicentro da batalha. 

Porém, esse corredor, construído com maestria, apresentava curvas imperceptíveis, uma delas desaguando nas proximidades de Astrid e a outra redirecionando as criaturas de volta para a posição dos três jovens.

O engenhoso tubo, agora servindo como um canal de deslocamento, começou a desfazer suas extremidades, empurrando as criaturas com ainda mais velocidade em direção ao final do cano. 

O som distorcido do arrastar dos seres misteriosos ressoava enquanto a estrutura se remodelava, criando uma dinâmica única no campo de batalha. Malachias, com astúcia, tinha engendrado uma estratégia para manipular o fluxo da luta, direcionando as ameaças para onde mais lhe conviesse. 

Enquanto isso, o dragão, agora desprovido de uma das muralhas que o confinava, teve seu arqui-inimigo Cedir visível em seu campo de visão. Impulsionado pelo ódio incandescente de ter testemunhado a morte traiçoeira de seus irmãos nas mãos desses três magos, o dragão iniciou um rasante vertiginoso. 

Sua boca, repleta de dentes afiados como lâminas, abriu-se de forma intimidadora, surpreendendo Cedir em um movimento rápido e avassalador. O dragão, em sua fúria desmedida, consumiu Cedir com voracidade, deixando uma sensação de horror e desespero entre os observadores, marcando esse momento como um dos mais impactantes e trágicos da batalha.

Com Cedir engolido pelo dragão, a batalha tomava um rumo imprevisível. Enquanto os magos, antes focados em suas disputas e esquemas, agora compartilhavam um entendimento uníssono: o verdadeiro perigo residia no imponente dragão, que agora voava livre e indomável. 

O temor coletivo crescia diante da fera alada, desencadeando uma percepção sombria de que, em meio aos jogos de poder, uma ameaça maior pairava sobre todos. 

O cenário, antes fragmentado pelas intrigas mágicas, unia-se em reconhecimento mútuo da necessidade de enfrentar o desafio em comum: um dragão sedento de vingança e poder.

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Olá, eu sou Val Ferri Sant. Ana!

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