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“Artefatos mágicos são os legados dos antigos, ressoando com o poder de outras dimensões. Cada uso revela novas camadas de poder, cada desafio, uma oportunidade para descobrir as verdadeiras capacidades do artefato e de seu portador.”

Discursos do Grande Explorador Zandar, Vol. sobre magia.


O ar ao redor de Harley começou a pulsar com uma energia inusitada enquanto ele envolvia a adaga branca com firmeza. Algo extraordinário acontecia ao seu redor. Uma luminosidade etérea, pulsante e viva, parecia ser sugada para dentro da lâmina. 

Era a primeira vez que o jovem percebia essa manifestação palpável de energia, algo que transcendia os limites do comum. Essa experiência peculiar indicava uma crescente familiaridade entre ele e a adaga branca, como se a relíquia estivesse respondendo não apenas ao seu toque, mas à sua essência interior. 

O ar ao redor pulsava, revelando uma conexão mais profunda entre o portador e a adaga, como se estivessem se tornando um só. A relíquia, agora imbuída do poder do anel de controle temporal de Malachias, emanava uma luminosidade cintilante, como se a própria adaga absorvesse a essência temporal que permeava o artefato.

Ao observar atentamente, Harley notou que o anel, uma vez repleto de promessas de manipulação temporal, agora se transformava em um mero acessório decorativo. Era uma mudança inesperada, mas a adaga branca exibia um brilho ainda mais intenso, como se estivesse ansiosa para explorar as possibilidades recém-adquiridas.

Sem hesitar, Harley arremessou o anel longe, compreendendo que o verdadeiro poder residia agora na adaga branca. Era como se a lâmina tivesse ganhado vida própria, pulsando em sincronia com os pensamentos e intenções dele. Ele sentia uma conexão profunda com a adaga, como se fosse uma extensão natural de seu corpo.

Com cada movimento da adaga branca, uma onda de energia mágica se desencadeava. Harley percebeu que aquela não era apenas uma ferramenta; era uma aliada que compreendia seus desejos e respondia instantaneamente. 

Experimentando com entusiasmo, ele descobriu que poderia moldar a energia em formas diversas. Inicialmente, esboçou um simples muro de energia mágica, e, com uma transição fluida, transformou-o em uma adaga gigante maciça. A lâmina, agora moldada e pronta para uso, pairava à sua frente, embora invisível para todos os outros.

Cada gesto do jovem era acompanhado por essa energia moldável, revelando uma sinergia única entre ele e a adaga branca. Não era mais apenas uma questão de controle temporal; era a habilidade de manipular a essência mágica e dar forma a ela conforme sua vontade.

A sensação era exaltante. Harley sentiu-se revigorado pelo poder que agora possuía, capacitado a moldar a energia mágica de paralisação do tempo a seu bel-prazer. No entanto, enquanto manipulava essa energia com maestria, um questionamento intrínseco o afligia: seria possível que sua adaga branca pudesse absorver e harmonizar outros tipos de energia mágica? 

Imaginava se diferentes essências mágicas poderiam coexistir em sintonia dentro da adaga, proporcionando-lhe novas e surpreendentes possibilidades, ou se o artefato se limitaria a um único poder por vez. Essa intrigante dúvida, contudo, teria que ser deixada para depois, pois a batalha ainda não havia chegado ao seu fim.

Harley sorriu, sentindo-se mais poderoso do que nunca. A incerteza que antes o envolvia se dissipou, substituída pela confiança que a adaga branca proporcionava. Ele sabia que não era mais um mero espectador nesse jogo de destinos entrelaçados; agora, era um jogador ativo, capaz de influenciar o curso dos acontecimentos.

A batalha, antes um tumulto incontrolável, agora começava a se desdobrar de acordo com as estratégias há pouco imagináveis por Harley. As criaturas misteriosas, que outrora eram uma ameaça iminente, curvavam-se às formas que a adaga branca lhes impunha. Um muro energético se ergueu, separando ele das criaturas e proporcionando-lhe um momento de respiro.

Enquanto isso,  Sergio concentrava sua atenção no exame do colar, mantendo-se simultaneamente envolto em um estado surpreendente de combate. Seu corpo reagia de maneira automática às investidas das criaturas, que, por sua vez, viam suas capacidades reduzidas pela perda de partes de seus corpos ou pela cessação de suas vidas. 

O campo de batalha, cenário de uma luta intensa, ecoava com gritos, rugidos e o choque metálico resultante dos embates entre espadas e garras. Enquanto isso, Astrid, a companheira de viagem, confrontava uma quantidade avassaladora de criaturas, em uma escala muito superior à que ele enfrentava naquele momento.

O grito da maga rasgou o ar, chamando a atenção de Sergio para a situação delicada em que ela se encontrava. Entre a enxurrada de monstros que a atacavam, não havia espaço nem para respirar, muito menos para ativar suas habilidades de previsão do futuro. 

Parecia que os eventos haviam se desdobrado de maneira imprevista, colocando-a em uma situação tão precária quanto o futuro que tentava antever. O olhar do jovem líder do clã Dragões de sangue percorreu suas próprias roupas rasgadas, as manchas de sangue testemunhando os confrontos que travava enquanto ainda analisava o colar. 

Ao contrário de Astrid, ele estava habituado ao atrito, ao conflito, e o acúmulo de monstros e batalhas intermináveis era um terreno familiar.

Em meio a cada golpe desferido contra as criaturas que o cercavam, Sergio reconhecia a urgência de agir. Se não interviesse para ajudar a maga, ela poderia encontrar seu fim naquele dia. Mesmo diante do imponente dragão, agora parado mas repleto de ódio ao observá-la, ele sabia que a batalha exigia sua presença.

A paixão de Sergio por conhecimento e a necessidade de mais orientação sobre o mundo mágico levaram-no a ponderar sobre a melhor abordagem. Ele sabia que Astrid detinha informações valiosas e que sua lealdade poderia ser manipulada. 

O jovem líder do clã Dragões confiava em suas habilidades de persuasão, acreditando que poderia usá-la e extrair mais conhecimento de madura maga ao envolvê-la em um jogo de sedução.

A tentação de possuir mais artefatos mágicos também influenciou a sua decisão. Ao perceber que o colar possuía um único uso específico, ele lutava contra a ganância que o impelia a acumular mais poderes. No entanto, a sensação de que aquele artefato podia ser a chave para obter vantagem na batalha fez com que ele abandonasse suas hesitações.

Com um gesto decidido, o jovem líder do clã Dragões ativou as três sombras demoníacas do colar. Antes passivas, refletindo apenas a luz ambiente, agora tomaram forma e substância. 

Criaturas sombrias surgiram, cada uma representando de maneira sinistra os demônios vinculados ao artefato. Elas manifestaram-se ao redor de Astrid, aguardando os comandos de Sergio. Concentrada nas múltiplas frentes da batalha, a maga não percebeu imediatamente a mudança nas sombras ao seu redor.

A horda de criaturas avançou furiosamente, mas as três sombras demoníacas permaneceram imperturbáveis. Com decisão, elas penetraram o corpo da maga, atacando-a com voracidade.

Astrid, completamente surpreendida, experimentou uma sensação de enfraquecimento em seu corpo. As sombras não demonstraram piedade, continuando seus ataques de forma inclemente, despedaçando-a em partes menores.

As sombras demoníacas não apenas eliminaram Astrid, mas também absorveram sua energia, consumindo seu corpo e prolongando a vida útil do artefato de Sergio. Com a transferência de energia, o artefato parecia ganhar uma nova vitalidade, como se estivesse sendo carregado com poder mágico.

Enquanto isso, Harley observava com perplexidade a crueldade e desconsideração de Sergio em relação às vidas ao seu redor. A atitude do líder dos Dragões de Sangue revelava a ele os limites inesperados que seu inimigo irremediável estava disposto a ultrapassar em busca de poder.

A mente de Harley fervilhava com conjecturas sobre o recém-adquirido colar de Sergio e sua possível semelhança com os artefatos brancos denominados pelos magos como “Sopro de Dragão”. 

Se esses objetos compartilhassem a capacidade de absorver energia mágica, a posse de tais artefatos tornava-se mais problemática do que ele inicialmente considerava. A dúvida pairava: se isso era verdadeiro, por que Cedir, com toda a sua astúcia, não havia absorvido o poder da adaga e en vez disso lhe presenteou? 

Uma intrigante teoria começava a se formar na mente de Harley: Cedir estaria utilizando a adaga como isca, talvez subestimando sua capacidade de resistência e pensando que poderia ser facilmente manipulado e controlado? Contudo, esse enigma perdeu sua relevância com a constatação de que Cedir agora estava morto. A busca incessante pelo poder revelava seus riscos, tornando-se uma jornada perigosa e imprevisível.

Em meio a essa cena caótica, Harley também relembrou o cerco ao clã da Lâmina Oculta no passado. Naquela ocasião, as sombras de Sergio não tiveram a oportunidade de absorver o poder de Lysandra. 

O jovem conjecturou que isso se deu porque ela foi transportada para longe, para outro mundo, pela habilidade de viagem entre os mundos da adaga negra. Essa medida, provavelmente, rompeu a conexão entre as sombras e Lysandra, impedindo-as de absorver seu poder naquela situação. Sabendo que não podia retroceder no tempo para corrigir suas ações, Harley afastou a dolorosa lembrança da morte de Lysandra e concentrou-se em se preparar para colher sua vingança no presente.

Os olhares de Harley e Sergio, mesmo dividido por uma enormidade de criaturas, se cruzaram. O ódio mútuo era a única coisa discernível para qualquer observador. 

O rugido do dragão ecoou pelo subterrâneo, um estrondoso:

— GRRRAAAHHH! — o som reverberou nas paredes das cavernas, enviando arrepios pela espinha dos presentes e aumentando ainda mais a tensão no ambiente. 

Rodeados pela horda de criaturas que avançava implacavelmente, com o rugido ameaçador do dragão ecoando pelo cenário subterrâneo, Harley e Sergio encontraram-se em uma encruzilhada. Suas escolhas, antes de tão claras, tornaram-se sombras dançantes diante da ameaça iminente.

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Olá, eu sou Val Ferri Sant. Ana!

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