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Por conta das velas no quarto, os olhos vermelhos estavam mais profundos e brilhantes.

— Acho que vou ser possuída…

Meu coração escapou pelos lábios sem eu perceber.

— Ser possuída.

Talvez o Perez também seja assim.

— Por favor, faça isso, Tia.

Como um anseio, como uma sedução.

O rosto do Perez, sussurrando assim, se aproximava aos poucos.

Ao inalarmos e exalarmos sua longa respiração, estávamos tão perto que a ponta dos nossos narizes coçava.

Mas o Perez não se moveu mais.

Apenas me olhou profundamente, como se estivesse tentando alcançar algo lá, no fundo de mim.

Então perguntei.

— Você é ganancioso?

Ah, acho que estou bêbada.

Pensei assim que as palavras saíram da minha boca.

Senão, não poderia perguntar algo assim.

Senti minha cabeça gradualmente voltando à realidade, como se estivesse realmente possuída pelo Perez.

Consegui perceber ao mesmo tempo.

O fato de que o Perez, que me segurava agora, não estava bêbado de jeito nenhum.

Mas ao mesmo tempo, a voz do Perez era claramente de alguém bêbado.

— Sou ganancioso por você.

— Perez…

— De tudo.

Arrepiei por um momento.

Não era um sentimento ruim.

Mas se eu ficasse assim, acho que ia ser possuída e ia entregar minha alma a ele.

Então só estava tentando virar minha cabeça.

— Hey, espera um minuto.

— Porque estou bêbado agora. Acho que tudo o que estou dizendo é besteira de bêbado, Tia.

Mentira.

Ele não está bêbado de jeito nenhum.

No entanto, o olhar que não saiu de mim por um segundo parecia tão desesperado que não tive escolha senão balançar a cabeça.

— Eu, Tia, eu queria que você fosse minha.

Ele disse enquanto me segurava em seus braços para que eu não pudesse me mexer.

— Espero que cada sorriso, cada toque gentil, sejam todos pra mim. Seus olhares bonitos são todos meus, e quero que apenas eu possa vê-los.

Cada palavra parecia estar impregnada de um desejo profundo por monopólio.

— Por isso que estou irritado.

— Irritado?

— O fato de que você come comida apimentada bem, e que fica tão fofa quando bebe álcool. Eu não sabia. Porque outra pessoa soube disso primeiro.

— Uma coisa tão trivial… Mesmo que eu estivesse um pouco desacostumado com você hoje…

— Não é trivial, Tia. Nada em você é trivial.

Perez disse, esfregando a testa contra meu cabelo.

— Não posso ser seu primeiro.

Surpresa.

Se ele sabia um pouco mais sobre mim ou não, o Perez puxou meu ombro para mais perto.

Como uma pessoa que acredita eu e ele podemos se tornar um só fazendo isso.

— Não posso. Porque você é tudo pra mim.

O rosto, que tinha estado distante por um tempo, se aproximou lentamente de mim de novo.

Um beijo entre nós, agora era algo comum.

O Perez, que sempre gostou de expressar seu afeto por mim através de ações ao invés de palavras.

Mas desta vez era diferente.

Eu tinha um pressentimento.

É porque estávamos fingindo ser um casal recém-casado?

Ou é por causa do álcool?

Talvez seja por causa do cheiro de rosas espalhadas pela cama.

— Eu consigo fazer isso?

Perguntei a mim mesma.

A resposta veio imediatamente.

— É o Perez, então está tudo bem.

Foi quando decidi me aproximar de um cara que vinha todo sozinho.

Seureureuk.

O cabelo do Perez tremulou em uma sombra fraca com um pequeno barulho que só nós poderíamos ouvir neste mundo.

Ainda estava desconhecido, o cabelo dourado.

Porque o cabelo preto combina melhor com o Perez.

Teria sido bom se eu não tivesse dado a tintura de cabelo por mera curiosidade.

Apenas parei e pensei assim.

Juro por tudo que é mais sagrado.

No entanto.

— … não exagere.

O cara que disse isso em voz baixa se afastou de mim.

E antes que eu percebesse, estava deitada na cama, gentilmente coberta com um cobertor.

— Vou dormir no sofá.

— … uh?

— Boa noite, Tia.

Perez, que me deu um beijo forte na testa, pegou um travesseiro e eu fiquei olhando fixamente para as costas dele, indo em direção ao sofá do outro lado do quarto.

— Isso é…

Não é?

Por que estou deitada na cama?

Não, mais do que isso, por que estou deitada sozinha?

A gente não ia deitar juntos hoje?!

Levantei meu corpo pela metade e gritei com tanta fúria nos olhos, mas a única coisa que voltou foi o som dele se deitando no sofá.

Ao mesmo tempo, meu coração se acalmou com meus sentimentos de fraqueza, e também me deitei.

Ainda não consegui me acalmar, e me sinto triste por estar sozinha batendo.

— Devo pedir pra ele vir de novo?

Eu estava preocupada com o lado do sofá, mas parecia que ele já tinha caído no sono sem fazer barulho.

— … ufa.

Tudo bem, vamos dormir.

O corpo, que passou o dia todo na carruagem, bebendo e até um pouco nervoso mais cedo, aceitou feliz o descanso.

Me sentindo prestes a dormir, pensei.

Quando acordar amanhã de manhã, terei que conversar com ele.

E tenho que dizer isso também.

Acho que gosto mais do cabelo preto natural dele.

Ouvindo a respiração da Tia, Perez abriu os olhos e acordou silenciosamente.

— Nossa.

Um suspiro cansado foi esfregado em sua grande mão ao descer pelo rosto.

Na sala, apenas a escuridão reinava após a vela ter se apagado há algum tempo, mas para o Perez, isso não era um obstáculo.

Especialmente quando estava com a Tia, seus cinco sentidos ficavam mais sensíveis do que o normal.

Como uma criatura faminta tentando absorver o doce aroma, a respiração e até mesmo o som da risada.

Perez se levantou lentamente, encarando o vazio com olhos cansados por um momento.

Sem hesitação, seus passos em direção à cama onde ela estava deitada eram silenciosos, como um animal caçando na escuridão.

A poucos passos de onde ela estava deitada, a Tia dormia.

Como se estivesse no lugar mais seguro do mundo, completamente desarmada.

Perez subiu devagar na cama.

Mas ela adormeceu sem sentir nenhum sinal.

Ele estendeu a mão lentamente.

A sombra da mão negra criada pela luz da lua finalmente se projetou sobre seu corpo.

Ele nem mesmo sabia como sentir vergonha.

Então, sem hesitação, a mão negra voltou para perto dela, enquanto dormia.

Mas no fim, a única coisa que ele ousou alcançar foram as pétalas vermelhas da rosa presa em seu cabelo desejado.

Sempre foi assim.

Ela era uma pessoa brilhante e radiante, então seu eu sombrio apenas pairava por perto.

Enquanto afirmava que as coisas preciosas seriam enterradas na escuridão, ele sentia uma inveja feia das coisas com as quais ela compartilhava sua luz.

— Hmm…

Sobre o rosto confortável dela, que dormia profundamente, sua imagem de pouco antes se sobrepôs e ele parou.

Mesmo que tenha sido há pouco tempo, os lindos olhos verdes que passaram por ali, talvez parecessem estar olhando para outra pessoa.

Sentindo um aperto no peito, Perez franzia a testa silenciosamente.

— Se eu pudesse voltar no tempo.

Dada essa oportunidade, ele, sem hesitação, voltaria ao tempo em que abriu a porta de um quarto decorado com rosas.

Perez passou a mão pelos cabelos desajeitados.

O arrependimento veio.

Ele não estava realmente bêbado. Revelou seus pensamentos mais sombrios e impacientes e assustou a Tia.

Amanhã de manhã, ela vai se recuperar da bebedeira, lembrar-se das memórias e ele temia que ela o odiasse.

Se ela não sorrisse mais para ele, se não compartilhasse o calor.

Perez, que enterrava dolorosamente o rosto no joelho, afastou a mão da cama.

As pontas dos dedos tremiam, tentando não agarrar as pequenas e macias mãos sentidas sobre os lençóis.

Seus olhos, que ela elogiou por serem parecidos com rubis, estavam secos, como o da cor do sangue.

— Me desculpe.

A palavra baixa que ele mal conseguiu pronunciar se dispersou na sala escura.

— Sou Kent, o soldado de Sushou. Vou verificar sua identidade.

Entreguei meus dois cartões de identificação a um soldado com um bigode.

— Senhor Chaser Gloa e Senhora Larita Gloa. Por que vieram à propriedade de Sushou?

— Estou aqui para pegar a balsa do leste de Chesail.

— … outro hóspede de Chesail.

O soldado de Sushou franzia a testa e murmurava, como se estivesse descontente.

Arcadia, uma pequena cidade em Sushou que faz fronteira com a propriedade Lombardi, ficava no caminho de Lombardi para Chesail.

No entanto, a atmosfera sentida era bastante diferente.

Ao contrário da propriedade Lombardi, onde as pessoas e carruagens circulavam relativamente livremente, Arcadia, onde as tropas estavam posicionadas, estava sob uma tensão intensa.

Como se estivessem procurando alguém.

— Vocês nem vão ficar muito tempo, já que Chesail é o destino de vocês. Tudo bem, podem entrar.

O soldado, que devolveu os cartões de identificação com um toque insincero, disse, batendo na lateral da carruagem.

Naquele momento, os olhos frios do Perez se voltaram para lá, mas logo a carruagem partiu e só o silêncio permaneceu.

— Ahmm.

Tossi desconfortável e fixei meu olhar para fora da janela.

Nossa jornada estava nesse estado pelo segundo dia desde que fomos desviados enquanto tentávamos uma retirada.

Houve várias conversas simples, mas apenas isso, um desconforto seco fluía.

Depois de confirmar que a carruagem entrou na área movimentada, olhei de relance para o Perez.

O cara que segurava o queixo em um ângulo estava olhando pela janela do outro lado.

No que ele está pensando, afinal?

Neste caso, a personalidade de um cara que não revela seu coração é realmente desconfortável.

— Bem,

é claro que você deve estar magoado.

Na verdade, pensei que poderia entender o coração do Perez mesmo sem perguntar.

Ele expressou seus sentimentos tão honestamente, porque pareceria que eu estava relutante, seja um mal-entendido ou não.

E ele provavelmente não está bravo comigo, considerando sua personalidade usual.

Ele preferiria cavar sozinho do que fazer o que eu odeio.

Foi um fluxo de pensamentos que podiam ser adivinhados apenas sentando tão longe de mim.

— Não posso, porque estou desconfortável.

Decidi quando saí da carruagem em frente ao albergue que reservei.

— Perez, posso conversar com você por um minuto…

Foi quando virei ele dizendo isso.

— Senhor Herox?

Uma voz fraca veio de trás.

— Senhor Herox… é isso mesmo?

‘Herox’ era um pseudônimo que Perez costumava usar com frequência.

Ele não precisava usar agora, mas costumava usá-lo com frequência quando estava na academia.

Virei lentamente para o lado de onde vinha a voz.

Ali estava uma mulher inocente com cabelos castanhos compridos amarrados de forma arrumada.

Estava claro que o rubor em suas bochechas ou as mãos seguradas com ansiedade à frente do peito significavam algo.

A mulher, ao lado de Perez, se aproximou um passo mais perto dele e disse com grandes olhos verdes.

— Sou a Lydia! Senhor Herox, você se lembra de mim…?

Uau. Isso precisa de uma explicação detalhada, realmente.

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