Mesmo sabendo que ela iria morrer.
As palavras latejavam como se estivessem presas no meu coração.
— Quando Shan deixou a tribo, tentei impedi-la. É o suficiente para evitar um futuro ruim. Mas ela disse com um sorriso brilhante. ‘Meu marido e minha filha, que ainda não conheci, eram tão amáveis que eu não conseguiria não ir.
Minha mãe conheceu meu pai, embora soubesse o que aconteceria se me desse à luz.
— ‘Decidi amar o meu destino’. Essa é a última palavra que aquela criança deixou.
Pareceu ser uma lembrança muito dolorosa para minha avó.
— Ainda me lembro vividamente do dia em que Shan foi embora. Uma mãe não pode esquecer o dia em que sua filha vai embora.
— Só uma vez, quando ela pegou um barco e mandou uma carta para a aldeia. Você sabe o que Shan disse então?
Eu balancei minha cabeça ligeiramente. Vovó falou em voz baixa.
— ‘Meu marido e minha filha terão uma vida brilhante.’.
— Ha.
Ela fez um som como um balão vazio.
— É por isso que vim te ver hoje, o dia mais feliz para você. Filha de Shan.
Minha cabeça parecia estar enrolada, mas, ao mesmo tempo, achei que tinha certeza.
Minha mãe era uma pessoa muito poderosa.
E talvez tenha sido um destino predestinado que eu voltei também.
— Shan amava o destino dela, Florentia. Sacrificando sua própria vida para trazê-la a este mundo. Portanto, não desperdice essa vida.
Desperdício?
Minha vida estava longe de ser considerada desperdício, nem na minha vida anterior nem nesta vida.
Sempre joguei meu tudo e vivi.
— Não, você está vivendo uma vida fácil agora.
— Não, é o que você diz sem me conhecer. Eu não sou uma pessoa que é em vão.
Eu disse é como se estivesse refutando sem perceber.
Além de depreciar meu amor por Lombardi, essas palavras são intoleráveis.
— Não viva uma vida de complacência.
— Não estou vivendo complacentemente.
— É por isso que você está falando sobre sua próxima vida?
— O que?
— Você não está se gabando de estar satisfeita com isso de se tornar a Matriarca de Lombardi nesta vida? E então o resto será feito na próxima vida.
— Isso é…
— Você pode negar isso?
Eu não posso discutir.
É verdade que às vezes pensei nisso implicitamente.
Nesta vida, houve momentos em que me convenci a pensar em ser o chefe de família de Lombardi.
— É como se você tivesse uma chance para a próxima vida, certo?
Os olhos enevoados olharam para mim com severidade.
— Você é metade. Não há próxima vida para você fora do circuito, Florentia.
Uma vida que deixa arrependimentos como se pudesse regredir mais uma vez.
Uma vida onde você nem tenta conseguir tudo o que deseja.
É uma vida complacente.
— Então, mova-se, porque esta vida é sua última vida.
Última vida.
Assim que ouvi isso, havia apenas uma pessoa em minha mente.
— Bem… há um lugar que eu preciso ir por um tempo.
Meu coração estava com pressa.
Isso é o que eles devem ter querido dizer com bater os pés.
E o plano se desenrolou em minha cabeça tão rápido quanto eu estava com pressa.
Um plano para ter tudo o que quero nesta vida.
— … Sim, é melhor ir andando.
Desta vez, a avó sorriu como se tivesse lido meus pensamentos.
— Se você não se importa, por favor, fique na mansão Lombardi. Há muita coisa que eu quero saber, vovó.
— Hum.
Ela pensou por um momento e logo acenou com a cabeça.
— Por alguns dias, vou tentar convencer Onta.
O nome daquele homem ruivo de rosto áspero é Onta.
Naquela época, vi um rosto familiar atrás de Onta e Ana.
O rosto do meu pai que não sabia o que fazer enquanto olhava para mim e para minha avó.
— E parece que há mais uma pessoa lá fora que gostaria de falar com a vovó?
— … Esse é Gallahan.
Pode não ser fácil de ver, mas a avó disse isso olhando o lado do pai com precisão.
Meu pai, que recebeu a atenção, estremeceu por um momento e baixou a cabeça antes de cumprimentá-la.
— Eu estou indo então!
Eu dei um passo rápido.
Por fim, um cocheiro foi visto em frente ao prédio principal organizando a carruagem do Patriarca.
Abri imprudentemente a porta da carruagem, subi e gritei.
— Vamos para o Palácio Imperial!
Chegando ao palácio assim, só recuperei um pouco de razão quando desci da carruagem.
— O tempo é ambíguo agora.
No meio do dia, quando o sol ainda está alto.
Foi também um momento para Perez estar ocupado trabalhando.
— Eu não quero interferir no seu trabalho.
Ainda não compareceu ao banquete que durou três dias e três noites mostrava o quanto estava ocupado.
Foi só esta noite que recebi uma carta pela manhã afirmando que tinha conseguido arranjar tempo.
— Vamos voltar e esperar?
O plano impulsivo no caminho na carruagem ganhava peso de uma coisa ou de outra.
Havia também um amontoado de trabalho a ser feito para não deixar arrependimentos.
Uma forma de manter minha posição como Matriarca de Lombardi e não ter que desistir de Perez ao mesmo tempo.
Não é fácil.
Não, isso era impossível sob a lei atual.
No entanto.
— Se não funcionar, vou fazer funcionar.
Quem sou eu?
A primeira coisa que preciso fazer é falar com Perez.
Naquele momento, Perez havia acabado de sair do prédio principal do palácio onde eu estava.
— Oh? Perez?
Esqueci que cavaleiros e servos que montavam guarda ao meu redor e chamei seu nome sem perceber.
— … Flore?
Perez olhou para mim, completamente surpreso com os olhos redondos.
— Por que você está aqui…?
— Espere, eu preciso falar com você.
Eu agarrei a manga do Perez e disse.
— Originalmente, eu ia esperar até chegar à mansão à noite. Vamos acabar com isso enquanto estamos nisso.
Não gosto quando fico à espera com o nervosismo.
— Existe um lugar sem pessoas?
Perez pensou por um momento para responder à minha pergunta.
— Eu conheço o lugar certo.
— Bem, tudo bem. Não haveria ninguém aqui.
Eu não acho que eu posso escapar da floresta hoje.
O lugar onde Perez trouxe-me estava na floresta perto do palácio isolado onde Perez morava.
— Este é o lugar onde nos conhecemos, certo?
Eu disse, apontando para um arbusto redondo um pouco mais longe.
— Você estava comendo grama ali Perez.
— Sim, ninguém vai nos perturbar aqui.
Perez disse, acenando com a cabeça satisfatoriamente.
Ele é um verdadeiro estranho.
Sorri em vão sem percebendo isso.
Perez olhou atentamente para o meu rosto sorridente e disse.
— Na verdade, há algo que eu quero mostrar, Flore.
— O que você quer me mostrar?
Então Perez estendeu a mão para mim e disse.
— Vamos andar um pouco?
— Esta mão é…
Você quer dar as mãos?
Quando olhei de perto para a mão de Perez na minha frente, pude ver que a ponta estava tremendo um pouco.
Você está nervoso.
Então eu agarrei sua mão.
— F-Flore?
Perez foi visto em pânico.
Você não achou que eu seguraria sua mão assim sem hesitar?
Eu não vou hesitar mais enquanto eu tiver me decidido.
— O que?
Segui em frente com o queixo erguido um pouco descaradamente.
Perez, cujas orelhas são um pouco vermelhas,
— Hum.
A mão que eu estava segurando era mais estranha do que eu pensava.
Meu coração está batendo forte e na floresta, apenas o som de nós dois pode ser ouvido.
Sentindo-me sufocado, balancei minha mão um pouco e a grande mão de Perez segurou minha mão com firmeza.
É porque o dia está frio?
As mãos de Perez estavam tão frias quanto as minhas, todas tensas.
O lugar para onde Perez me levou foram as ruínas onde ele morava.
Não, não havia mais ruínas.
Existe apenas uma pequena villa de construção luminosa.
— Foi reconstruído assim em algumas semanas?
Perez acenou com a cabeça para a minha pergunta.
— Porque não é mais um lugar que quero esquecer. Pelo contrário, quero que fique na minha memória por muito tempo.
— Como esperado.
Dinheiro e poder são os melhores.
Ele ainda não foi nomeado príncipe herdeiro, mas é praticamente um príncipe herdeiro.
— Você deve ter passado um tempo difícil.
Tive um momento de luto pensando nos trabalhadores que teriam que trabalhar neste inverno frio.
Mas também fiquei muito satisfeita.
— É uma boa ideia, Perez.
Eu dei um tapinha nas costas de Perez.
Este anexo era um símbolo dos dias mais sombrios e desastrosos da vida de Perez.
O fato de Perez ter reconstruído o palácio, que ainda estava abandonado depois de deixar este lugar, pode significar que suas feridas cicatrizaram um pouco.
Ocorreu-me vagamente.
— Você queria vir aqui para mostrar isso…!
Olhando de volta para Perez com um sorriso, não consegui terminar de falar.
— O que você está fazendo, Perez?
Perez, que largou minha mão, deu um passo para trás.
Então ele olhou para mim e lentamente caiu sobre um joelho.
— Não me diga que você…
Então, Perez puxou algo de seus braços.
Era um pedaço de papel dobrado.
Ele o entregou para mim.
— O que é isso?
Quando o abri com pressa, o papel estava carimbado com o selo do imperador.
E por baixo havia uma caligrafia pobre, mas letras claras.
[Eu, Yovanes, Imperador do Império Lambrew, altero o seguinte com o Decreto Imperial:
Primeiro, é mantido o direito de herdar a família e a herança da Imperatriz.
Em segundo, o sobrenome da Imperatriz é mantido.
Terceiro, a manutenção da propriedade e autoridade independentes originadas e derivadas da família da Imperatriz.
Esta é a minha manutenção, não abrindo espaço para questionamentos de oficiais imperiais e nobres.]
A manutenção do Imperador.
Era um imperativo absoluto que ninguém poderia contradizer, como o último desejo de sua vida antes de partir.
— Perez, voce… Como você conseguiu isso?
Minha voz estava tremendo.
Era uma voz terrível que parecia estrangulada.
Mas minha surpresa não terminou aí.
— Flore.
Perez chamou meu nome.
Foi quando eu reflexivamente encontrei seus olhos vermelhos.
Naquele momento, percebi o que Perez estava fazendo agora.
Seus olhos, ajoelhados em um joelho e olhando apenas para mim.
Instintivamente, percebendo o que estava acontecendo, meu coração começou a bater mais rápido.
Então, Perez puxou minha mão lentamente e perguntou em voz baixa.
— Florentia Lombardi, a Matriarca de Lombardi, quer se casar comigo?